Comissão de Saúde debateu o cenário do câncer de mama e as politicas públicas em Minas Gerais
Henrique frisou que o tratamento deve começar até oito semanas depois da detecção da doença
Cláudia (centro) garantiu que há constante fiscalização dos serviços oferecidos

Deputados defendem mamografia a partir dos 40 anos

Especialista aponta necessidade de reduzir idade para realizar o exame pelo SUS, sem indicação médica.

18/10/2017 - 13:50 - Atualizado em 18/10/2017 - 15:58

A importância de melhorar os programas de prevenção de câncer de mama, principalmente com oferta periódica de mamografias no Sistema Público de Saúde (SUS) a partir dos 40 anos, foi a principal demanda apresentada em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na manhã desta quarta-feira (18/10/17).

A reunião foi motivada pelo Outubro Rosa, movimento marcado por campanhas para conscientizar sobre a prevenção e o tratamento do câncer de mama, e tratou de políticas públicas no Estado relativas ao assunto. 

Uma das questões abordadas foi o chamado “rastreamento organizado”. O médico Henrique Lima Couto, representante da Sociedade Brasileira de Mastologia (Regional Minas Gerais), explicou que é importante ter uma base de dados das mulheres e um projeto consistente de convocação para realizar os exames. Assim, seria possível detectar os casos precocemente e evitar exames desnecessários.

Segundo o médico, hoje, os exames são indicados para as mulheres, que vão, voluntariamente, aos postos de saúde. Como resultado, algumas não fazem os procedimentos recomendados, enquanto outras fazem mais do que o necessário. Henrique exemplificou que, em 2009, 40% das mulheres que fizeram exame de citologia no Brasil já o tinham feito no mesmo ano – o que seria desnecessário.

Para o médico, a mamografia deve ser oferecida de forma gratuita e periódica, pelo menos a partir dos 40 anos, e não aos 50, como define a atual política federal, que determina que antes dessa idade o exame só será oferecido por indicação médica.

O especialista destacou, ainda, que o ideal é que o tratamento comece em, no máximo, oito semanas depois da detecção da doença, mas que pesquisa feita no Hospital Alberto Cavalcanti, em Belo Horizonte, indica que isso só acontece depois de 90 dias.

Ele ressaltou, ainda, que vários tratamentos e medicamentos oferecidos com bons resultados na rede privada de saúde no início da doença são disponíveis para usuários do SUS quando a doença já está avançada, com prejuízos para os pacientes.

Depoimento - A jornalista Daniella Zupo contou que foi diagnosticada precocemente com câncer de mama e teve acesso imediato ao tratamento. De acordo com ela, sua cura só foi possível pela detecção da doença no estágio inicial. Daniella ressaltou que é importante oferecer exames preventivos antes dos 50 anos, no que foi apoiada por representantes de várias entidades da sociedade civil de apoio às mulheres com a doença.

“Belo Horizonte é hoje, em Minas Gerais, onde há a maior oferta de mamografias, mas o índice de mortalidade continua crescendo. Por que? Mais de 60% dos casos detectados já são de tumores de mais de dois centimetros”, disse Thadeu Rezende Provenza, superintendente da Associação de Prevenção ao Câncer na Mulher, que criticou a falta de apoio do poder público à causa.

Deputados apoiam política de prevenção consistente

Os deputados Antônio Jorge (PPS) e Carlos Pimenta (PDT), autores do requerimento que deu origem à reunião, salientaram a necessidade de priorizar a criação de políticas mais eficientes de prevenção e tratamento da doença. Carlos Pimenta defendeu que a mamografia volte a ser oferecida sem prescrição médica a partir dos 40 anos de idade.

Para o deputado Doutor Wilson Batista (PSD), são dois os desafios para o futuro: cadastrar todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade para garantir o maior alcance possível dos programas de exames preventivos; e criar centros oncológicos para que a Lei 22.433, de 2017, que determina que o tratamento seja iniciado no máximo em trinta dias depois do diagnóstico, possa ser efetivada.

O deputado Geraldo Pimenta (PCdoB) também apoiou a causa e ressaltou que é preciso pressionar os governos federal e estadual para criar uma política de prevenção consistente.

O deputado Bonifácio Mourão (PSDB) criticou o governador Fernando Pimentel, que teria, segundo ele, paralisado a construção de hospitais regionais que começaram a ser construídos na gestão anterior. Carlos Pimenta também criticou o atual governo, que teria reduzido os investimentos em programas importantes de prevenção ao câncer de mama.

Número de mamografias está crescendo, de acordo com SES

A representante da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Cláudia Carvalho Pequena, afirmou que a realização de mamografias tem aumentado, pelo menos desde 2010, e garantiu que há constante fiscalização dos serviços oferecidos.

"Temos carências, subfinanciamento e deficiências, mas estamos trabalhando para melhorar a cada dia. Se temos que lutar, que seja para um SUS mais forte", disse a representante da secretaria.

Ela também falou da importância do Outubro Rosa como um momento de discussões sobre o assunto e de conscientização, especialmente para que as mulheres possam cuidar da sua saúde a partir de, por exemplo, bons hábitos alimentares.

Consulte o resultado da reunião.