Paulo Bustamante, à esquerda, destacou que um dos entraves é a falta de mão de obra para hidrovias
A hidrovia em Furnas dependeria apenas de sinalização e balizamento - Arquivo ALMG

Lagos de Furnas e Três Marias podem ter hidrovias

Empreendedor pede apoio da ALMG para projeto local que alia formação de mão de obra e desenvolvimento social.

25/06/2019 - 18:46

Minas Gerais poderá entrar no circuito das hidrovias brasileiras, sobretudo por meio dos Lagos de Furnas (Sul/Centro-Oeste) e de Três Marias (Região Central). É o que prevê o programa Diálogos Hidroviáveis, que busca integrar as iniciativas em prol do desenvolvimento sustentável desse modal.

O programa vem sendo conduzido pela empresa Executiva Promoções, por encomenda do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), e contempla a navegação associada à geração de energia, ao turismo, à promoção social e ao desenvolvimento regional.

A relação dos esportes náuticos com a promoção social foi o enfoque dado pelo diretor-geral da empresa, Paulo Bustamante, em reunião nesta terça-feira (25/6/19) da Comissão de Esporte, Lazer e Juventude da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Projeto – Ele pediu apoio da comissão, sobretudo, para a retomada do Projeto Versol - Vela, Remo, Responsabilidade Socioambiental e Lazer, implantado em 2010, em Três Marias, e interrompido pouco tempo depois. A iniciativa, liderada pela Cemig e pela prefeitura local, tinha o apoio do velejador Lars Grael.

“O grande gargalo da hidrovia no Brasil é a falta de mão de obra. Esse projeto, além da promoção social de crianças e adolescentes, cria consciência ambiental e oportunidades de empreendedorismo ligado ao turismo ou aos esportes náuticos. A canoagem e a vela não precisam ocorrer apenas no litoral”, pontuou Bustamante.

Segundo ele, o Ministério do Turismo já detectou que o jovem mineiro não tem afeição aos esportes náuticos, mas que isso pode mudar. “O Versol foi descontinuado por falta de ajustes institucionais, mas a Assembleia tem essa função aglutinadora e poderia garantir também a longevidade do projeto”, aponta.

O presidente da comissão, deputado Zé Guilherme (PRP), prometeu participar do evento em Três Marias e apoiar a iniciativa de retomada do Versol. “Temos que retomar o esporte em Minas, que está combalido, e o esporte náutico ainda mais”, frisou. Sobre as hidrovias, ele completou que podem agregar valor aos lagos, com mais hotéis e restaurantes.

Assunto será tema de série de debates em Minas

Entre os dias 21 e 27 de julho, as hidrovias e todas as potencialidades desse modal serão debatidas em uma série de eventos no Estado. Há previsão de reuniões em Boa Esperança e Alfenas, no Sul de Minas, e Três Marias, além de Pirapora (Norte de Minas), onde começa o trecho navegável do Rio São Francisco. Em cada encontro, as peculiaridades e potencialidades locais serão destacadas.

Outras regiões do País também receberão etapas dessa discussão. O objetivo, segundo Paulo Bustamante, é apresentar o atual estágio de implantação da infraestrutura hidroviária, seu planejamento, entraves e impactos, com vistas à adoção de medidas de curto e médio prazo para o fomento do modal. Isso se tornou ainda mais relevante, segundo ele, após a greve dos caminhoneiros, em 2018.

No caso de Três Maria e Furnas, segundo Bustamante, as hidrovias demandam, basicamente, sinalização e balizamento. Isso permitiria, por exemplo, a navegação noturna, além da delimitação de espaços para prática de modalidades esportivas, sem contato com a navegação. “É como você ter um asfalto sinalizado, em contraposição a uma estrada de chão”, comparou.

Segundo ele, estudos preliminares feitos em 2013 apontaram o custo de R$ 10 milhões para implantação das hidrovias em Furnas e Três Marias, contra R$ 1,6 bilhão no trecho navegável do São Francisco, entre Pirapora e a divisa de Bahia e Pernambuco. “O que encarece é a explosão de rochas e a dragagem, o que não precisa ser feito nos lagos”, explicou o empresário.

A relação com o turismo também foi destacada, uma vez que 30% do PIB da navegação vem do setor. De acordo com o empresário, há uma grande disposição dos municípios para a implantação do projeto, justamente porque o turismo é uma oportunidade em tempos de crise. “Daí a importância da formação de mão de obra, de uma cadeia produtiva ligada à navegação”, reiterou.

Paulo Bustamante relatou, ainda, que vários ministérios e órgãos públicos que têm interface com o tema estão envolvidos na iniciativa. “Temos 12% das águas do planeta e não usamos nossos rios. Mas isso depende de todos os partidos e de todos os estados. A água nos ensina que somente compartilhando teremos resultado”, salientou.

Consulte o resultado da reunião.