Habitação e trabalho estão entre as principais demandas do documento protocolado na ALMG
Entregue relatório com propostas para a população em situação de rua

Relatório do Fórum População em Situação de Rua está na ALMG

Protocolado nesta quarta (19), documento tem 144 propostas para nortear políticas públicas, começando pela moradia.

19/09/2018 - 14:19

Membros do Comitê de Representação do Fórum Técnico Plano Estadual da Política para a População em Situação de Rua entregaram nesta quarta-feira (19/9/18), à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o relatório final do evento.

Contendo 144 propostas e também 15 sugestões de desdobramentos, o relatório foi protocolado na ALMG na presença dos deputados Rogério Correia, 1º-secretário da Assembleia, e André Quintão, ambos do PT e autores do requerimento para a realização do fórum.

"Quando discutimos políticas públicas para a população de rua, conseguimos mostrar que aqueles que vivem debaixo de marquises ou em abrigos não foram esquecidos", pontuou Daniel Santos da Cruz, do Movimento Nacional PopRua e coordenador do Comitê de Representação do Fórum Técnico Plano Estadual da Política para a População em Situação de Rua, sobre a importância da entrega do relatório à Assembleia após debates aprofundados sobre o assunto.

Sobre os próximos passos, o deputado Rogério Correia anunciou que, uma vez protocolado, o relatório deverá ser recebido pela Mesa da ALMG, para então ser encaminhado às comissões temáticas pertinentes ao assunto.

A partir daí, as sugestões serão analisadas nas comissões, podendo dar origem a projetos de lei ou a encaminhamentos de providências e ações junto ao Governo do Estado, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e outros órgãos, conforme o caso.

O relatório teve origem nas propostas contidas no documento final do fórum, que foi avaliado pelo comitê de representação, eleito para monitorar os desdobramentos do evento.

Dignidade - O deputado Rogério Correia adiantou que a Comissão de Direitos Humanos deverá ter papel de destaque na análise do relatório e avaliou que políticas para a população em situação de rua têm importância ainda maior na conjuntura atual.

Ele destacou que o Brasil vive uma grande crise e que, com a recessão atual, a economia não gira e não são gerados os empregos necessários, prejudicando ainda mais essa parcela da população. "A Assembleia vai cuidar de perto dessa questão", frisou.

O deputado André Quintão acrescentou que o relatório final do fórum contém propostas relevantes para Minas. "Já temos uma legislação importante, e as ações propostas precisam agora ser incorporadas ao Orçamento do Estado para que essa população seja tratata com dignidade, e não com preconceito", defendeu.

Atendimento deve começar pela moradia

A proposta de realização de um fórum sobre o assunto resultou da Lei 20.846, de 2013, que instituiu a Política Estadual para a População em Situação de Rua, que tem, entre suas atribuições, elaborar um plano estadual voltado para essa população.

Justamente com o objetivo de coletar propostas para esse plano, o fórum técnico, lançado em 2017, foi realizado este ano pela ALMG, em parceria com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, à qual é vinculado o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Estadual para a População em Situação de Rua (Comitê PopRua).

"O relatório final mantém como maiores bandeiras a moradia e o trabalho", resumiu Jéssica Gabriela de Souza Isabel, durante a entrega do documento.

Integrante do comitê vinculado ao Executivo e coordenadora do comitê de representação do fórum, Jéssica ainda pontuou que o direito de morar vem em primeiro lugar e não passa necessariamente por ter uma casa enquanto propriedade, mas também por alternativas de habitação como o aluguel social.

Segundo ela, além do aspecto social, têm sido feitas pesquisas demonstrando inclusive que, para o Estado, seria mais barato auxiliar pessoas a terem sua moradia individualizada do que investir em abrigos e albergues.

Jéssica ainda destacou que o comitê de representação realizou oficinas temáticas para avaliar o documento final de propostas do fórum e elaborar o relatório final.

Desse relatório, ela também ressalta intervenções que avalia como inovadoras e que dependem de ações intersetoriais, a exemplo do Pós-Alta. Conforme Jéssica, o objetivo é que a pessoa em situação de rua possa continuar a ser atendida após uma internação hospitar.

Como exemplo, ela menciona a tuberloculose, doença muito comum nessa parcela da população e cujo tratamento após o atendimento hospitalar demanda um tempo longo e contínuo, sendo adversas as condições das ruas para um resultado efetivo sem o devido acompanhamento.

Veja no quadro outros exemplos de propostas aprovadas em cada um dos oito eixos temáticos que nortearam também as discussões do fórum. 

Propostas destacadas por eixos

Direitos humanos e segurança

Capacitação dos agentes de segurança para evitar a violência contra a população em situação de rua.

Cidadania

Participação de representantes dessa população em conselhos, conferências, fóruns e outras instâncias de participação e controle.

Habitação

Habitação individual como primeira etapa do atendimento à pessoa em situação de rua.

Trabalho

Estabelecimento de parcerias e incentivos fiscais para estimular a contratação de pessoas com trajetória ou em situação de rua.

Assistência

Criação de um fluxo de atendimento para possibilitar o devido encaminhamento das pessoas em situação de rua e a articulação com as demais políticas públicas.

Educação

Matrícula em qualquer tempo e sem a exigência de comprovante de residência das pessoas em situação de rua na rede de ensino.

Saúde

Atendimento integral na rede de saúde, respeitando suas especificidades.

Cultura

Apoio a projetos culturais que abordem a temática da população em situação de rua.