Audiência pública foi realizada pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia nesta terça-feira (31)
Para Mário de Assis, UEE deve ser valorizada, mas espaço não deve ser tirado do Cesec

Alunos querem que Cesec fique em imóvel no Bairro Floresta

Participantes de reunião são contrários à transferência de instituição educacional de local onde atende 5 mil alunos.

31/10/2017 - 17:13 - Atualizado em 31/10/2017 - 17:40

Alunos e professores do Centro Estadual de Educação Continuada (Cesec) Poeta Murilo Mendes reivindicam que a instituição permaneça no imóvel localizado na Rua Itambé, 49, Bairro Floresta, na Capital, onde está abrigada há seis anos. A demanda foi feita, nesta terça-feira (31/10/17), em audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O Governo do Estado anunciou, em junho deste ano, a doação do referido imóvel para a criação da Casa do Estudante Mineiro. Na época, justificou que o ato é uma devolução simbólica da sede da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG), que foi tomada durante a Ditadura Militar. A antiga sede da entidade era localizada na Rua Guajajaras 694, no Centro de Belo Horizonte.

Segundo a supervisora pedagógica do Cesec, Helenita de Barros e Freitas Fuscaldi, a instituição foi comunicada verbalmente sobre a necessidade de deixar o prédio até dezembro. O Cesec oferece cursos semipresenciais e também presta serviços aos jovens que necessitam de certificação de conclusão do ensino fundamental e médio, em tempo mais curto, por meio de bancas examinadoras.

Ela lembrou que a comunidade escolar lutou muito para conseguir uma nova sede para o Cesec, que funcionava antes na Avenida Assis Chateaubriand, também na Floresta. De acordo com a supervisora, o local atende bem à necessidade da instituição, que conta com quase 5 mil alunos.

Diferenças - Helenita de Barros contou que o local para onde o Cesec pode ser transferido fica na Rua Rio de Janeiro, 341, no Centro. De acordo com a supervisora, esse imóvel não é adequado para o funcionamento da escola.

Ela explicou que o prédio da Rua Itambé conta com quatro andares, 17 salas, auditório, refeitório, biblioteca, secretaria, sala da diretoria e de professores. Já, no da Rua Rio de Janeiro, seriam disponibilizados dois andares para o Cesec, onde não há divisórias.

Ela acrescentou que o espaço não conta com acessibilidade. Atualmente, 27 alunos com diversos tipos de deficiência são atendidos pela instituição. Além disso, idosos também frequentam a escola. Outro problema apontado foi a falta de ventilação.

O aluno do Cesec Paulo Perez Leal fez um apelo aos deputados para que ajudem a buscar uma solução. “Precisamos muito da escola. Somos gratos pela educação que recebemos. Queremos continuar no prédio em que estamos”, disse. Ele entregou à deputada Ione Pinheiro (DEM), que presidiu a reunião, um abaixo-assinado com a demanda.

Representantes de entidades são solidários à solicitação

O assessor executivo da Associação dos Professores Públicos de Minas Gerais, Mário de Assis, comentou que a entidade apoia a demanda do Cesec de permanecer no local. “Conheci o espaço há pouco tempo e me encantei pelo lugar, que oferece uma educação de qualidade”, disse.

Ele acrescentou que a UEE precisa ser reconhecida e ter um espaço digno, mas que a solução não pode ser tirar o espaço do Cesec. “O prédio novo oferecido não tem a menor condição de abrigar os alunos. Tem só uma porta e não tem ventilação”, criticou.

Para o presidente da Federação das Associações de Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais, Isaac Mamede da Silva, a escola está sendo "escorraçada" do espaço. “A federação está com vocês”, apoiou.

A advogada da Associação dos Professores Públicos de Minas Gerais, Janine Maria Nogueira, questionou o fato de o governo ter doado o imóvel em questão. “Uma doação deve passar pelo crivo da Assembleia Legislativa”, afirmou.

Ela contou que o novo imóvel tem uma escada antiga íngreme. “Como os alunos que são cadeirantes vão se descolar no lugar?”, questionou.

Deputados enfatizam importância do Cesec

De acordo com o deputado João Leite (PSDB), que solicitou a reunião, a situação é absurda. “O Cesec é muito importante”, ressaltou o parlamentar, que criticou a ausência de representante da Secretaria de Estado de Educação (SEE) na audiência.

O deputado Carlos Pimenta (PDT) se solidarizou com a demanda dos alunos e professores. “Ao longo da história, já atendeu quase 60 mil alunos. A instituição é relevante para quem quer dar continuidade aos estudos e ao aperfeiçoamento”, afirmou. Para ele, o resgate da história da UEE não pode ser feito interrompendo outra história.

A deputada Ione Pinheiro criticou as iniciativas do Governo do Estado. “Que governo é esse que não preocupa nem com a saúde e nem com a educação do seu povo?”, criticou.

Também apoiaram a demanda apresentada na reunião os deputados Duarte Bechir (PSD) e Antonio Carlos Arantes (PSDB).

Requerimentos – Na reunião, foram aprovados requerimentos, de autoria dos deputados João Leite, Carlos Pimenta e Ione Pinheiro, sobre o assunto. Entre eles, para uma visita ao prédio da Rua Rio de Janeiro e um pedido de informações à SEE sobre o motivo da mudança.

De autoria de João Leite e da deputada, também foi aprovado o encaminhamento a essa secretaria de abaixo-assinado recebido.

Consulte o resultado da reunião.