Ato das mulheres realizado em março de 2017 em várias cidades brasileiras, incluindo BH (foto), iniciou uma série de protestos contra a reforma da Previdência - Arquivo ALMG
Thaís Mátia valoriza a importância da luta das mulheres pela igualdade de direitos entre os gêneros
Em 8 de março de 2017, militantes protestaram na ALMG contra violações de direitos

Programação especial valoriza luta por direitos das mulheres

Em parceria com entidades da sociedade civil, ALMG organiza eventos e mobilização pela internet no Dia da Mulher.

01/03/2018 - 15:04 - Atualizado em 01/03/2018 - 16:40

Em 2018, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e diversas entidades parceiras se uniram para ampliar a celebração do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março. O resultado é a programação especial Mulheres na Luta por Direitos: Resistência, Poder e Democracia. Totalmente gratuita, a agenda de eventos culturais e de mobilização se inicia na segunda-feira (5/3/18) e prossegue até quinta (8), data consagrada como o dia de fortalecimento da luta pelos direitos das mulheres.

A ALMG participa da programação por meio da Comissão Extraordinária das Mulheres. Entre os parceiros estão coletivos e entidades ligados às causas femininas. A mobilização culmina no dia 8, com um grande evento unificado na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, que inclui uma audiência pública da comissão parlamentar, a partir de 10h15.

Na internet, a programação é acompanhada por um convite da Assembleia para que mulheres de todas as faces contem sua história, por meio das hashtags #MulheresNaLuta e #EuLutoPor.

De acordo com a deputada Marília Campos (PT), presidente da Comissão Extraordinária das Mulheres da ALMG, a ampla mobilização é um esforço para chegar às mulheres mais sujeitas a exploração e abusos.

“O dia 8 de março será importante para levar a Assembleia para as ruas, organizar as mineiras e defender a democracia, que só será plena com a garantia de direitos para as mulheres, sobretudo das mulheres negras”, afirma a deputada.

Coordenadora do Núcleo Jovem do Movimento Olga Benário, Thaís Mátia acredita que a mobilização do dia 8 tem importância e alcance que vão além do próprio feminismo. “No ano passado, foi o ato das mulheres, em março, que deu início a uma série de protestos contra a reforma da Previdência, que prejudica sobretudo as mulheres”, afirma.

O Movimento Olga Benário, que atua em vários estados, criou em Belo Horizonte a Casa de Referência da Mulher Tina Martins, que presta assistência psicológica e jurídica, além de oferecer abrigo a quem está em situação de risco. A entidade é apenas um exemplo das muitas que participam da programação, em parceria com o Legislativo.

Programação - Os eventos se iniciam no dia 5, com a aula inaugural do "Ciclo de Palestras e Debates Mulheres na política: história, lutas, conquistas e perspectivas". Oferecido pela Escola do Legislativo, o curso já está com vagas esgotadas.

No dia 6, a partir de 9 horas, mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) acampam na Praça da Assembleia, em campanha pela aprovação da Política Estadual de Tratamento dos Atingidos por Barragens e outros Empreendimentos.

No dia 7, há atividades programadas na Praça da Assembleia entre 8 e 18 horas, incluindo debates sobre direitos das mulheres, oficina de bordados e apresentações culturais, tais como capoeira infantil, samba de roda e hip hop.

No dia 8, parte do grupo acampado marchará rumo à mobilização na Praça Sete, unindo-se a outros movimentos e coletivos de mulheres. Ao longo do dia, as lideranças se revezarão em uma programação de debates, enquetes, oficinas e apresentações culturais. Entre as atrações estão o Quarteto Musical da Polícia Militar, aulão aberto de dança e o grupo Teatral da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania de Belo Horizonte.

Mobilização começou na internet

Na internet, a mobilização começou em fevereiro, por meio da campanha #MulheresNaLuta. A palavra-chave serve para unificar discurso e iniciativas nas redes sociais, e foi criada coletivamente nas reuniões preparatórias dos eventos deste ano. A principal intenção é incentivar cada uma a contar sua batalha diária, algo muito familiar para a geração mais jovem.

Em organizações estudantis, como a Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Belo Horizonte (Ames-BH), que tem uma diretoria feminista, a internet é uma ferramenta comum para conscientizar as meninas e incentivá-las a se engajarem na luta.

A estudante Laura Moreira, de 18 anos, que é integrante da Ames, explica que o uso das redes sociais também é fundamental para se contrapor ao discurso violento e machista que existe nesses espaços. “A internet também é muito usada para agredir as mulheres. Por isso, é muito importante a gente cair pra disputa nesses meios”, afirma ela.

Desafio ainda maior é levar proteção e conscientização às mulheres que permanecem isoladas e invisíveis, conforme relata a coordenadora da Comissão Estadual de Mulheres Trabalhadoras Rurais, Alaíde Bagetto, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg).

“Não há estatísticas sobre as mulheres do campo, mesmo elas sendo capazes de fazer algo como a Marcha das Margaridas, que reuniu quase cem mil mulheres do Brasil inteiro”, lamenta Alaíde. “Essas campanhas chegam no meio rural, mas a passos lentos, porque a tecnologia ainda não chegou até lá. Há lugares que nem energia elétrica têm”, alerta a dirigente sindical.