Segundo a ministra, o suicídio oscila entre 3ª e 4ª maior causa da morte de jovens no Brasil
“A primeira coisa a se fazer é abraçar e escutar (...) não recrimine, não julgue
Automutilação de jovens preocupa autoridades federais e estaduais

Milhões de jovens e adolescentes brasileiros se mutilam

Alerta é da ministra Damares Alves, que pediu união da sociedade para a prevenção ao suicídio e à automutilação.

19/11/2019 - 15:39

Aproximadamente 20% dos adolescentes e jovens brasileiros se mutilam, o que resulta em 14 milhões de pessoas. Com a exposição do problema na sociedade, muitos passaram a se mutilar não mais nos braços, mas em áreas que não são facilmente visíveis. Além disso, o suicídio oscila entre 3ª e 4ª maior causa da morte de jovens no Brasil.

As estimativas foram apresentadas, nesta terça-feira (19/11/19), pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. Ela participou de audiência da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) sobre as políticas públicas de prevenção ao suicídio e automutilação.

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“É um fenômeno mundial e um problema de todos nós. Esse tema deve nos unir independentemente das diferenças ideológicas, políticas ou partidárias”, frisou Damares. A partir da própria experiência de abuso sexual na infância e de tentativa de suicídio, aos dez anos, a ministra afirmou que as crianças e jovens nessa situação estão em profundo sofrimento, buscam aliviar a “dor da alma” e precisam ser acolhidas.

Pais – “A primeira coisa a se fazer é abraçar e escutar. Se você é pai ou mãe, não bata, não recrimine, não julgue. Esse jovem não está sabendo lidar com os próprios conflitos”, pontuou a ministra. Por outro lado, ela cobrou dos pais autoridade para fiscalizar, por exemplo, as redes sociais e grupos de conversa usados pelos filhos. “Há receitas de como se matar e vídeos de mutilação nesses grupos”, alertou.

Para Damares, governos anteriores negligenciaram esse tema e também causaram confusão ao discutir ideologia de gênero “de forma equivocada”, o que teria agravado o problema. Por outro lado, segundo ela, o assunto está tendo a devida importância no atual governo, que já determinou, inclusive, uma abordagem transversal, com atuação de todos os ministérios.

A ministra falou sobre a campanha Acolha a Vida, lançada por sua pasta, que oferece treinamento de lideranças para lidar com o tema. Também distribuiu uma cartilha com perguntas e respostas sobre o suicídio e a automutilação. “É preciso estar atento aos sinais. Isso ocorre em todas as classes sociais, em todas as religiões. Temos caso de suicídio aos seis anos”, enfatizou.

Embora haja inúmeros fatores que podem desencadear essas medidas extremas, ela destacou o bullying, o que levou os deputados presentes a aprovarem requerimento para discutir o assunto em uma nova audiência pública.

Casos de automutilação deverão ser notificados

A sanção da Lei 13.819, de 2019, foi apontada por Damares como um avanço. A norma obriga a notificação, não mais apenas de suicídios, mas de tentativas de suicídio e também de casos de automutilação. Essa notificação será feita, segundo ela, por unidades de saúde e pelas escolas, onde os casos de mutilação são comuns, inclusive com compartilhamento de lâminas, conforme destacou a ministra.

“Os números que já nos assustam poderão nos assustar ainda mais. Mas não se pode construir políticas públicas em cima de ‘achismos’. Vamos saber também as cidades com maior incidência do problema”, defendeu a ministra.

Ajuda – Também a partir do próximo ano, segundo Damares, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos terá o Disque 100 para atender as pessoas em sofrimento e seus familiares. Por enquanto, segundo ela, é possível recorrer ao telefone 188, do Ministério da Saúde, e também à rede pública de atendimento de saúde mental.

A audiência com Damares Alves foi solicitada pelo deputado Bruno Engler (PSL), que destacou a importância de se discutir o tema com o respeito necessário. “Covardes usam a história da ministra para denegri-la”, criticou. Ele salientou discussão semelhante, feita no âmbito da Comissão de Segurança Pública da ALMG, sobre o suicídio de policiais. Outros parlamentares também estiveram presentes à audiência.