Tilden Santiago conta sua trajetória de vida e como se equilibrou entre a religiosidade e o envolvimento político

Memória & Poder entrevista o ex-embaixador Tilden Santiago

Programa da TV Assembleia vai ao ar neste sábado (27), às 20 horas.

23/04/2019 - 18:44

De sacerdote a companheiro de Carlos Marighella na luta armada contra a ditadura milita e embaixador do Brasil no regime comunista de Fidel Castro em Cuba. Em sua trajetória, o ex-deputado federal Tilden Santiago se equilibrou entre a religiosidade e a política. “Os dois assuntos não devem se misturar”, afirma. “O envolvimento religioso, no entanto, leva à ação política, sobretudo ao lado dos mais pobres”, explica o entrevistado do programa Memória & Poder, que estreia neste sábado (27/4/19), às 20 horas, na TV Assembleia.

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Nascido em Nova Era, na região Central do Estado, Tilden herdou a religiosidade da mãe e a política do avô Major Santiago, ex-prefeito de Pirapora. Aos 9 anos, teve vontade de ser padre. Passou pelo tradicional seminário de Mariana, estudou em Roma e presenciou o II Concílio do Vaticano.

“Vi nascer um movimento na igreja mais voltado para os pobres e troquei Roma (o centro religioso do mundo há mais de 2 mil anos) por Nazaré, em Israel”, conta Tilden, que chegou a viver em um kibutz na Galiléia. “Lá conheci o verdadeiro socialismo. O sujeito dá conforme a sua capacidade e recebe conforme a sua necessidade. Ser socialista da boca pra fora, no boteco, é muito fácil. Quero ver lá, na produção”, desafia.

Ao voltar para o Brasil, já no período militar, em 1966, foi consagrado padre operário. Na favela de Gurugica, em Vitória (ES), e no trabalho nas fábricas “derretendo eletrodo”, enveredou na política clandestina. Primeiro na Ação Popular (AP); depois, na Aliança Libertadora Nacional, de Carlos Marighella. Chegou a ser preso em São Paulo e levado para o DOI/Codi. “Uma coisa é ser cristão no seminário, na igreja; outra, é na fábrica, no sindicato, no partido de esquerda”, lembra.

Jornalismo e política – Cansado do dia a dia das fábricas, começou a trabalhar como jornalista. Foi um dos fundadores do saudoso Jornal dos Bairros, em Contagem. Com o sucesso, chegou à presidência do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais. Mas a veia política voltou a se manifestar, desta vez sob o nome de Partido dos Trabalhadores, legenda que ajudou a fundar no Estado. “Fiz parte das três vertentes que fundaram o PT: o movimento sindical, os religiosos com engajamento social e os intelectuais de esquerda”, enumera o também ex-professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da PUC Minas.

Com três mandatos de deputado federal, a partir de 1990, recebeu uma votação histórica para o Senado na campanha de 2002 pelo PT. O desempenho levou ao convite de Lula, então presidente eleito, para que assumisse a embaixada do Brasil em Cuba. “A diplomacia e o exercício de tudo que defendi como político, dialogo, convivência entre os povos, união entre as nações”, define.

Depois de se tornar assessor da Cemig durante o governo do tucano Aécio Neves, Tilden foi expulso do PT no fim dos anos 2000. Sem concorrer nas últimas eleições, diz que hoje atua de uma outra forma, sem mandato. “A política não se faz só no parlamento, no governo. A política se faz na vida”, afirma.

Reprises - O Memória & Poder com Tilden Santiago será reapresentado neste domingo (28), às 15h30; à zero hora na segunda-feira (29) e às 21 horas de terça (30).