A comitiva percorreu vários pontos da fazenda, que fica a 7 km do centro de Brumadinho
Maior problema encontrado na fazenda seria o tamanho dos canis, com pouco espaço para os animais circularem
Animais sem tutores aguardam para serem adotados, eles são entregues castrados

Comissão visita fazenda que abriga animais de Brumadinho

Deputado aprova funcionamento do abrigo e cuidado com os animais, mas recomenda adequações na estrutura física.

28/08/2019 - 18:15

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) visitou, nesta quarta-feira (28/8/19), a fazenda onde estão abrigados hoje 516 animais atingidos pela tragédia do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro deste ano.

Depois de ouvir explicações dos funcionários e verificar de perto as instalações, de modo geral, o presidente da comissão, deputado Noraldino Júnior (PSC), avaliou como adequados os cuidados com os animais, inclusive elogiou a equipe de veterinários que atuam no local.

O deputado, no entanto, vai solicitar à empresa Vale, que é responsável pela fazenda, que faça algumas adequações na estrutura física dos abrigos, principalmente para os cães. Segundo ele, é preciso que haja mais áreas de soltura desses animais, e mais áreas com incidência de sol.

Já no caso dos bovinos, por exemplo, os currais são grandes, mas faltariam áreas com sombra, para servir de abrigo nas horas de sol forte, na opinião do parlamentar. O recinto dos suínos e das galinhas também foi considerado pequeno e muito aquecido.

Defesa da fauna - A visita foi acompanhada por diversos parlamentares da União Nacional dos Legislativos Estaduais (Unale), que agora tem uma comissão permanente de proteção da fauna, também presidida por Noraldino Júnior. Esses parlamentares já haviam participado de audiência da Comissão de Meio Ambiente, na terça-feira (27), na ALMG.

O deputado José de Arimatéia (Republicanos/BA), presidente da comissão de meio ambiente da Assembleia da Bahia, ficou satisfeito com a Fazenda Abrigo e elogiou o trabalho de todas as pessoas e entidades que defendem o direito dos animais em Minas. “Se não fosse o deputado Noraldino, as ONGs, os biólogos e veterinários envolvidos, essa estrutura toda não existiria”, avaliou.

A deputada de Sergipe, Kitty Lima (Cidadania/SE), vice-presidente da comissão da Unale, quis saber como funciona ali a castração dos animais e o "desestresse" dos cães, por exemplo. Ela gostou do que viu durante a visita, mas também avaliou que a área de soltura dos cães deve ser maior.

Empresa faz feira de adoção para diminuir número de animais abrigados

Além dos canis, gatis, currais e outros recintos para os animais, a Fazenda Abrigo de Fauna, como foi batizada, foi equipada com clínicas veterinárias, farmácia e laboratório de análises clínicas. A equipe técnica é composta por 72 profissionais, sendo 14 veterinários. Agora, também funciona ali uma espécie de feira permanente de adoção.

A realização das feiras faz parte de um Termo de Compromisso Preliminar (TCP), firmado entre a Vale e o Ministério Público. Para adotar um dos animais disponíveis, basta apresentar documento com foto e um comprovante de endereço. Os animais saem de lá castrados, e cada tutor recebe uma cartilha com orientações. Até o momento, 50 já foram adotados e 20 encaminhados para lares provisórios.

A Fazenda Abrigo de Fauna é administrada pela empresa CLAM Engenharia de Meio Ambiente. De acordo com o veterinário responsável, Sandro Coelho, o local já recebeu mais de 700 animais, desde o rompimento da barragem; todos perderam seus lares ou seus donos, em virtude da tragédia. Em alguns casos, os antigos criadores estão alojados em hoteis ou outros locais, para onde não poderiam levar seus cavalos, cachorros ou galinhas. Alguns já foram buscar os animais; outros, têm interesse em vendê-los.

Há, ainda, casos de animais que foram resgatados da lama mesmo, em situações de sofrimento, como o boi que ficou conhecido como “boi resistência”, que hoje está bem e deverá permanecer na fazenda indefinidamente, em virtude de um trabalho também da Comissão de Meio Ambiente junto com o Ministério Público, conforme informou o deputado.

Para Noraldino, que participou diretamente do resgate, o boi virou símbolo do respeito aos animais. “A prioridade naquele momento era o resgate das pessoas, claro, mas não podíamos deixar os animais ali, agonizando”, lembrou o deputado.

Segundo o parlamentar, a comissão vai continuar fazendo inspeções semestrais nas fazendas da Vale que abrigam animais vítimas da mineração. “Estamos atentos ao funcionamento também das fazendas que ficam em Mariana, Itabirito, Nova Lima e Barão de Cocais”, afirmou.

Consulte o resultado da reunião.