A Assembleia promoveu, em junho de 2017, debate com presença de índios xacriabás - Arquivo ALMG

TV Assembleia estreia série sobre histórias indígenas

Quatro episódios, com depoimentos de índios de tribos localizadas em Minas, serão exibidos a partir desta terça (17).

16/04/2018 - 10:38

No mês em que se comemora o Dia do Índio (19 de abril), a TV Assembleia vai estrear nova série do programa Recortes, que retrata histórias indígenas. Quatro episódios, com depoimentos de índios de tribos de Minas Gerais, serão exibidos nos intervalos da programação, a partir desta terça-feira (17/4/18), com estreias sempre às terças e quintas. Os perfis das redes sociais do Parlamento mineiro vão divulgar os vídeos e terão suas páginas customizadas com a temática.

Confira a sintonia da TV Assembleia na sua cidade

A presença do assunto na agenda pública e nas pautas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) justificou a escolha para a nova série. Para realizá-la, a equipe da emissora foi aos municípios de São João das Missões (Região Norte), Ladainha (Jequitinhonha/Mucuri) e Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e entrevistou indígenas das tribos Xakriabá, Maxakali e Pataxó. A produção fez um mapeamento para identificar os diferentes grupos do Estado e buscar histórias de interesse público que tivessem dimensão política.

Surgiram, então, relatos sobre maxacalis que são cineastas e usam seus filmes para valorizar e fortalecer suas tradições e sua cultura; sobre uma chacina de índios Xakriabá na década de 1980, contada por um cacique que a vivenciou; e sobre um professor de cultura no território Xakriabá, que, por meio da profissão, resgatou e levou para a sala de aula a tradição da tribo de produzir cerâmica.

Depoimentos resgatam tradições e identidade

A nova série será aberta com os depoimentos do cacique Domingos Nunes de Oliveira e de seu tio Rosalvo Fiúza da Silva. Eles relatam a chacina de índios no território Xakriabá, ocorrida em 1987 e que teve como uma das vítimas o cacique Rosalino, que vivia na aldeia Sapé e era pai de Domingos.

Os assassinatos aconteceram um pouco antes da homologação da terra e cinco pistoleiros foram identificados e condenados – entre eles, o mandante do crime. A conquista da área foi tanto o motivo das mortes como o que deu celeridade ao processo de reconhecimento do espaço em que habitam. De acordo com Domingos, atualmente, são cerca de 11 mil indígenas, vivendo no território Xakriabá, que reúne mais de 30 aldeias.

O segundo episódio será o de Isael Maxakali e sua esposa Sueli Maxakali. Ambos já realizaram vários filmes sobre a Aldeia Verde, em Ladainha. Por meio dessas produções, eles registram rituais e práticas culturais para dar visibilidade à cultura de seu povo e mantê-la “viva”.

As demandas dos indígenas, as dificuldades que enfrentam com a falta de um rio e o preconceito são alguns dos assuntos abordados no vídeo.

Cerâmica – O trabalho dos educadores de escolas indígenas é tema do terceiro episódio, por meio do relato do professor de cultura Nei Leite. Ele conta como decidiu resgatar a prática da produção de cerâmica da tribo Xakriabá, que estava um pouco esquecida, como forma de valorizar os costumes indígenas.

Inspirado pela sua mãe, que conhecia a técnica, ele foi atrás de pessoas mais velhas para ter conhecimento sobre o assunto e reproduzi-lo em sala de aula. Seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi sobre a técnica e garantiu o resgate e registro da queima de cerâmica em forno a céu aberto, modo tradicional de produzir a cerâmica que já não era praticado pelos moradores do território há vários anos.

Para encerrar a série, a TV Assembleia escolheu contar a história de Maria Flor Guerreira, que resgatou sua identidade indígena. Seus pais se afastaram da cultura Pataxó e viviam como trabalhadores rurais no Sul da Bahia. Hoje, Maria mora em Santa Luzia, na RMBH, e, no vídeo, defende que as diferentes culturas indígenas do Brasil tenham visibilidade no cenário nacional.