Lançamento do plano deve ser em março de 2018. Entre outras ações, está previsto um portal de informações com loja virtual, para a venda de artesanato
Deputados ressaltaram a importância do setor para Minas Gerais e para o Brasil

Artesãos apresentam demandas do setor em audiência

Governo anuncia Plano de Desenvolvimento do Artesanato para incentivar a comercialização, um dos principais gargalos.

08/11/2017 - 20:04

Pontos de venda, acesso a crédito e capacitação. Artesãos e gestores de vários municípios mineiros listaram essas e outras demandas como gargalos que impedem o pleno desenvolvimento do artesanato no Estado. Eles participaram, nesta quarta-feira (8/11/17), de audiência da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Na mesma reunião, o responsável pela área no Governo do Estado anunciou o lançamento do Plano de Desenvolvimento do Artesanato, que pretende impulsionar a área, a exemplo do que foi feito com a gastronomia mineira. Entre outras ações, o plano prevê um portal de informações com uma loja virtual, na qual os artesãos poderão fazer a venda direta de seus produtos.

Thiago de Souza, referência do artesanato na Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento Integrado e Fóruns Regionais (Seedif), detalhou que o esboço do plano já foi encomendado e deve haver um lançamento inicial em março do próximo ano. Sebrae e universidades são parceiros no projeto. Em seguida, o governo quer ouvir os artesãos nos territórios de desenvolvimento.

A expectativa é de que o portal de vendas amenize o gargalo da comercialização. “O consumidor de artesanato quer saber como foi feito, a inspiração. O artesão é o melhor vendedor”, enfatizou Thiago. Ele citou outras ações do Poder Executivo, entre as quais os mutirões de cadastramento dos artesãos, em andamento. O número de profissionais inscritos, que era de 1.630 em março, já está em 5 mil.

Artesanato responde por 3% do PIB do País

Mesmo enfrentando gargalos, não só em Minas, mas no País, o artesanato responde por 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Os 8,5 milhões de artesãos movimentam R$ 50 bilhões por ano, segundo dados apresentados pelo deputado Glaycon Franco (PV), autor do requerimento para a audiência. Em Minas, segundo o parlamentar, são mais de 300 mil artesãos, com receita anual de R$ 2,2 bilhões.

“Temos que estimular essa forma de economia criativa, com ferramentas para o artesão produzir mais e comercializar”, afirmou o deputado. Ele frisou que Minas foi o Estado mais premiado na última edição do prêmio do Sebrae e citou iniciativas em andamento, como a criação de um arranjo produtivo local (APL) de artesanato na região de São João del-Rei (Região Central do Estado).

O deputado Bosco (Avante), presidente da comissão, salientou que o segmento, além de movimentar a economia, mantém viva a história do Estado. “É uma indústria que não polui e que, muitas vezes, ainda reaproveita materiais que seriam descartados”, pontou. O parlamentar ainda citou a atuação da ALMG na área, com a cessão de espaço para exposições de artesanato.

Mestres – A manutenção da história do Estado, citada pelo deputado Bosco, foi tema de uma demanda do presidente do Centro de Artesanato Mineiro (Ceart), Luiz Augusto Pianetti. Ele lembrou a necessidade de valorização dos mestres e dos saberes que estão se perdendo em Minas.

“O Estado poderia ter uma escola que centralizasse esses saberes e também o conhecimento acadêmico sobre o artesanato”, sugeriu. Outro ponto destacado por Pianetti foi a dificuldade de acesso ao crédito, uma vez que o artesão não tem carteira assinada ou comprovação de renda. Ele salientou que a profissão de artesão só foi legalizada em 2015 e a população em geral ainda não reconhece esse profissional.

Secretários cobram recursos

Secretários municipais de cultura da Região Central de Minas participaram da audiência e destacaram outras demandas. “Os sistemas de financiamento de cultura não contemplam o artesão. Precisamos de um edital específico para o artesanato”, propôs o gestor de Conselheiro Lafaiete, José Geraldo de Almeida.

O subsecretário de Estado de Cultura, João Batista Miguel, informou que, a partir do próximo ano, o Fundo Estadual de Cultura (FEC) deve ampliar os recursos dos atuais R$ 10 milhões para R$ 40 milhões e passar a atender pessoas físicas.

Apoio financeiro para que os artesãos participem de feiras e o fortalecimento das exportações foram citados pelo secretário municipal de São João del-Rei, Marcus Frois. Participaram, ainda, o secretário de Prados, Jorge Rodrigues, e o representante da secretaria de Congonhas, José Félix Junqueira, além do vice-prefeito de Ouro Branco, Celso Roberto Vaz.

As mulheres, que predominam no segmento de artesanato, foram representadas por Efigênia Cipriano Nascimento, presidente da Associação dos Agricultores Familiares de Cipotânea. Ela contou como o trabalho em palha de milho, feito por 40 famílias, mudou a vida da cidade de 7 mil habitantes na Zona da Mata. “Nosso produto já foi até para a Itália”, comemorou.

Consciência Negra – A comissão aprovou requerimento do deputado Rogério Correia (PT) para realização de audiência destinada a discutir a preservação da cultura de matriz africana, tendo em vista as comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, em 20 de novembro, e a solenidade do VIII Prêmio Zumbi de Cultura, que homenageará pessoas que se destacaram nos campos das artes, da política e da cultura negra em Minas e no Brasil.

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