Entidades promovem ato contra o aborto em comissão
Movimentos que defendem a vida desde a concepção pedem, na ALMG, mais mobilização contra legalização do aborto.
04/10/2019 - 23:17 - Atualizado em 07/10/2019 - 11:24Foi uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), mas não houve nenhum debate. Todos os presentes à reunião, realizada na noite desta sexta-feira (4/10/19), estavam ali para manifestar publicamente a posição contrária a qualquer tentativa de legalização do aborto no Brasil.
A despeito de toda a polêmica que envolve o assunto, juntos, líderes de movimentos católicos e evangélicos, médicos, advogados, representantes do Grupo Somos Vida e do movimento Direita Minas conclamaram a sociedade a defender a vida desde a concepção.
O deputado Bruno Engler (PSL), autor do requerimento que deu origem à audiência, citou o artigo 5º da Constituição Federal, o Código Penal e o Código Civil brasileiros para dizer que considera uma "bizarrice" a legalização do aborto, para além dos casos já previstos na legislação brasileira, ou seja, quando não há outra forma de salvar a vida da mãe ou quando a gravidez decorre de um estupro.
Ele criticou duramente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que defende a descriminalização do aborto em qualquer situação, desde que seja feito até os três meses de gestação. "Vivemos num País onde você vai preso se matar um ovo de tartaruga, e esse ministro vem dizer que se pode matar uma criança?!", exclamou Bruno Engler.
Dúvida - "Onde começa a vida humana? Na união dos gametas, na implantação do óvulo ou quando começam os batimentos cardíacos? Onde está o centro da vida? No cérebro, no coração, na hipófise?", perguntou o médico Carlos Stéfano Hoffmann Brito, após dar uma breve aula de biologia sobre fecundação e desenvolvimento humano intrauterino, para explicar porque é contrário ao aborto em qualquer tempo.
"Na dúvida, não ultrapasse", disse o médico, repetindo a frase usada em placas de trânsito e citada várias vezes durante a audiência pública.
Ele realiza ultrassonografias gestacionais há mais de 20 anos e diz que até hoje se emociona junto com as mães, ao ouvir "um coraçãozinho batendo na quinta semana de gestação". Com idade gestacional de um mês e meio, todos os órgãos e membros do novo ser humano já estariam formados. Até os rins já começam a produzir urina, segundo ele, embora o embrião pese apenas alguns gramas.
"No fundo, todos sabem quando começa a vida, mas alguns querem ignorar isso para favorecer o aborto", disse outro médico, Francisco Rodrigo Miranda, católico e morador da cidade de Mariana (Central).
Aborto também afetaria saúde psíquica das mulheres
A estudante de Medicina Flávia Maria Capagnuci, que também desenvolve um trabalho voluntário de apoio a mulheres grávidas em vulnerabilidade social ou emocional, relatou sua experiência recente no México, país onde o aborto é liberado até a 12ª semana de gestação. "Nos reunimos com um grupo de defensores da vida para rezar em frente a uma das clínicas onde se formam filas de mulheres para abortar", disse ela.
Uma das estratégias dos cristãos mexicanos é colocar um caminhão com máquinas de ultrassonografia em frente a essas clínicas, oferecedo o exame gratuito, ali mesmo, para tentar fazer com que algumas dessas mulheres mudem de ideia. "O aborto não destrói apenas a vida dos bebês, mas afeta a vida das mulheres para sempre", afirmou a estudante.
O pastor e psicólogo Edésio de Oliveira, que preside a comunidade Evangélica Graça e Paz, contou que há muitos anos faz um trabalho de acompanhamento de mulheres que fizeram aborto. Segundo ele, todas sofrem com danos psíquicos e emocionais depois.
Feminismo - O coordenador estadual do Movimento Direita Minas, Nikolas Ferreira de Oliveira, chamou o feminismo de "movimento genocida". Na opinião dele, quem defende o aborto nunca fala sobre as consequências defastas do aborto para as mulheres, que seriam uma maior propensão ao suicídio, ao abuso de álcool e drogas, aos problemas relacionais e um enorme sentimentos de culpa posterior.
"Por que não usam todo esse dinheiro investido nos movimentos abortistas para ajudar as mulheres pobres a criarem seus filhos?", disparou o jovem de apenas 23 anos.
A professora e coordenadora do Grupo Somos Vida, Anaíde Lamendola, também criticou o movimento feminista que, na opinião dela, ajudou a estabelecer a cultura anti-natalista e de morte que a sociedade vive hoje e desestruturou as famílias. "Toda a vida tem que ser preservada, inclusive a das mulheres. Muitas deixam de nascer porque são abortadas".
"Que sociedade é essa que estimula a mulher a criar cachorros ao invés de ter um filho?", questionou.
Gênero - Para a maioria dos participantes da audiência, como é o caso do promotor de Justiça da Infância e Juventude, Celso Penna Fernandes Júnior, a defesa da legalização do aborto está relacionada, ainda, à chamada "ideologia de gênero".
Segundo ele, esse modelo de pensamento relativiza todos os padrões morais e religiosos, questiona os papeis sociais do homem e da mulher e pretende acabar com o modelo de família heteronormativa. E isso, na sua opinião, prejudica a todos, principalmente as crianças, ainda no ventre materno.
O presidente do Instituto católico São Pedro de Alcântara, Nicholas Phillip Taves Costa, sugeriu que as pessoas procurem saber qual é a posição dos demais parlamentares estaduais mineiros sobre esse assunto.