Foi feita uma homenagem à vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, assassinada no último dia 14
Para Isabel Lisboa (centro), a mobilização deve continuar, em especial com as eleições
Integração entre movimentos sociais é apontada como avanço no mês em que se comemora o Dia da Mulher

Movimentos querem ampliar luta por direitos das mulheres

Entidades defendem continuidade da mobilização pela construção de uma agenda feminista.

27/03/2018 - 14:18

A importância de unir os diversos movimentos e levar a luta das mulheres para as ruas e de dar continuidade à mobilização pela construção de uma agenda feminista foi destacada em audiência de convidados da Comissão Extraordinária das Mulheres da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (27/3/18).

O objetivo foi avaliar a programação comemorativa do Dia Internacional da Mulher realizada pelo Poder Legislativo neste ano. Essa programação contou com um evento diferenciado, realizado na Praça Sete, em Belo Horizonte, contando com a participação de 40 coletivos de mulheres.

A subsecretária de Estado em exercício de Políticas para as Mulheres, Isabel Cristina de Lima Lisboa, destacou que as mulheres têm ocupado as ruas e se tornado protagonistas de diversas lutas. Para ela, a discussão sobre o dia 8 de março está avançando em Minas Gerais e o Governo do Estado incentivou que eventos ocorressem em outros municípios.

“Em Belo Horizonte, conseguimos construir um processo democrático, com a audiência na rua, na Praça Sete”, apontou. Isabel Lisboa afirmou que ainda há muito a avançar e que a mobilização deve continuar, em especial com a proximidade das eleições. O objetivo, segundo ela, é garantir uma maior representação das mulheres na política.

Para a coordenadora da Rede Estadual de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, Terezinha Lúcia de Avelar, diante da conjectura em que o Brasil se encontra, a decisão de ir para a rua e realizar o evento na Praça Sete, juntando as mulheres trabalhadoras, foi acertada. Segundo ela, foi possível unir os movimentos e defender uma pauta única, e agora é necessário dar continuidade ao trabalho.

A economista Maria Dirlene Trindade Marques apontou que houve um concesso de que a programação foi um sucesso, ao buscar a unidade e a construção de um espaço coletivo, mostrando que as mulheres conseguem trabalhar juntas.

Conscientização - A delegada Ana Paula Lamego destacou a importância do trabalho de conscientização para prevenir a violência contra as mulheres. Para ela, é fundamental continuar com essa mobilização, ajudando as mulheres a romperem o silêncio.

Eventos devem ser realizados no interior de Minas

A realização de outros eventos no interior de Minas Gerais foi defendida pela assessora da União Brasileira de Mulheres, Maria Izabel Ramos de Siqueira. “Os avanços conquistados em Belo Horizonte não chegam no interior do Estado”, disse.

Ela ainda defendeu a mobilização para a aprovação do Projeto de Resolução (PRE) 49/17, de autoria da Mesa da Assembleia, que prevê a criação da Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Mulher, além da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 16/15, da deputada Arlete Magalhães (PTN) e outros, que visa a assegurar a presença de pelo menos uma mulher na Mesa da Assembleia.

Já a superintendente do Consórcio Regional de Promoção da Cidadania Mulheres das Gerais, Ermelinda de Fátima Ireno de Melo, sugeriu a realização de uma reunião com a Mesa da Assembleia para cobrar a aprovação das duas proposições.

Ela ainda lembrou que é importante incentivar as mulheres e votarem em mulheres e defendeu a realização de uma reunião com todas as candidatas às eleições deste ano que lutam pelo direito das mulheres.

Assassinato da vereadora Marielle Franco foi lembrado

Na audiência, também foi feita uma homenagem à vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, assassinada no último dia 14, e várias convidadas lembraram a proximidade do crime com o Dia Internacional das Mulheres.

Para a representante da Direção Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens, Soniamara Maranhão, o assassinato, próximo ao dia 8 de março, mostrou que as mulheres ainda têm uma longa luta para garantir seus espaços e direitos.

A coordenadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira, Célia Gonçalves Souza, falou sobre a violência enfrentada pelas mulheres negras. Para ela, é fundamental empoderá-las, possibilitando que elas resistam e aprendam sobre os seus direitos.

Agenda - A autora do requerimento e presidente da comissão, deputada Marília Campos (PT), explicou que é a primeira vez que é feita uma reunião de avaliação das atividades realizadas no Dia Internacional da Mulher. Ela destacou que, neste ano, a Assembleia procurou se integrar aos outros movimentos e ajudar no processo de articulação da programação.

“Fizemos um 8 de março diferenciado”, avaliou. Marília Campos ainda falou sobre a importância de organizar uma agenda feminista em Minas Gerais para que a mobilização continue e afirmou que vai apresentar requerimentos para colocar em prática as sugestões dadas durante a audiência.

A vice-presidente da comissão, deputada Geisa Teixeira (PT), também é autora do requerimento para realização da audiência.

Consulte o resultado da reunião.