O farmacêutico Vanderlei Eustáquio Machado foi sabatinado pelos deputados da Comissão Especial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que analisou a indicação de seu nome à presidência da Fundação Ezequiel Dias (Funed), nesta terça-feira (11/12/18). O relator, deputado Ricardo Faria (PCdoB), deu parecer favorável à indicação do profissional.

Vanderlei Eustáquio Machado, que já está à frente da instituição desde abril deste ano, no entanto, ouviu muitas críticas dos deputados presentes quanto à forma como o governo do Estado vem tratando a Funed.

O deputado Antônio Jorge (PPS), que é médico e já foi secretário de Estado da Saúde, destacou que, somente com a produção da vacina da Meningite C, a Funed já gerou quase R$ 700 milhões para o Estado. "Esse dinheiro vai para o caixa único do Estado e nada é reinvestido na fundação", alerta o parlamentar.

O deputado Ricardo Faria destacou o papel fundamental que a fundação tem, não só na produção de medicamentos como também na realização de exames, no caso de doenças de notificação compulsória, mas também quis saber sobre os rumores de privatização da Funed.

Vanderlei garantiu que ainda não há nada de concreto sobre o assunto e que centenas de propostas para o futuro da instituição estão sendo analisadas dentro de um congresso interno, que o órgão está realizando desde a semana passada.

O deputado Carlos Pimenta (PDT), que também é médico e já trabalhou na Funed, disse que a fundação hoje é "a galinha dos ovos de ouro do Estado" e mesmo assim o governo não dá a ela a devida importância. "Voltei a ouvir rumores sobre a privatização, por causa do novo governador que está chegando. Temos que estar vigilantes", informou o deputado.

Funed poderia gerar ainda mais lucro para o Estado

Na opinião do deputado Antônio Jorge, a fundação poderia gerar ainda mais lucro para Minas Gerais, se o governo entendesse o valor estratégico das pesquisas realizadas por ela. "A fábrica de biofármacos tem que ser concluída, temos coisas preciosas que podem ser desenvolvidas ali, gerando bilhões em recursos", destacou.

Ele lembrou que, em 2010, Minas Gerais só conseguiu ganhar a concorrência pela fabricação da vacina da Meningite C porque a fábrica já estava parcialmente concluída. No atual governo, no entanto, nada teria sido investido ali. "O papel republicano dos governos é dar continuidade ao que foi feito de bom pelo seu antecessor, independentemente de partidarismo político", lamentou Antônio Jorge, referindo-se à gestão de Fernando Pimentel.

Como exemplo de má utilização do potencial da Funed, Antônio Jorge citou o fato de os pesquisadores mineiros terem conseguido isolar uma molécula com altíssimo poder vasodilatador, que poderia ser usada para produzir um medicamento similar ao Viagra, mas até hoje isso não foi feito. Para o parlamentar, no entanto, a Funed não pode ser vista somente como produtora de pílulas, mas deveria ser transformada em um instituto de biotecnologia.

Vanderlei Eustáquio Machado concordou com algumas das ponderações dos deputados. Ele admitiu, por exemplo, que a transferência dos recursos gerados pela Funed para o caixa único do Estado é um problema para a administração da fundação. "Todos os meses, temos que ir até a Secretaria da Fazenda pedir verba para os nossos pagamentos", disse ele.

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