Entre as escolas visitadas, duas serão contempladas com recursos do Governo do Estado, liberados na última quinta (30), para obras emergenciais
Segundo Maria Cristina, remanejamento de alunos compromete qualidade pedagógica
Escola Estadual Visconde do Rio das Velhas tem duas salas de aula interditadas

Escolas de Matozinhos esperam reformas

Instituições carecem de melhorias e aguardam verba para as obras. Uma foi interditada por Bombeiros e Defesa Civil.

04/06/2019 - 17:10

Nos canteiros, ainda vicejam azaleias, buganvílias e marias-sem-vergonha. Ao centro, uma pequena goiabeira exibe orgulhosamente suculentos frutos maduros. E no caramanchão, plantinhas miúdas resistem em garrafas pet improvisadas como vasos. Como se não bastasse, a instituição apresenta ótima colocação no Ideb, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.

Esses atributos, porém, não foram suficientes para manter em funcionamento, no prédio original, a Escola Estadual Hermelita Soares Horta, no bairro Bom Jesus, em Matozinhos (Região Central do Estado).

Com estrutura e parte elétrica deterioradas, a escola está fechada e seus 580 alunos tiveram de ser abrigados, provisoriamente, em outro prédio. A instituição foi uma das quatro escolas de Matozinhos a receber, nesta terça-feira (4/6/19), a visita da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), representada pelo deputado Professor Wendel Mesquita (SD).

O objetivo foi conhecer as instalações, as condições de funcionamento e as intervenções necessárias para melhorar o atendimento nas unidades. Também foram visitadas as Escolas Estaduais Visconde do Rio das Velhas, no Centro; Professora Vitiza Octaviano Viana, no bairro Cruzeiro; e Felícia Fernandes Campos, no Distrito de Mocambeiro.

A visita foi acompanhada pelo superintendente regional de Ensino, Cláudio Renato Souza Abreu, e por vereadores do município, entre outras autoridades. “Como parlamentar e professor, tenho muita preocupação com a situação da educação e consciência do papel fiscalizador do Legislativo. Por isso, vamos cobrar do governo a recuperação dessas escolas”, afirmou o deputado Professor Wendel Mesquita.

Entre as escolas visitadas, duas, a Visconde do Rio das Velhas e a Professora Vitiza Octaviano Viana, serão contempladas com recursos do Governo do Estado, liberados na última quinta-feira (30/5/19), para obras emergenciais. A primeira, interditada pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil, também teve recursos liberados, mas como parte de outro programa educacional. A última ainda aguarda liberação de verba.

Alunos são remanejados para outra instituição

Com dificuldades estruturais desde 2013, a Escola Estadual Hermelita Soares Horta já chegou a abrigar 800 alunos do ensino fundamental II (6° ao 9° ano), do ensino médio e da EJA (Educação de Jovens e Adultos). Hoje, reduzidos a 580, os alunos foram remanejados para a Escola Municipal Dona Elza Alves de Oliveira, em outro bairro, sendo alojados, de forma improvisada, na biblioteca.

“A situação é ruim para todos. Para nós, porque ficamos mal acomodados e o pedagógico perde em qualidade. Para eles (alunos e professores da outra escola) porque perdem seu espaço”, afirma a vice-diretora da Hermelita Soares, Maria Cristina Coca Bárbaro, que tem esperança de que a comunidade volte a ocupar o prédio original ainda este ano.

Tudo vai depender, porém, da agilidade no repasse dos recursos já oficialmente liberados, de cerca de R$ 100 mil. Na verdade, segundo a vice-diretora, o ideal seria não a realização de obras emergenciais, mas a reconstrução e ampliação da escola, já que o prédio atual, datado de 1986, foi construído com o material conhecido como dry wall, formado por placas de gesso acartonado (com papelão), cuja vida útil é de cerca de dez anos apenas.

A escola ocupa um terreno doado ao Estado pelo município e que se localiza ao lado de outro, também doado, o que possibilitaria, em caso de uma nova construção, ampliar as instalações e o número de salas. Contudo, diz ela, na falta de recursos para um empreendimento maior, a reforma já será de grande ajuda.

Visconde do Rio das Velhas já teve reforma adiada sete vezes

Fundada em 1930, a Escola Estadual Visconde do Rio das Velhas também carece de reformas.

A instituição está com duas salas de aula interditadas, o que obriga os alunos do 1º ano do ensino médio a se espremerem na pequena sala dos professores, que perderam, por isso, seu espaço privativo. Em outra sala, que abrigava originalmente o laboratório de ciências, foram alojados os alunos do 3º ano.

Segundo o diretor Rafael de Sousa Santos, o termo de compromisso para reforma da escola já foi prorrogado sete vezes. No primeiro semestre de 2016, foi feita a última licitação, já vencida, para troca do telhado, pintura e recuperação da parte elétrica. Uma das salas chegou a pegar fogo, em 2018, conta. “Nosso receio é que um possível desabamento das salas interditadas comprometa a parte da cantina, com risco para todos”, diz o diretor.

A instituição foi uma das contempladas pelo novo pacote do Governo do Estado e deve receber R$ 300 mil.

Na Escola Estadual Professora Vitiza Octaviano Viana, o problema maior está na cozinha, que precisa de ampliação e onde deverão ser feitas adaptações para atender às exigências da Vigilância Sanitária. A diretora, Diva Carvalho Siqueira, disse que, além da reforma da cozinha, seria necessário, também, construir novas salas de aula. A escola abriga 470 alunos, em três turnos, dos ensinos médio, fundamental e EJA, e tambem foi contemplada com cerca de R$ 300 mil.

Na última escola visitada, Felícia Fernandes Campos, a comunidade reivindica a recuperação da quadra esportiva, que não dispõe de cobertura, o que impede a realização de exercícios físicos quando chove ou sob sol forte.

A quadra também está sem iluminação e apresenta risco, já que cercas e equipamentos estão velhos e enferrujados, com pontas de vergalhões expostas. O diretor, Carlos Alexandre da Fonseca, sonha poder usar a quadra como espaço de integração entre escola e comunidade.

Fundada há 75 anos, funcionando originalmente no Centro, a escola, hoje, ocupa um prédio mais novo, no distrito de Mocambeiro, e aloja cerca de 480 alunos dos ensinos médio e fundamental. Atende ainda 26 detentos do presídio de Matozinhos, matriculados no EJA.