Fapemig vai contribuir com projeto de motorização de vagões
Órgão se disponibiliza a estudar a viabilidade da medida, que impulsionaria o transporte sobre trilhos.
29/11/2018 - 14:58Representantes de entidades de defesa do transporte sobre trilhos apresentaram à Comissão Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quinta-feira (29/11/18), os benefícios que a motorização de vagões autônomos traria para a revitalização de máquinas sucateadas e a preservação de linhas.
A reunião foi agendada para colocar a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapemig) a par de projeto já em curso e envolver o poder público nos estudos técnicos e no financiamento da iniciativa. O órgão é a única agência de fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico de Minas.
Diretor da ONG Trem, André Tenuta ponderou que os vagões motorizados seriam uma alternativa muito mais barata do que os trens tradicionais, compostos por uma locomotiva e vagões por ela puxados, para o fomento do modal ferroviário.
Essas locomotivas são muito caras e hoje praticamente só encontradas em dimensões de grande porte, para o transporte de minério. Recentemente, o transporte de passageiros em unidades motorizadas, os veículos leves sobre trilhos (VLTs), já apresentou redução de custos e sua contribuição para a mobilidade urbana.
No entanto, a economia de recursos seria ainda maior com os vagões autônomos motorizados, conhecidos como litorinas, que podem ser usados para uma demanda menor tanto de passageiros quanto de carga, conforme explicou André Tenuta. O Brasil importou essas máquinas na década de 1950, hoje abandonadas e sucateadas.
Além disso, litorinas revitalizadas e vagões dos tradicionais trens-comboio motorizados poderiam ser utilizados em linhas menosprezadas pelas concessionárias, por não direcionarem a portos.
Vagão está sendo transformado em Cataguases
André Tenuta apresentou projeto em andamento em Cataguases (Zona da Mata) de adaptação de um motor hidráulico para vagões, um processo simples e que pode ser realizado em qualquer pequena oficina, segundo o diretor da ONG Trem.
A ideia é que o vagão, abandonado em uma área de vegetação densa, se transforme em uma charmosa litorina para o transporte de passageiros. Tenuta estima que seja necessário entre R$ 200 mil e R$ 300 mil para a transformação dessas máquinas, investimentos que seriam recompensados inclusive com a valorização do patrimônio histórico mineiro e o incremento do turismo.
Assessora da presidência da Fapemig, Claudia Couto afirmou que o órgão está à disposição para contribuir com o desenvolvimento do projeto, auxiliando a buscar soluções para a sua implementação.
Claudia destacou já haver uma parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), que inclusive poderia ceder o espaço necessário para a transformação dos vagões.
Segundo Jershon Morais, vice-presidente do Circuito Turístico Serras de Minas, há 5,4 mil vagões abandonados no País. Sérgio Mello, presidente da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Apito, acrescentou que mais de 60 litorinas podem ser recuperadas apenas no pátio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Santos Dumont (Zona da Mata).
Ele sugeriu que o valor de multas impostas a concessionárias pela falta de conservação de linhas seja revertido para o custeio da revitalização e transformação de vagões.
Expectativa – Presidente da Comissão Pró-Ferrovias, o deputado João Leite (PSDB) foi mais um defender o investimento em pesquisas que beneficiem o transporte de passageiros e que resultem na criação de linhas consideradas essenciais, como as que ligariam o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) a Ouro Preto (Região Central) e ao Instituto Inhotim, em Brumadinho (Região Central).
O deputado também disse sonhar com um trem rápido entre Belo Horizonte e São Paulo.