Resolução que prevê a designação de vice-diretor apenas em escolas especiais com mais de 300 alunos foi questionada no encontro

Secretária de Educação quer repensar educação especial

Em visita de comissão da ALMG, secretária fala em criar pólos regionais de diagnóstico e currículo específico.

07/05/2019 - 12:23

Em visita à secretária estadual de educação, Júlia Sant'Anna, os parlamentares da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) abordaram a necessidade de tratar as escolas especiais de maneira diferenciada das instituições regulares de ensino em questões como contratação de diretores e vice-diretores.

A secretária também pediu parceria para estruturar o ensino para pessoas com deficiência no Estado a partir de pólos regionais de diagnósticos.

A Resolução 4.112, de 2019, da Secretaria de Educação foi a motivação para o pedido da visita pelo deputado Duarte Bechir (PSD). O documento trata, entre outras coisas, da designação de vice-diretores, que deve acontecer, segundo a regra da resolução, apenas em escolas com mais de 300 alunos. Ao todo, Minas Gerais tem 26 escolas especiais e nenhuma delas têm mais do que 300 alunos.

É inviável, na opinião de Duarte Bechir, deixar as escolas especiais sem vice-diretores, uma vez que muitos alunos demandam atenção constante em função de deficiências às vezes severas. Assim, a saída da diretora para resolver questões ligadas ao seu cargo deixaria a escola sem ninguém para resolver os incindentes que são constantes. Por isso, a visita foi realizada com pedido de que as instituições destinadas às pessoas com deficiência sejam tratadas de forma diferenciada a partir de uma revisão da resolução.

Em função de dificuldades jurídicas relacionadas à responsabilidade fiscal do Estado, a secretária Júlia Sant'Anna disse que não poderia garantir a revisão imediata da norma, mas que estudaria as possibilidades.

Ela aproveitou a presença dos parlamentares, ainda, para iniciar conversas com o Poder Legislativo sobre uma reforma estrutural da educação destinada às pessoas com deficiência. Assim, ela quis saber, em especial, sobre as diferenças entre as escolas especiais, as inclusivas e as Associações de Pais e Amigos das Pessoas Excepcionais (APAEs).

Deputados sugerem debates para tratar da criação de pólos regionais de diagnóstico

Os deputados presentes responderam às perguntas e concordaram sobre as questões colocadas. Uma delas é a perspectiva de que não é possível que todas as pessoas com deficiência sejam matriculadas em escolas inclusivas, ou seja, locais onde estudariam com alunos regulares.

Para o deputado Zé Guilherme (PRP), ainda que essas insituições estivessem equipadas com a estrutura física e de recursos humanos ideais, não seria possível atender a todos, porque os casos mais severos de deficiências necessitam de outro tipo de abordagem pedagógica.

Nesse sentido, Duarte Bechir disse que estima-se que 60% dos estudantes que saíram das escolas especiais para as inclusivas nos últimos anos acabaram desistindo de estudar.

O parlamentar completou que as APAEs estão em um número maior de cidades do que as escolas inclusivas e que essas instituições já têm um sistema de ensino estabelecido e reconhecido. Fortalecê-las nos municípios em que já existem é, para o parlamentar, um investimento importante. A secretária disse que desde a década de 1990 o governo estadual não mantém convênios com APAEs.

Diante do exposto, Júlia Sant'Anna disse que o mais essencial para resolver todos os problemas é manter uma estrutura que permita diagnosticar os tipos e os graus de deficiências das pessoas a serem atendidas pelo sistema de ensino.

Ela sugeriu a criação de pólos regionais para diagnósticos e emissão de laudos nesse sentido. Assim, seria possível entender quantos podem ser matriculados, sem perda pedagógica, em escolas inclusivas e quantos precisam de ensino especial. Desses últimos, se buscaria saber em quais municípios estão e como é o atendimento local na rede.

Outra questão, para a secretária, é a necessidade de se criar um currículo para as escolas especiais e as APAEs e gerenciar sistemas de matrícula que possibilitem oferecer as melhores opções a pais e alunos, mas também garantir um controle de demanda. Assim, seria possível, para ela, criar um sistema de parcerias mais permanentes com as APAEs. O presidente da comissão da ALMG, deputado Professor Wendel Mesquita (SD), apoiou o fortalecimento dessas associações.

Os parlamentares saíram satisfeitos da reunião e disseram que vão organizar debates e audiências públicas na ALMG para discutir os pontos colocados pela secretária e estruturar o atendimento escolar oferecido às pessoas com deficiência em Minas Gerais. Eles salientaram que vão trabalhar em parceria com a Secretaria de Educação nessa construção.