Documento aborda eixos como autonomia econômica, enfrentamento à violência e aumento da participação política da mulher
A construção coletiva do plano foi enfatizada pelos participantes da reunião
Para Cleide Souza, recorte racial deve ser levado em conta para emancipação da mulher negra
Governo apresenta Plano Decenal de Políticas para as Mulheres

Mulheres cobram execução de políticas em novo governo

Assembleia debateu nesta quinta (6) Plano de Políticas para as Mulheres para os próximos dez anos.

06/12/2018 - 20:01

Participantes da audiência pública sobre o Plano Decenal de Políticas para as Mulheres 2019/2029 no Estado celebraram a construção coletiva do documento e cobraram a continuidade do processo e a efetiva implementação das medidas pelos futuros governos. A reunião, realizada nesta quinta-feira (6/12/18), pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), reuniu agentes públicos e representantes da sociedade civil.

O plano estabelece metas e prioridades que deverão ser desenvolvidas até 2029. A elaboração do instrumento envolveu as secretarias estaduais, autarquias e empresas públicas; o Conselho Estadual da Mulher; a Assembleia Legislativa, municípios e entidades civis. Entre essas, movimentos de mulheres negras, LGBTs, rurais e urbanas, feministas e não feministas.

O documento está organizado nos seguintes eixos:

  • autonomia econômica das mulheres;
  • enfrentamento à violência contra as mulheres;
  • ampliação da participação política das mulheres;
  • construção de relações igualitárias de gênero;
  • saúde integral das mulheres
  • direitos sexuais e reprodutivos.

A presidenta da comissão, deputada Marília Campos (PT), ressaltou o caráter popular do processo e o papel do plano na promoção da igualdade de gênero em Minas. “Mas esse cenário só será possível se houver efetividade na execução das medidas”, afirmou. Ela e a deputada Geisa Teixeira (PT) receberam das mãos da subsecretária de Políticas para as Mulheres, Larissa Amorim Borges, o documento consolidado, que ainda será disponibilizado para o público na internet.

A gestora também enfatizou a construção democrática do plano. Larissa Borges explicou que foram realizados diversos encontros com 367 participantes, foram apresentadas e analisadas 668 propostas, que pautaram, por sua vez, as 38 demandas sistematizadas nas políticas. Ela enfatiza que foram contempladas, por exemplo, as perspectivas de raça, gênero e orientação sexual, “alcançamos mulheres indígenas, ribeirinhas, dentre muitas outras”.

A subsecretária afirma que a importância de se dar continuidade ao planejamento e à execução das políticas reside justamente “no fato de que se trata de uma plano das mulheres mineiras e não de um governo”. As políticas estão articuladas com as peças orçamentárias do Estado como o Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) e a Lei Orçamentária Anual (LOA), informa.

Já a pesquisadora da Fundação João Pinheiro, Ana Paula Salej Gomes, explicou que o grande desafio para a instituição foi sistematizar centenas de propostas e conformá-las às metodologias necessárias, mas valorizou também a interlocução entre os atores governamentais e a sociedade civil, que produziram, segundo ela, propostas viáveis. Ana Paula esclareceu ainda que, para cada uma das demandas organizadas, foram relacionados diagnósticos, justificativas, metas e ações.

Recorte racial - Cleide Hilda de Lima Souza, subsecretária da Igualdade Racial, lembrou que as políticas destinadas às mulheres só trarão efeitos para a população se forem executadas de forma pactuada entre as diversas secretarias de Estado.

Para ela, levar em consideração o recorte racial, na implementação das ações, é o que vai permitir às mulheres negras alcançarem sua emancipação.

Ela explica que “pretas e pobres” são vítimas mais recorrentes do feminicídio; 51% das mulheres que morrem no parto são jovens negras. " Por isso, pergunto-me se a vida da mulher negra que está lá em Caetano Furquim (Região Leste de Belo Horizonte) será transformada pelo plano.

“O que a gente precisa é de um compromisso de Estado para implementar a política”, ressalta a representante do Movimento do Coletivo Olga Benário e coordenadora da Casa Tina Martins, Indira Xavier.

"As 400 mulheres assassinadas por ano em Minas se devem também à ausência do poder público, que não consegue ainda viabilizar o acolhimento devido às mulheres, vítimas de violência. A sociedade civil é conhecida como quem reclama, mas também sabemos propor soluções”, disse.

Coletivo - A servidora da Assembleia Legislativa Grazielle Mendes, representando o Coletivo de Mulheres ALMG, foi convidada pela deputada Marília Campos para ocupar a mesa. Ela falou sobre abaixo-assinado entregue à direção da Casa, em abril deste ano, solicitando, dentre outras demandas, a flexibilização da jornada para as servidoras que são lactantes.

Consulte o resultado da reunião.