A Comissão de Segurança Pública discutiu os prejuízos causados por ataques criminosos e assaltos a instituições financeiras no interior do Estado
Sequestros assustam funcionários de cooperativas de crédito

Sequestros de funcionários de bancos preocupam no interior

Onda de crimes contra instituições financeiras, especialmente no Sul de Minas, seria consequência da falta de segurança.

05/06/2018 - 13:40 - Atualizado em 05/06/2018 - 14:27

Além das explosões de caixas eletrônicos e roubos à mão armada, as instituições financeiras do interior do Estado têm sofrido com o sequestro dos seus funcionários.

Foi essa a denúncia feita por representantes desse segmento que estiveram em audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na manhã desta terça-feira (5/6/18). Membros das forças policiais também participaram da reunião e falaram sobre as ações que têm sido desenvolvidas para resolver o problema.

A parceria com a Polícia Civil de São Paulo foi um dos pontos destacados pelo superintendente de investigação e polícia judiciária da Polícia Civil de Minas Gerais, Carlos Capistrano. Segundo ele, a região que tem enfrentado mais problemas é o Sul do Estado e a razão seria a atuação da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que tem origem em São Paulo.

Com esse trabalho articulado, Carlos afirmou que, apesar das deficiências em estrutura e equipamentos, a polícia mineira tem conseguido alguns resultados positivos. Um dos destaques, para ele, é a redução em mais de 40% das explosões de caixas eletrônicos de 2017 para 2018.

Por outro lado, ele admitiu que outras modalidades de crimes têm aumentado, como os sequestros de funcionários. “Apesar disso, também tivemos muitas investigações e prisões. No ano passado, 278 pessoas foram presas ou conduzidas às delegacias. Neste ano, até maio, já foram 133 pessoas”, disse.

Essas prisões estariam sendo acompanhadas, ainda segundo o representante da Polícia Civil, de apreensões de armamentos pesados. Segundo ele, muitas das armas não são fabricadas no Brasil. Por isso, ele reforçou a necessidade de se fiscalizar melhor a entrada desses equipamentos no País.

Nesse sentido, o representante da Polícia Rodoviária Federal, Walder Nascimento Vieira, afirmou que a corporação tem feito investimentos maciços em tecnologia e inteligência para mapear as rotas utilizadas pelos criminosos. Ainda de acordo com ele, as informações têm sido compartilhadas com outras insituições de segurança.

Para instituições financeiras, segurança privada não é solução

Os representantes de instituições financeiras que estiveram presentes na reunião ressaltaram que o aumento considerável dos sequestros tem dificultado a contratação de funcionários nos municípios menores.

O diretor superintendente do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) Central Crediminas, Edson Rocha Justino, ressaltou, ainda, que as ações são orquestradas e que os integrantes das quadrilhas são fortemente armados.

Ele se disse indignado com a sugestão que tem recebido de várias pessoas, de melhorar a segurança privada. “Se um batalhão inteiro da Polícia Militar não consegue fazer frente aos bandidos, como um guardinha de plantão vai fazer?”, questionou. Para ele, o problema é de segurança pública, não privada

Perfumaria - O deputado Sargento Rodrigues (PTB), presidente da comissão, afirmou que o problema tem crescido em Minas Gerais em função da redução dos orçamentos das Polícias Civil e Militar. Ele defendeu a autonomia financeira dessas instituições e disse que é preciso acabar com a ingerência política, feita muitas vezes, segundo o parlamentar, com subsequentes trocas nos comandos.

A ausência de representantes da Polícia Militar na reunião também foi criticada pelo deputado.

“Política de perfumaria” foi como o deputado Cabo Julio (PMDB) chamou as soluções que a Polícia Militar tem oferecido ao problema das instituições financeiras no interior mineiro. Segundo ele, o que tem sido feito é colocar um policial com uma viatura na frente dos bancos ao longo da noite, o que poria em risco a vida do servidor e não seria eficiente na solução do problema.

O deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB) concordou e ressaltou que a população tem sido prejudicada pela falta de segurança. “Moradores de cidades como Cássia (Sul de Minas) precisam andar 50 quilômetros para sacar seu dinheiro no banco”, exemplificou. Ele também defendeu a criação de delegacias regionais especializadas em roubos no campo.

Lares Geraes – Durante a reunião, também foi aprovado requerimento para a realização de nova audiência pública, dessa vez para debater a situação dos moradores das unidades residenciais do programa Lares Geraes.

O pedido foi do deputado Sargento Rodrigues. Segundo ele, alguns dos policiais beneficiados pelo programa receberam ordens judiciais de despejo. O parlamentar lembrou que muitas das dificuldades para manter em dia os pagamentos dos imóveis estão relacionadas aos parcelamentos de salários dos servidores.

Consulte o resultado da reunião.