Minas Gerais exporta R$ 7,4 bilhões em produtos agrícolas
Gilson Sales contextualizou a evolução do queijo artesanal mineiro
Burocracia dificulta produção e venda de queijo artesanal

Tecnologia garante reconhecimento para a agricultura mineira

Especialistas defendem mais investimentos em pesquisa para produtos especiais, como café, queijo, vinho, azeite e mel.

30/11/2017 - 14:45 - Atualizado em 30/11/2017 - 17:29

O reconhecimento internacional da qualidade de produtos artesanais mineiros, como café, queijos, vinhos, azeites e mel, passa pelo crescente investimento em pesquisa e tecnologia. A constatação é de especialistas a autoridades que participaram da abertura do Ciclo de Debates Produtos Especiais dos Campos de Minas – As tecnologias e os mineiros em destaque, na manhã desta quinta-feira (30/11/17). O evento, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), vai até sexta-feira (1°/12).

O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapemig), Evaldo Ferreira Vilela, fez uma palestra magna sobre o cenário da agropecuária mineira. Segundo ele, é preciso comemorar os avanços obtidos no mercado de produtos especiais, mas ainda há muito potencial para crescimento.

Ele lembrou que, há 40 anos, o Brasil importava a maior parte dos seus alimentos, assim como tecnologia de produção. “Hoje, somente Minas Gerais exporta R$ 7,4 bilhões em produtos agrícolas. Isso se dá graças à pesquisa aplicada à agropecuária”, afirmou.

Evaldo Vilela destacou, ainda, que o crescimento do setor no Estado é sustentável e, ao longo das décadas, promoveu uma queda real de 70% no preço dos alimentos. Para ele, é necessário valorizar os produtos especiais, que são premiados em todo o mundo.

“O empreendedorismo do agricultor mineiro faz a diferença. Nossos desafios passam por agregar valor aos produtos, por meio de tecnologia, e novos negócios com as startups”, completou.

Crescimento do PIB nacional depende do agronegócio

Parlamentares e autoridades apontaram a agricultura como o mais importante segmento da economia brasileira. O presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da ALMG, deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB), celebrou o fato de o café e o queijo mineiros estarem sendo cada vez mais respeitados em todo o mundo.

Na sua opinião, é preciso mostrar que Minas Gerais produz itens de excelente qualidade. “Precisamos cobrar mais investimentos do poder público. Temos potencial para crescer anda mais”, salientou.

O vice-presidente da mesma comissão, deputado Fabiano Tolentino (PPS), também alertou que, sem a agricultura e a pecuária, a balança comercial do Brasil estaria comprometida. Ele chamou atenção para o entrave comercial provocado pela legislação ambiental, por entender que a burocracia prejudica o desenvolvimento do Estado.

Apoio governamental – O secretário de Estado adjunto de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Amarildo Kalil, destacou o trabalho de longo prazo em pesquisa, que vem qualificando os produtos da agricultura mineira.

Segundo ele, o segmento tem importância econômica, social e cultural, e o governo trabalha intensamente em busca de qualidade e espaço nos mercados nacional e internacional.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) também compôs a mesa de abertura e destacou o ciclo de debates como forma de fomentar a agricultura.

Queijos artesanais se destacam pelo mundo

O superintendente de Agroindústria da Secretaria de Estado de Agricultura, Gilson Sales, falou sobre a evolução do queijo artesanal mineiro nas últimas décadas, no painel específico sobre o produto.

Segundo ele, no início do século a produção era precária e sem garantias e regras sanitárias. Com isso, a produção era pequena e com baixo valor de mercado. A partir de 2012, de acordo com ele, houve um movimento de resgate e valorização dos queijos artesanais, o que motivou a primeira lei estadual específica sobre o produto no País (Lei 20.549).

“Isso deu início a um processo de reconhecimento por parte dos mercados brasileiro e mundial. Hoje existem sete microrregiões produtoras no Estado”, relatou.

O gestor entende que o clima mineiro permite uma diversidade de produtos semelhante à da França. Por isso, defendeu a criação de condições para que haja inovação e, ao mesmo tempo, a manutenção do tradicional do queijo minas artesanal.

“As pesquisas em tecnologia são recentes e datam do início dos anos 2000. Temos que estimular as escolas e instituições que investem em pesquisa e construir uma legislação moderna, que garanta o crescimento do mercado”, pontuou o gestor.

Da mesma forma, o presidente da Comissão Técnica do Queijo Minas Artesanal da Federação da Agricultura e Pecuária (Faemg), Túlio Madureira, pediu mais investimento em tecnologia no processo de produção.

Gastronomia – O jornalista Eduardo Tristão Girão, especializado em culinária mineira, disse que os queijos artesanais mineiros vivem um bom momento nos mercados nacional e internacional. Segundo ele, os produtores têm investido em tecnologia, o que tem levado o consumidor a adquirir mais produtos maturados, além dos frescos, que tradicionalmente fazem parte da mesa dos mineiros.

Ao defender uma melhor remuneração para os agricultores familiares, citou o sucesso das harmonizações de queijos e cervejas artesanais feita em Minas Gerais. “Existem inúmeras possibilidades do uso do produto na gastronomia, desde pratos principais a entradas e sobremesas. Precisamos valorizar não só o queijo, mas os azeites e bebidas feitos aqui”, finalizou.