As aulas na Escola Municipal Rubem Costa Lima, no distrito de São Sebastião das Águas Claras, mais conhecido como Macacos, em Nova Lima (Região Metropolitana de Belo Horizonte), podem ser retomadas na próxima semana.

Essa é a expectativa da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que visitou o local nesta terça-feira (30/4/19). Se o ano letivo não for retomado na segunda-feira (6), o assunto voltará à pauta da comissão.

O distrito está sem aulas desde o dia 18 de fevereiro, dois dias depois do acionamento da sirene de emergência da barragem B3/B4 da Mina Mar Azul, da Vale. A escola tem 194 alunos do ciclo I, do 1º ao 5º anos. Outras 36 crianças estão sem atendimento da creche, que fica próxima à escola e também foi fechada.

Embora, segundo a Vale, a escola e a creche não estejam no caminho da lama, o local é rota de fuga em caso de rompimento. Assim, as mães decidiram não enviar os alunos e acionaram o Ministério Público para a construção de outra unidade. Desde então, cobram a retomada das aulas.

“Não nos sentimos seguras. Não queremos as crianças assistindo uma tragédia”, justificou Jucinéia Gobbi, que tem dois filhos na escola. Várias mães relataram o medo das crianças após o rompimento da barragem na vizinha Brumadinho (RMBH). Alguns não tomam mais o banho sozinhos ou só dormem no quarto dos pais.

Escola provisória aguarda apenas a liberação dos Bombeiros

A nova escola, provisória e feita em estrutura modular, já está pronta em área segura e abrigará também as crianças da creche. Foi construída pela Vale, em entendimentos com a comunidade, a Prefeitura de Nova Lima e o Ministério Público, no Bairro Jardim Amanda.

O terreno é da prefeitura e já conhecido pelos alunos, pois ali funcionou o Instituto Kairós, que atendia as crianças no contraturno da escola. A construção aguarda, agora, a vistoria final do Corpo de Bombeiros, uma vez que as adequações solicitadas pela corporação, em visita inicial, já foram feitas.

Urgência – Em um dos encaminhamentos indicados pela comissão, o deputado Coronel Sandro (PSL) se dispôs a reforçar o pedido de urgência na vistoria. “Essa nova estrutura tem conforto, tem as saídas adequadas. Vamos acionar os Bombeiros”, prometeu.

A presidenta da comissão, deputada Beatriz Cerqueira (PT), criticou a demora na construção da unidade provisória e parabenizou as mães pela mobilização. “Não se pode mesmo confiar na informação da Vale”, reiterou, sobre a insegurança em relação ao prédio original da escola.

Beatriz Cerqueira, que solicitou a visita em parceria com o deputado Professor Cleiton (DC), também cobrou que o Estado e o município cumpram seu papel e não fiquem dependentes da Vale. “A mineradora destruiu o turismo e o modo de vida da comunidade”, afirmou.

O deputado Bartô (Novo) também esteve na visita e destacou a alegria visível nas mães e nas crianças diante da nova escola. “As coisas dependem mesmo da mobilização da sociedade e da cobrança”, reforçou.

Prefeitura prepara projeto pedagógico

De acordo com a secretária de Educação de Nova Lima, Viviane Matos, o Ministério Público acolheu a decisão dos pais e está acompanhando todo o processo. “Da nossa parte, já estamos nos organizando para o recomeço das aulas. Mas precisamos dos documentos de liberação”, enfatizou.

A diretora da escola, Vânia Baia, acrescentou que 60 alunos foram enviados para escolas do Bairro Jardim Canadá, mas poderão voltar a ter aulas em Macacos, se os pais quiserem.

Enquanto isso, segundo Viviane Matos, um novo prédio definitivo da escola também está sendo negociado com a Vale. Ele será construído no Bairro Capela Velha, já com capacidade para atender ao aumento da demanda na próxima década.