Deputada percorreu sítio que abriga comunidade terapêutica
São realizadas no Centro Pop oficinas, como a de criação de enfeites que estava sendo feita nesta terça (25)

Atuação em rede é defendida contra abuso de drogas

Em visita a unidades de Contagem, comissão conhece serviços distintos de prevenção e tratamento.

25/06/2019 - 21:22

abuso de álcool e outras drogas foi a causa principal de 27% dos atendimentos prestados em saúde mental em 2017 no município de Contagem (Região Metropolitana de Belo Horizonte), que recebeu, nesta terça-feira (25/6/19), a Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e Outras Drogas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

A atividade fez parte da programação da Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas, comemorada neste ano entre 24 e 28 de junho, e foi solicitada pela presidenta da comissão, deputada Delegada Sheila (PSL).

No município, a comissão esteve em três unidades que integram a rede de prevenção e tratamento de Contagem e recebeu informações sobre o Plano Intersetorial Municipal de Políticas Sobre Álcool e Outras Drogas - Viva melhor, viva sem drogas, lançado este mês.

Conforme destacado pela presidente do Conselho de Política Sobre Álcool e Outras Drogas de Contagem (Comadc), Soraya Romina, o plano foi considerado pioneiro pelo Ministério das Cidades e será submetido a uma consulta pública no site da prefeitura.

De julho a setembro, a população poderá registrar sugestões. O objetivo é que, a partir daí, o plano seja encaminhado à Câmara Municipal, por meio de um projeto de lei.

Rede - “Fiquei encantada com a política que vem sendo feita no município, que dedicou toda semana a atividades de prevenção, enquanto outras cidades até maiores não têm essa iniciativa”, avaliou a deputada.

Ela percorreu as dependências do Centro de Referência em Assistência Social de População em Situação de Rua (Centro Pop), do Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (Caps AD) e da comunidade terapêutica Ele Clama. São três unidades com características distintas, que se complementam, conforme avaliou a deputada.

“O poder público precisa fomentar o trabalho em rede, onde um serviço não exclui o outro, e sim complementa o trabalho de atendimento e prevenção”, registrou a parlamentar, que recebeu do Comadc selo que identifica a comissão como parceira do município no trabalho de prevenção às drogas.

Dependência prejudica fase produtiva 

No Caps AD, a diretora Reila Rezende ressaltou à comissão a importância do acolhimento e da reinserção social de dependentes acolhidos, ao frisar que cerca de 60% dos usuários atendidos estão na faixa de 30 a 49 anos de idade.

“São homens e mulheres no auge da fase produtiva, o que torna ainda mais fundamental atuarmos na reinserção social, seja pela educação, pela cultura, pelo esporte ou pelo trabalho”, disse.

Reila anunciou que o centro, inaugurado em 2011, deve se mudar em breve para uma sede própria e melhor, a ser instalada conforme requisitos definidos pelo Ministério da Saúde.

Hoje funcionando em imóvel de dois andares no bairro Santa Cruz/Industrial, o local recebe para permanência diurna entre 27 e 30 usuários/dia, além de realizar em média 40 atendimentos ambulatoriais por dia.

A permanência noturna ocorre somente em casos de exceção, para os quais há dez vagas. As camas, dispostas em um mesmo espaço, são usadas tanto por homens como mulheres, situação que, segundo a diretora, não mais ocorrerá na nova sede.

Aos acolhidos são oferecidas atividades como oficinas e ações coletivas, como jogos de futebol em campos próximos e idas ao cinema.

Abordagem nas ruas - A poucos metros do Caps AD, está o Centro Pop, que ocupa um imóvel de três pavimentos, há três meses.

Na sede nova, ideal para as necessidades do trabalho, conforme destacou a coordenadora, Vanessa Rezende, há refeitório, telecentro, espaço para realização de assembleias e ainda oficinas, como a de criação de enfeites que estava sendo realizada nesta terça (25), para a festa junina do centro.

Serviço especializado para jovens, adultos, idosos e famílias em situação de rua, o centro tem equipes de abordagem diurna e noturna nas ruas, trabalho que pode ou não resultar em encaminhamentos para serviços de tratamento.

Há ainda espaço para higiene pessoal e para lavar roupas, além de refeitório, onde são oferecidos café da manhã e lanche da tarde. O almoço é servido no restaurante popular próximo.

Recentemente, o Centro Pop ainda cedeu espaço para reuniões semanais dos Alcoólicos Anônimos (AA), realizadas toda terça-feira pela manhã, uma vez que grupos de AA existentes na região funcionam somente à noite.

Deputada apoia dependentes em tratamento

Na comunidade terapêutica Ele Chama, os acolhidos fixam moradia durante o tratamento. “O mais difícil vocês já fizeram, que é tomar a decisão de estar aqui, por isso já são vencedores”, ressaltou a deputada Delegada Sheila, em fala aos dependentes.

Instalada em um sítio de 23 mil metros quadrados, a comunidade abriga padaria, horta, academia em fase de montagem e ainda um galpão, com uma biblioteca e um espaço para aulas e palestras.

A comunidade tem 75% de suas 60 vagas ocupadas gratuitamente, por meio de convênios com os governos federal e estadual, conforme ressaltado pelo diretor, Daniel Abranches.

O atendimento é exclusivo para dependentes do sexo masculino, que se dividem em dois alojamentos. Semanalmente, os acolhidos ainda frequentam grupos e cursos de prevenção à recaída.

Há também visitas de um psiquiatra, quinzenais, e de familiares, mensais. O plano de tratamento terapêutico tem a duração de seis meses, podendo ser estendido para nove meses. O estágio em que se encontra cada paciente é visualizado em um mapa, físico e agora também na internet, para acompanhamento e monitoramento de resultados.

Prevenção também na escola - Pela manhã, a comissão ainda participou da semana de prevenção no Colégio Marconi, em Belo Horizonte, distribuindo aos estudantes cartilha informativa sobre consequências das drogas e sobre como buscar soluções para o problema.

Além de exibições de skatistas, show com DJ e apresentação do canil da Polícia Civil também ocuparam o pátio do Marconi, escola da rede municipal onde estudam mais de mil alunos.

“Aqui mostramos a importância do skate para trazer uma vida saudável. Esportes ajudam a manter as pessoas afastadas de influências negativas”, foi o recado dado pelo presidente da União Skatista Mineira, Paulo Henrique Correa.

“Acho importante a prevenção, porque tudo começa na infância. Aqui, a maioria vem de comunidades, onde a gente presencia tiros e violência, e a escola acaba sendo um espaço para conscientizar desde cedo”, apoiou a estudante Maria Eduarda Gomes, de 14 anos, aluna do 9º ano.