Comissão intervém para reduzir violência em regiões de BH
Deputados querem visitar responsáveis pela segurança nos Bairros Pilar e Olhos d'Água nos próximos dias.
20/02/2018 - 14:19 - Atualizado em 20/02/2018 - 14:31Deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) querem visitar, nos próximos dias, as companhias de polícia responsáveis pelos Bairros Pilar e Olhos d'Água, que ficam na região do Barreiro, em Belo Horizonte.
Os requerimentos para as visitas e reuniões na 8ª Área Integrada de Segurança Pública (AISP) devem ser aprovados nesta quarta-feira (21/2/18), de acordo com o presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT).
O aumento da criminalidade nos bairros foi tema de uma audiência pública da comissão, nesta terça-feira (20). Vários moradores e comerciantes locais reclamaram da falta de segurança e pediram policiamento no local, mas nenhum representante do Comando da Polícia Militar esteve presente à reunião.
Sargento Rodrigues, que solicitou a reunião, lamentou a ausência de autoridades convidadas e afirmou que um dos requerimentos será um pedido de providências endereçado ao governador Fernando Pimentel, porque, segundo frisou, o comando da PM tem se recusado a participar das audiências na Assembleia.
Violência assusta moradores e afasta comerciantes
O presidente da associação comunitária Pilar Social, Phelipe Richard de Souza Rodrigues, disse que, além da recente onda de assaltos e violência em geral, a possibilidade de bandidos do Rio de Janeiro se instalarem na região também preocupa muito os moradores e comerciantes do bairro.
"Bandido não muda de personalidade, de caráter, por causa de uma invasão militar ou ocupação; ele muda de local", afirmou, referindo-se à presença do Exército no Rio de Janeiro.
O deputado João Leite (PSDB) lembrou que grande parte da malha rodoviária federal presente no Estado passa pelas comunidades, o que aumenta a insegurança neste momento que o País vive. "Pilar e Olhos d'Água são o primeiro acesso do Rio de Janeiro para cá", afirmou o parlamentar.
Segundo Aila Campolina de Sá Barbosa, comerciante na região e vítima de vários assaltos, as empresas estão sendo obrigadas a mudar a rotina e liberar trabalhadores mais cedo, por causa do medo. "Ninguém quer andar à noite por lá", enfatizou.
Moradores relataram, ainda, que os bairros não têm um caixa eletrônico sequer, diante do risco de assaltos. "O morador tem que pegar ônibus para sacar um dinheiro e os comerciantes só podem trabalhar com cartão", confirmou Aila Campolina.
Valmir Ferreira Salomé, também comerciante, disse que quem não tem condições de pagar por segurança privada e, por isso, está indo embora do bairro. Ele afirmou que os índices apresentados pelo governo são irreais, porque grande parte das vítimas da violência não consegue nem registrar a ocorrência.
A moradora Sandra Aparecida Souza relatou vários atos violentos contra mulheres, nos pontos de ônibus e nas ruas do bairro. Segundo ela, um dos seus filhos tem deficiência física e já foi assaltado várias vezes, o que a deixou emocionalmente muito abalada.
Delegado pede apoio da população
O único representante das polícias que compareceu à audiência foi o delegado da Polícia Civil Flávio Henrique Grossi, da 4ª Delegacia do Barreiro, e que também é responsável pela 8ª Área Integrada de Segurança Pública. Ele afirmou que recentemente foi resolvido um conflito territorial que havia entre as polícias, nos Bairros Pilar e Olhos d'Água.
Com um efetivo de apenas 15 policiais civis por turno, ele pediu apoio da população e convidou os moradores para irem até a delegacia, para discutirem pessoalmente alternativas para combater os furtos, roubos e também o tráfico de drogas.
Sargento Rodrigues agradeceu a disponibilidade do delegado e relembrou a luta pela integração das Polícias Civil e Militar, como ponto fundamental no combate ao crime. Como exemplo, ele citou a Lei 13.968, de 2001, fruto de projeto de sua autoria, que possibilitou o compartilhamento de informações da segurança pública no Estado.
Ocupações - Segundo o delegado Flávio Grossi, as constantes invasões de terrenos na região também são uma preocupação da polícia e ainda um grande problema social. "Aquilo lá vai virar um enorme e complexo aglomerado. Pessoas até de outras regiões e estados estão vindo e ocupando ali".
O deputado João Leite sugeriu ao delegado que faça uma investigação mais profunda sobre as ocupações. Ele disse desconfiar que haja um líder encabeçando todas as invasões naquela região e que estaria "ganhando muito dinheiro com isso".