Comissão visitou o Hospital da Polícia Militar de Minas, com o intuito de conhecer as condições de trabalho dos servidores, os recursos e o funcionamento
O deputado Sargento Rodrigues defende a investigação de denúncias de desvios de recursos do IPSM

Riscos de sobrecarga no Hospital Militar preocupam comissão

Gestor diz que verbas estão em dia, mas deputados alertam que demanda pode aumentar por cortes em rede conveniada.

22/02/2018 - 17:45 - Atualizado em 23/02/2018 - 11:46

O diretor de saúde da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), coronel Márcio Linhares, disse nesta quinta-feira (22/2/18) que os repasses financeiros para custeio do Hospital Militar estão em dia e que o atendimento se mantém normal, com a média de duas mil consultas e 30 cirurgias realizadas por dia.

Repassada à Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) durante visita à unidade, a informação foi contraposta por deputados e entidades de classe. A partir de reclamações recebidas de militares, eles relataram ao representante da corporação que a tendência é de que o Hospital da Polícia Militar (HPM) seja exposto a "riscos de sair da normalidade para viver momentos de caos".

O motivo seria o possível aumento da demanda a curto prazo, diante da recusa de atendimento a militares e seus dependentes pela rede conveniada, provocada pela falta de pagamento do Estado.

"Vemos um cenário ruim, de destruição da rede conveniada, levando a uma avalanche ao hospital por falta de estrutura no interior", criticou o presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT). Ele solicitou a visita juntamente com os deputados João Leite (PSDB), também presente, e Coronel Piccinini (PSB).

O objetivo foi apurar as consequências da dívida de quase R$ 3 bilhões que o Estado tem com o Instituto de Previdência dos Servidores Militares (IPSM), que não tem recebido a parte que lhe cabe da contribuição patronal e também repasses ao programa que financia habitação militar.

O valor da dívida com o IPSM foi repassado à comissão pela própria instituição em visita anterior, no último dia 5, quando foram discutidos atrasos no pagamento à rede conveniada por atendimentos de saúde já prestados.

Segundo o gestor da PMMG, a situação exposta não estaria afetando a rotina do Hospital Militar. O presidente da comissão, contudo, questionou o diretor de saúde da PMMG sobre ofício da corporação, emitido na véspera, e que no entendimento do parlamentar indicaria uma possível desarticulação da rede conveniada, com riscos de sobrecarregar o hospital.

O documento solicita que, a partir de março, os atendimentos de militares e seus dependentes sejam feitos preferencialmente pelo chamado sistema orgânico da PMMG, formado pela rede própria da corporação. Além do hospital, situado no Bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, a PMMG mantém 69 Núcleos de Atenção Integral à Saúde (Nais) pelo Estado.

O gestor rebateu o temor, dizendo se tratar apenas de uma orientação interna para valorizar a rede própria de saúde da PMMG. Segundo ele, o objetivo não seria acabar com os convênios, e sim racionalizar o atendimento na rede própria já existente e coibir eventuais desvios.

Atendimento no interior pode ser prejudicado

O deputado federal Subtenente Gonzaga (PDT-MG) chamou a atenção para as distâncias que separam os vários municípios mineiros das sedes das Nais, defendendo que sejam regularizados os pagamentos dos convênios para que o atendimento, sobretudo no interior, não seja prejudicado.

Da mesma forma, o cabo Álvaro Rodrigues Coelho, presidente do Centro Social dos Cabos e Soldados, cobrou que a corporação leve em conta a dimensão do Estado ao orientar suas equipes e dimensionar a rede.

Segundo ele, o aumento da demanda por atendimento em Belo Horizonte já pode ser observado pelo aumento da procura por abrigo que tem chegado à entidade, vinda de militares ou familiares do interior. "Os Nais atendem mais o primeiro socorro e, sem os convênios atendendo fora da Capital, a maior preocupação é com o aumento da procura em Belo Horizonte", afirmou.

No mesmo sentido, o presidente da comissão expôs denúncias recebidas de militares do interior sobre dificuldades para atendimento em locais distantes da Capital. Um sargento lotado em Ponto Chique (Norte de Minas), recorrendo à rede conveniada na cidade vizinha de Montes Claros, teria tido recusado o atendimento à esposa, mãe de um recém-nascido de 19 dias de vida e que estaria sofrendo de anemia profunda após o parto. O diretor de saúde da PMMG determinou a apuração do caso.

Mobilização - Considerando a visita como soma de esforços entre parlamentares, entidades e gestores para garantir o bom atendimento previdenciário e de saúde aos militares, Sargento Rodrigues defendeu que a mobilização da categoria seja fortalecida nessa direção e que seja apurado pela ALMG o desvio, pelo Estado, de quase R$ 3 bilhões devidos ao IPSM.

Universo - Segundo dados do diretor de saúde da PMMG, o Hospital Militar tem recebido mensalmente o montante de R$ 4 milhões, repassados diretamente pelo IPSM para o custeio. No ano passado, os repasses totalizaram R$ 43 milhões e, para este ano, estão previstos R$ 57 milhões, disse ainda.

O hospital, segundo o gestor, atende a um universo de 230 mil pessoas, entre militares e seus dependentes. Possui dois mil funcionários, dos quais a metade composta por militares. "O hospital funciona perfeitamente e tem credibilidade excepcional", frisou.

Consulte o resultado da visita.