O atrasos nas obras para garantir a instalação de uma fábrica de medicamentos preocupa autoridades de Montes Claros
Outras empresas aguardam infraestrutura para definirem seus investimentos, segundo Edilson Torquato

Montes Claros cobra infraestrutura para distrito industrial

Autoridades municipais e deputados temem que falta de investimentos públicos atrase implantação de fábrica da Eurofarma.

17/04/2018 - 18:29

Água, energia elétrica, esgoto e acesso rodoviário: a falta dessa infraestrutura básica vem preocupando autoridades de Montes Claros (Norte de Minas), que temem atrasos na implantação de uma fábrica da Eurofarma Laboratórios S/A na cidade.

Deputados se uniram aos representantes municipais e empresariais para cobrar providências do Governo do Estado, durante reunião realizada nesta terça-feira (17/4/18) pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O investimento da Eurofarma foi anunciado em 2017 e as obras estão previstas para se iniciarem este ano. O empreendimento inclui uma fábrica de antibióticos e um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos, com a geração de 340 empregos diretos.

Primeira multinacional brasileira do setor de medicamentos, a Eurofarma possui cinco fábricas no Brasil e outras seis em outros países da América Latina.

O início das obras, no entanto, depende da instalação de infraestrutura na área destinada ao empreendimento. Autor do requerimento para realização da reunião, o deputado Carlos Pimenta (PDT) disse ser necessário um comprometimento maior do Governo do Estado. “Não podemos aguardar que o governo espere sobrar um dinheirinho para fazer isso”, afirmou o parlamentar.

De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Montes Claros, Edilson Torquato, outras 24 empresas também aguardam infraestrutura para definirem seus investimentos no município, algo que justificaria a criação de um segundo distrito industrial. “São 200 mil metros quadrados de empreendimentos, sem contar a Eurofarma”, garantiu.

De acordo com Edilson, muitas dessas empresas, inicialmente, se instalariam no primeiro distrito industrial de Montes Claros, mas acabaram recuando depois que as últimas áreas disponíveis foram ocupadas por famílias sem-teto. Apesar do distrito industrial já ter sido municipalizado, esses terrenos remanescentes pertencem à Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).

Desde que absorveu a Companhia de Distritos Industriais de Minas Gerais (CDI), a Codemig passou a ser responsável pela política estadual relacionada a esses empreendimentos. Durante a reunião desta terça (17), a diretora de Fomento da Indústria Criativa da Codemig, Fernanda Machado, disse que o Estado vem procurando substituir um modelo “imobiliário” de distritos industriais por algo mais planejado.

“O modelo de distrito industrial não pode mais ser preparar a terra e aguardar as empresas. Temos que saber qual a relação de empresas que vão ocupar aquele espaço”, afirmou. Caso contrário, segundo ela, podem voltar a acontecer ocupações como as que ocorreram em Montes Claros. Com relação à demanda específica de infraestrutura, ela recomendou que a ALMG encaminhasse suas preocupações ao Comitê de Desenvolvimento Econômico do Estado, que poderia deliberar sobre a questão.

Deputados defendem priorização política

O deputado Tadeu Martins Leite (PMDB) afirmou que a intervenção da Assembleia é fundamental para resolver a questão, em uma época de crise financeira do Estado. “Sabemos que parte das pendências são uma questão de priorização política. E nisso, posso ajudar”, afirmou o parlamentar. O deputado Paulo Guedes (PT) também garantiu apoio ao município. “Todas essas reivindicações são legítimas e importantes”, afirmou.

Vice-prefeito de Montes Claros e presidente da Fiemg - Regional Norte, Adauto Marques Batista disse que, segundo informações da Eurofarma, a fábrica de medicamentos pode entrar em funcionamento em até dois anos e meio, desde que a falta de infraestrutura não imponha atrasos.

Carlos Pimenta defendeu que Montes Claros merece uma atenção especial, tendo em vista que pode oferecer às empresas benefícios relativos à Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Segundo o deputado, 21 municípios capixabas da área da Sudene têm conseguido captar mais investimentos que os 200 municípios mineiros dessa mesma região.

Por fim, após a infraestrutura básica, também houve na reunião quem cobrasse atenção para outras questões mais elaboradas, tais como transmissão de dados e aproveitamento da mão de obra qualificada formada na região. “Hoje, Montes Claros forma mão de obra especializada que não tem onde trabalhar. É um êxodo urbano, educacional. Temos que pensar que tipo de indústria queremos atrair”, argumentou o diretor industrial da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Montes Claros, Abílio Carnielli.

Requerimentos - Ao final da reunião, foram aprovados dois requerimentos de autoria do deputado Carlos Pimenta sobre a questão. Um deles solicita à Codemig que providencie, junto à Copasa e à Cemig, a instalação de infraestrutura de água e energia na área industrial. O outro encaminha pedido semelhante ao Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DEER-MG), para construção do acesso rodoviário.

Também foi aprovado requerimento do deputado Roberto Andrade (PSB) para que seja realizado debate público sobre os juros abusivos e seu alto custo para o desenvolvimento do Brasil e para a vida dos cidadãos.

Consulte o resultado da reunião.