Moradores de Barão de Cocais pedem apoio da Assembleia
Risco de rompimento de barragem apavora ribeirinhos. Comissão de Direitos Humanos visita comunidade nesta terça (4).
03/06/2019 - 12:55A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) programou visita aos arredores da barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (região Central do Estado), e às margens do Rio São João, nesta terça-feira (4/6/19), às 14 horas. A visita tem o objetivo de apurar denúncias de violações de direitos humanos contra a comunidade local por parte da mineradora Vale, operadora da mina.
A iniciativa é da presidenta da comissão, deputada Leninha (PT), atendendo a demanda dos moradores ribeirinhos. Em carta enviada à comissão no dia 30 de abril deste ano, a comunidade solicita a presença de parlamentares no município e relata o pavor gerado entre os moradores com os frequentes episódios de acionamento de sirenes que alertam sobre riscos de rompimento da barragem, como ocorreu nos dias 8 de fevereiro e 22 de março.
“Desde então, estamos convivendo com o medo constante, noites sem dormir, à espera de uma situação catastrófica”, afirmam na carta. “O pavor está instalado na cidade, pessoas estão entrando em surto, se automutilando, chorando o tempo todo”, acrescentam os moradores, denunciando ainda que, em razão do ocorrido, também “o comércio local sofre uma profunda queda em suas vendas”.
Segundo os moradores, ao serem obrigados a sair de suas residências, as casas tornam-se alvo de saques e roubos, como ocorreu entre os dias 25 e 26 de abril. “Uma notícia triste, pois os moradores não podem voltar para buscar suas coisas, mas são surpreendidos com a notícia de que perderam seus pertences para pessoas fora da lei”, lamentam.
A imprensa tem noticiado diariamente o deslocamento do talude da cava da Mina de Gongo Soco, o que poderia gerar o rompimento da barragem. A população foi retirada do local passível de ser atingido e a Vale tem executado obras emergenciais para conter o avanço da lama, no caso de rompimento. Mas a proposta de construção de um muro de contenção, apresentada pela mineradora, está gerando controvérsia na comunidade.
A deputada Leninha denuncia “a insegurança e desorganização imposta às comunidades durante treinamentos e simulações de evacuação decorrentes do aumento dos riscos de rompimento de barragens em Minas”.
Já confirmou participação na visita a assessora jurídica da Procuradoria da República de Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal, Raquel Portugal Nunes.