Lançamento da Frente Parlamentar lotou o Auditório da Assembleia nesta quinta-feira (5)
Não só as empresas pedem socorro, mas também os trabalhadores, disse o presidente da Feticom
Deputados lançam frente parlamentarem defesa da engenharia

Deputados lançam Frente em Defesa da Engenharia

Objetivo é desburocratizar políticas do setor e atuar no desenvolvimento econômico ligado à melhoria de infraestrutura.

05/09/2019 - 15:17

Representantes do Poder Público e da iniciativa privada compareceram, na manhã desta quinta-feira (5/9/19), ao lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Engenharia, da Infraestrutura, do Desenvolvimento e dos Profissionais do Setor. Durante o encontro, realizado pela Comissão de Trabalho, Previdência e Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), os participantes destacaram a importância da área para o desenvolvimento econômico do Estado.

“São sempre lembrados os pilares da saúde, da educação e da segurança nas políticas públicas e hoje presenciamos a valorização do quarto pilar: não se pode alcançar a completude das políticas públicas sem pensarmos em infraestrutura”, disse o secretário estadual de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais, Marco Aurélio de Barcelos Silva.

Ele afirmou o compromisso da atual gestão com o setor e disse que, até o fim de 2019, serão apresentados, por exemplo, o plano de mobilidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte e viabilizados, junto ao governo federal, investimentos para o metrô da Capital

Também o vice-governador Paulo Brant esteve presente e ressaltou esse compromisso com o desenvolvimento da infraestrutura. Para ele, é assim, e não com políticas de mitigação da pobreza, que se deve reduzir os problemas de desigualdades de renda e oportunidades.

“A sociedade brasileira é das mais injustas do mundo em termos de desigualdades de renda e oportunidades, mas, além disso, somos um País pobre, então precisamos de desenvolvimento econômico”, afirmou. Ele defendeu a presença do Estado na articulação de políticas do setor e elogiou o protagonismo da ALMG nesse caminho com a criação da Frente Parlamentar.

Também o presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Joel krüger, elogiou o protagonismo legislativo. Ele ressaltou que é na ALMG que se dão debates fundamentais, como os ligados à organização orçamentária, e, por isso, é fundamental o envolvimento dos parlamentares. O vice-prefeito de Belo Horizonte, Paulo Lamac, disse que o reconhecimento do problema, que se concretiza com a formação da Frente, é o primeiro passo para superá-lo.

O problema em questão está ligado à estagnação econômica, ao desemprego e à paralisação de centenas de obras públicas em Minas Gerais – questões apontadas pela carta de lançamento da Frente Parlamentar, lida durante a reunião pela diretora técnica de fiscalização do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA/MG), Maria das Graças Lage Oliveira. Retomar as obras, investir na formação dos profissionais, desburocratizar as políticas que atingem o setor são alguns dos objetivos da Frente.

Convidados ressaltam importância de valorização da ciência e dos trabalhadores

Representantes de trabalhadores e de pesquisadores também estiveram presentes na reunião. O presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de Minas Gerais (Feticom), Wilson Sales da Silva, lembrou que não só as empresas pedem socorro, mas também os trabalhadores.

Ele citou o alto índice de desemprego e de subemprego e afirmou que as instâncias representativas dos trabalhadores (sindicatos e federações) também estão sofrendo com mudanças legislativas. Segundo ele, a Feticom tem hoje apenas R$ 15 mil em caixa, o que inviabiliza apoio aos trabalhadores nas mais de 400 cidades onde a Federação atua. Ações de fiscalização e de participação em acordos coletivos têm sido, então, impossibilitados, o que impacta na qualidade de vida dos empregados do setor.

Por sua vez, o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Minas Gerais, Everson de Alcântara Tardeli, disse que a valorização dos profissionais deve ser a principal preocupação da Frente Parlamentar e que os incentivos devem ser a uma engenharia com perspectiva socioambiental.

Ele pediu, ainda, apoio para lutar contra a privatização das empresas públicas mineiras que são, para ele, vetores de desenvolvimento estadual.

Já a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Carmela Polito Braga, representou a comunidade acadêmica na ocasião. Ela lembrou que a ciência, a pesquisa e a educação são essenciais para o desenvolvimento de qualquer política, inclusive as que impactam em desenvolvimento econômico e de infraestrutura. Assim, ela pediu apoio à universidade, que tem sofrido com grandes cortes financeiros e está com dificuldades para manter suas atividades.

Deputados divergem sobre Lava Jato e falam sobre "criminalização da engenharia"

Vários deputados participaram da reunião. Um dos autores do requerimento que levou à criação da Frente, deputado Celinho Sintrocel (PCdoB), disse que é preciso ter cuidado com o que ele chamou de “criminalização da engenharia”. “Os erros cometidos nas relações com o Poder Público não podem servir para enterrar a história, experiência e conhecimentos acumulados. Os equívocos têm que servir de espaço para reflexão e para mudanças de postura”, disse.

Na mesma linha, o deputado Professor Cleiton (PSB) falou sobre a Operação Lava Jato. Segundo ele, a operação prestou “grandes serviços ao País” ao revelar relações promiscuas entre a iniciativa privada e o Poder Público que aconteciam, segundo ele, desde a proclamação da República.

“Por outro lado, a Lava Jato prestou um desserviço ao levar à destruição das nossas empreiteiras e, assim, deixar milhares de desempregados”, disse, afirmando que os dirigentes envolvidos com esquemas ilegais deveriam ser punidos, mas não as empresas.

Quem discordou foi o deputado Cleitinho Azevedo (Cidadania). Ele repudiou as críticas contra a Lava Jato. “A culpa não é da operação, mas sim dos corruptos”, disse. Ele também criticou leis ambientais, que, para ele, dificultam o empreendedorismo no País. O parlamentar afirmou que o mais importante, no momento, é valorizar os empresários, que geram empregos.

O deputado Bosco (Avante), por sua vez, elogiou o governo de Romeu Zema (Novo), que ele considera estar comprometido com o desenvolvimento econômico.

A deputada Ana Paula Siqueira (Rede), também autora do requerimento para a reunião, não esteve presente em função de licença maternidade, mas enviou um vídeo registrando a importância da união dos deputados pela retomada do crescimento.

Consulte o resultado da reunião.