Deputados percorreram o local e conversaram com moradores
Alguns dos apartamentos funcionais estão totalmente deteriorados

Comissão tenta evitar despejo de policiais

Deputados da Comissão de Segurança Pública visitam residencial onde vivem militares que sofreram ameaças.

20/08/2019 - 17:05

A Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) está empenhada numa série de ações para evitar que militares e suas famílias, moradores de imóveis funcionais do Estado, sejam despejados.

O presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PTB), e o deputado João Leite (PSDB) visitaram, na manhã desta terça-feira (20/8/19), um conjunto de prédios que fica na região Oeste de Belo Horizonte e que abriga alguns destes policiais.

A visita foi desdobramento de uma audiência pública realizada na Assembleia, no último dia 13 de agosto, onde a situação foi discutida. Os militares foram abrigados nos apartamentos a partir de 2004, com a criação do programa Lares Gerais, cujo objetivo era proteger aqueles que foram vítimas de ameaças em função de suas atividades como servidores da segurança pública.

O problema é que o decreto que criou o programa estabelece o prazo máximo de três anos para que cada família permaneça no imóvel. Há militares, no entanto, que alegam não ter para onde ir, e já estão ali há quase 15 anos, e agora estão sendo ameaçados de despejo pelo próprio Estado.

O deputado Sargento Rodrigues disse que a comissão já fez um apelo à Advocacia-Geral do Estado para que cessem as ações de retirada das famílias, até que o Estado encontre uma outra solução para eles. "O Estado é o criador dessa situação, o policial civil ou militar não tem condições de comprar uma casa da noite para o dia", afirmou o parlamentar. 

Alterar o decreto e prorrogar o prazo de permanência deles no local não resolveria o problema, na opinião dos próprios moradores. A alternativa defendida pelo deputado é que os imóveis sejam financiados e vendidos para os militares, conforme já permite a Lei 22.606, de 2017.

Mas, para que isso seja possível, a propriedade dos apartamentos tem que ser transferida para a Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais (Cohab)

De acordo com o síndico do condomínio, Vinícius de Souza Quadros, a solução de passar os apartamentos para a Cohab, para que os militares pudessem comprá-los, via financiamento, já foi discutida no ano passado, mas não chegou a ser efetivada. Sargento Rodrigues anunciou que está apresentando emendas ao Projeto de Lei (PL) 873/19, do governador Zema, para que a transferência para a Cohab seja feita o mais rápido possível. O referido projeto altera a Lei 17.688, de 2008, que autoriza o Executivo a doar à União o imóvel que especifica.

"Nós precisamos permanecer aqui. Corremos riscos ainda e não temos condições de pagar aluguel", disse a esposa de um policial militar que vive no local. Apesar do medo de ser despejada, ela afirma que ali se sente segura.

Degradação dos imóveis é outra preocupação dos moradores

No local existem 208 apartamentos, dos quais 93 pertencem ao Estado, sendo que a maioria deles atualmente está vazia. A Secretaria de Estado de Segurança Pública, que deveria pagar os condomínios desses apartamentos, não repassa o dinheiro há vários meses.

Por isso, o síndico afirma que não há como fazer as obras básicas de manutenção dos prédios. Em um dos blocos, os moradores que são proprietários estão bancando uma obra emergencial, pois o edifício correria risco de desabar.

"Quase metade da nossa receita vem dos apartamentos do governo. Sem receber os condomínios, falta dinheiro para pagar os funcionários e até a conta de água", lamentou o síndico Vinícius Quadros. Outro problema apontado pelos moradores que não são militares é a desvalorização dos imóveis, por causa da situação dos apartamentos que são do Estado.

Durante a visita, os deputados viram blocos inteiros vazios, totalmente deteriorados, com encanamentos quebrados, esgoto vazando, mofo, acúmulo de sujeira e de insetos.

Sem nenhum opção de lazer no local, os moradores também mostraram aos deputados uma área verde contígua, pertencente à prefeitura, mas que seria adotada pelo condomínio. Ali poderia ser instalado um parquinho infantil ou uma academia popular, caso houvesse recursos em caixa, segundo o sindíco. "Sem o dinheiro dos condomínios, não foi possível fazer nem a capina do mato", afirmou Vinicíus Quadros. 

O deputado João Leite afirmou que vai procurar o administrador da Regional Oeste de Belo Horizonte, Sylvio Malta, e pedir que a prefeitura viabilize a instalação de algum equipamento público no local, para os moradores do condomínio e da região vizinha.