Participantes dos grupos de trabalho puderam analisar, modificar e até suprimir propostas em quatro áreas
Valéria buscou garantir a inclusão dos centros socioeducativos em propostas
Marília e Cleide acreditam na propagação das boas iniciativas ligadas à leitura

Grupos elegem propostas para votação final no fórum do livro

Sugestões, que contemplam quatro temas, serão analisadas em plenária nesta sexta-feira (24).

23/11/2017 - 18:33

Apresentar, modificar ou suprimir proposta; argumentar, defender um ponto de vista; votar. Essa rotina foi vivenciada, nesta quinta-feira (23/11/17), pelos participantes dos quatro grupos de trabalho do Fórum Técnico Semeando Letras – Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas. Eles lapidaram as sugestões que serão analisadas na plenária final do evento, nesta sexta (24), a partir das 9 horas, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

No grupo 1, sobre Democratização do acesso, a ênfase foi na criação de bibliotecas, sejam elas públicas, em escolas ou prisões. “Esse é o grande ponto para se garantir o acesso à leitura, porque é de graça; você não precisa comprar o livro”, defendeu Marília de Abreu Martins de Paiva, moradora de Contagem (RMBH) e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Segundo ela, o grupo também destacou a manutenção das bibliotecas, tanto de sua estrutura física quanto de recursos humanos. “Há pessoas sem capacitação, outras em desvio de função”, exemplificou. Por isso mesmo, uma das propostas aprovadas foi a que prevê a realização de concursos para a contratação de bibliotecários.

A profissionalização surgiu também no grupo 2, que tratou do Fomento à leitura e à formação de mediadores. A bibliotecária Elenice Freitas, de Monsenhor Paulo (Sul de Minas), lamentou que a proposta de criação de mais cursos de biblioteconomia tenha sido suprimida. “Eu não tenho essa formação, mas acho importante. Ela te dá mais recursos para ser um mediador ou até um contador de histórias”, afirmou.

Menores infratores – A professora Valéria Anacleto Santos, de Divinópolis (Centro-Oeste) conseguiu incluir os centros socioeducativos em várias propostas, como a de criação de bibliotecas, a de formulação de projetos de leitura e a de formação de mediadores e contadores de histórias.

Ela conta que, em reunião com profissionais de centros socioeducativos, descobriu que a falta de bibliotecas nessas unidades é um problema comum. “Quando você leva o aluno à biblioteca, a motivação é maior do que quando você leva um livro para ele. Ali ele tem um universo”, apontou, do alto de seus 34 anos de sala de aula.

Bons exemplos podem ser inspiradores

O grupo 3, da Valorização institucional da leitura e de seu valor simbólico, quer a divulgação dos projetos que já vêm sendo feitos nas escolas, inclusive para que possam ser replicados. Em Bocaiuva (Norte de Minas), por exemplo, alunos de uma escola da zona rural estão lendo para idosos e para moradores de assentamento.

Tudo começou como uma atividade pedagógica, lançada pela professora Marília Faria Vitória, mas o projeto ganhou tantas adesões, que já não cabe na escola. Marília soube de outra professora que criou uma moeda para incentivar a leitura e agregou mais essa novidade em Bocaiuva. Assim, o aluno que lê para idosos ganha “Leios” para, depois, trocar por chocolates e outros brindes.

“São coisas incríveis, que estão sendo feitas do nosso jeito mineiro caladinho, mas que podem inspirar outras pessoas. Como vamos saber disso se não houver uma divulgação?", defendeu Cleide Fernandes, servidora da Secretaria de Estado de Cultura. O grupo 3 foi o primeiro a concluir o trabalho. Para Cleide, o consenso veio do entrosamento, já que a maioria dos participantes participou das reuniões regionais.

Cadeia produtiva – No grupo 4, que tratou do Desenvolvimento da economia do livro, a distribuição foi um dos problemas abordados. “O governo aumentou o valor dos fretes via Correios. Com isso, em muitos sites, a remessa fica mais cara que o próprio livro. Uma das pautas é não deixar que isso aconteça”, frisou Guilherme Leite, livreiro de Belo Horizonte.

Outra proposta, segundo ele, é a de valorização do livreiro, que, mais do que um comerciante, é um mediador da leitura. “O fórum técnico é uma oportunidade para essa discussão. Há um sucateamento da profissão por causa da internet. Enfrentamos resistência de autores e editores, mas estamos na linha de frente do mercado editorial”, ponderou.

O Fórum Técnico Semeando Letras está sendo realizado em parceria pela ALMG e as Secretarias de Estado de Cultura (SEC) e de Educação (SEE). O objetivo é avaliar propostas do Poder Executivo e apresentar contribuições da sociedade civil para a elaboração do Plano Estadual do Livro.

Essa ferramenta vai estabelecer metas e diretrizes para o governo nos próximos dez anos, a fim de valorizar o livro e democratizar o acesso às bibliotecas.