Durante a Reunião Especial de Plenário que homenageou os 52 anos do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) nesta segunda-feira (26/3/18), o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Adalclever Lopes (PMDB), defendeu os valores democráticos do partido e seu compromisso histórico de "esperança e mudança".

Ele lembrou a história de resistência da legenda, simbolizada pela figura de Ulysses Guimarães, que, segundo ele, deixou uma lição de coragem, fé, respeito ao povo e defesa da democracia. Adalclever Lopes enfatizou que, na Assembleia, o MDB se caracteriza pela unidade e coerência, constituindo-se como a maior bancada (com 13 deputados).

Para ele, a participação do partido nas eleições deste ano será fundamental. Adalclever Lopes ainda lembrou que o MDB participou de todas as campanhas para o Governo do Estado, com exceção dos anos de 2006 e 2014, quando integrou chapas.

O evento, que contou com a presença de diversas autoridades e lideranças políticas, foi marcado pela defesa de uma candidatura própria do partido ao Governo do Estado e ao Senado Federal.

Ao ser questionado sobre uma eventual candidatura ao governo, em entrevista coletiva após o evento, Adalclever Lopes disse que a decisão final será tomada pelo partido. “Sou candidato ao que o meu partido escalar. Na convenção isso vai ser decidido”, afirmou.

Ex-governador defende candidatura própria

Ex-governador do Estado no período de 1987 a 1991, Newton Cardoso falou sobre uma candidatura própria do partido, defendendo a união em torno dos nomes de Josué Alencar ao Senado e de Adalclever Lopes ao Governo do Estado. Ele ainda disse que hoje existe o MDB sadio, bem como a parte do partido considerada por ele como podre. 

No evento também foi lançado o livro “A verdade por trás da lenda”, biografia do ex-governador Newton Cardoso, um dos fundadores do partido em Minas Gerais.

Polaridade - O empresário Josué Alencar, filho do ex-vice-presidente da República José Alencar, disse que o País se encontra diante de uma encruzilhada.

"Estamos entre um Brasil que tem tradição de ser solidário, tolerante, em que as reformas econômicas visam ao estado mais eficiente, versus um país indiferente, radicalizado, que propõe um estado mínimo, em que reformas econômicas são feitas para saciar a sede do mercado financeiro. O MDB está do lado correto dessas escolhas”, disse.

Para ele, o MDB tem que voltar a ser um ponto de união e está pronto para assumir a vanguarda desse trabalho. “A história de lutas e conquistas nos credencia para esse desafio”, afirmou.

"Unidos pela boa causa, nós mineiros podemos e devemos dar ao País o exemplo de luta e determinação em favor da harmonia política e melhorar as condições de vida do povo", concluiu Josué Alencar.

Partido é lembrado por sua história de resistência

O vice-governador e presidente do MDB em Minas, Antônio Andrade, enalteceu o papel do partido na história política do País, como sua luta contra a supressão de direitos constitucionais, a censura e a perseguição política na ditadura militar, bem como seu empenho pela elaboração da Constituição da República.

Nesse contexto, ele também citou políticos que cooperaram para o desenvolvimento do País, como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães. “Somos um partido plural, com ideias diversas e que sempre converge para o entendimento e a defesa do bem comum”, disse.

O senador Roberto Requião (PMDB-PR), presidente do partido no Paraná e da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional, disse que a cerimônia representa o renascimento do MDB no Brasil, a partir de Minas Gerais. Para ele, o partido encontra-se atualmente invadido por ideias que não traduzem a sua essência.

Para ele, o Estado é o protagonista das antigas perspectivas e ideais do partido, como o desenvolvimento, o nacionalismo e a democracia. O senador ainda falou sobre o que considerou a precarização de direitos do trabalhador, referindo-se a mudanças na legislação.

O líder da Maioria na ALMG, deputado Tadeu Martins Leite (PMDB), que representou os parlamentares autores da homenagem, pontuou que, no momento atual, é importante focar no presente e no futuro do Estado e do partido e destacou o protagonismo da participação de Minas no cenário político nacional.

“Não posso falar em futuro sem reverenciar Josué Alencar, um dos maiores empresários do Brasil, que aprendeu com seu pai, José Alencar, a fazer a política da construção. E também não posso deixar de citar o nome de Adalclever Lopes, um conciliador político e grande gestor”, completou.

O deputado federal Fábio Ramalho (PMDB-MG) pautou seu discurso na atual situação do Estado e como o partido contribui para melhorar essa realidade. "Minas está num momento difícil, mas ninguém quebra o Estado em três anos. Esse Estado vem quebrando há mais de 30 anos e temos que tomar medidas para dar ao cidadão melhores estradas, educação e saúde", afirmou.

O deputado também frisou que o momento não é apenas para lembrar o brilhante histórico do MDB, mas sim pensar no futuro do partido e na coragem necessária para dar ao País o que ele necessita: a retomada de empregos e a recuperação da segurança. “Sou contra o armamento, mas neste momento sou a favor de leis duras, que possam dar ao cidadão o direito da defesa”, concluiu.

A secretária adjunta de Estado de Cidades e Integração Regional, Eloísa Helena Carvalho de Freitas, afirmou que o MDB é um partido identificado com os interesses da população, com a defesa das minorias e com o combate à corrupção.

Ela falou sobre a luta para que a participação das mulheres na política cresça, tendo em vista a "capacidade das mulheres de agregar bastante no cenário político nacional".

Apoio - O vice-presidente nacional do PT, Luiz Dulci, disse que a celebração é justa, uma vez que o verdadeiro MDB, que lutou pela justiça social, pela soberania nacional e pela democracia, é um patrimônio do País.

“O desafio é fazer com que o Brasil retome o caminho da democracia, que foi interrompido recentemente, e do desenvolvimento. Queremos ser parceiros do verdadeiro MDB na luta de resistência, na defesa do estado democrático e da soberania”, disse.

Segundo Luiz Dulci, a política do Brasil está muito desqualificada, mas a arte da política é imprescindível e faz parte dessa arte saber conciliar, inclusive com a oposição, e elogiou o presidente Adalclever Lopes pela sua capacidade de diálogo.

A pedido de Lula, ele disse que o partido possibilitou ao ex-presidente que tivesse "o melhor vice-presidente possível", referindo-se a José Alencar.

TSE - No último mês de dezembro, uma convenção nacional do então PMDB decidiu pelo retorno ao nome original da leganda: MDB. A alteração já foi comunicada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas ainda não foi oficializada pela corte. Por isso, na Assembleia Legislativa, o partido continua sendo chamado de PMDB.