O movimento ganhou força no Brasil a partir de 2008 - Arquivo ALMG

Assembleia mobiliza sociedade na luta contra câncer de mama

Em meio ao Outubro Rosa, a quarta-feira (18) terá programação voltada para a prevenção da doença.

11/10/2017 - 11:07

A importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama será reforçada nesta quarta-feira (18/10/17) em um dia inteiro de programação educativa na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Sob a coordenação da Comissão de Saúde, será realizada mais uma audiência pública sobre o tema. O requerimento para o debate é dos deputados Carlos Pimenta (PDT), presidente da comissão, e Antônio Jorge (PPS), ambos médicos. O dia seguinte, 19 de outubro, é reconhecido como o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama.

A audiência, às 9 horas, no Auditório José Alencar Gomes da Silva, abre a programação do evento, que prosseguirá depois no Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira (Edjao). O espaço ganhou iluminação especial desde o início do mês em alusão ao Outubro Rosa, campanha difundida mundialmente para que as mulheres fiquem alertas para essa grave ameaça à saúde. A iluminação permanecerá até o final do mês e faz parte do projeto “Laços da Consciência”, em que o Parlamento mineiro dá sua contribuição a causas importantes para a sociedade.

Esse tipo de câncer é o que mais mata mulheres em todo o Brasil, sendo o segundo tipo em incidência geral, atrás apenas do câncer de pele. Em contrapartida, a prevenção, simples e eficaz, começa pela conscientização das mulheres, conforme reforça o deputado Carlos Pimenta. “Será um grande debate sobre as estratégias de prevenção e combate à doença, com a oferta de informações durante todo o dia. Por isso, queremos convidar todas as mulheres que trabalham ou frequentam a Assembleia”, afirma.

Saiba mais sobre o câncer de mama

O grande desafio é que o câncer de mama deixe de ser visto, por medo ou desconhecimento, como uma sentença de morte ou um mal inevitável e incurável. Ele apresenta sinais e sintomas em suas fases iniciais e quanto mais cedo for o diagnóstico, mais fácil é o tratamento e maiores as chances de cura. Um em cada três casos de câncer pode ser curado se for descoberto logo.

Como os demais tipos de câncer, o de mama é uma doença causada pela multiplicação de células anormais nessa região, que formam um tumor com potencial de invadir outros órgãos. Alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros são mais lentos. A orientação do Instituto Nacional de Câncer (Inca), é para que as mulheres observem suas mamas sem técnica específica, valorizando assim a descoberta casual de pequenas alterações mamárias.

É o caso de caroço (nódulo) fixo, endurecido e, geralmente, indolor; pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja; alterações no bico do peito (mamilo); pequenos nódulos na região embaixo dos braços (axilas) ou no pescoço; e, ainda, a saída espontânea de líquido dos mamilos. Nesses casos, deve-se procurar um médico imediatamente, mas tais alterações não significam, necessariamente, a confirmação da doença.

Estima-se que 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis, embora a doença não tenha somente uma causa. A idade é um dos mais importantes fatores de risco, pois cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem após os 50 anos. Homens também podem ter câncer de mama, mas a incidência neles é de 1% do total de casos diagnosticados.

Investimentos - A audiência e o restante da programação serão importantes também para cobrar mais investimentos na saúde, em especial na oncologia, sobretudo em nível estadual, conforme reforça o deputado Antônio Jorge. O parlamentar já foi secretário de Estado de Saúde, quando implantou o Programa Estadual de Prevenção e Controle do Câncer de Mama. Segundo ele, na atual gestão, esse programa foi praticamente extinto.

Com essa decisão, em 2016, foram realizadas 300 mil mamografias a menos em Minas Gerais, se comparado a 2014, quando o Estado esteve próximo de atingir a meta proposta de 800 mil mamografias. Na época, além da contratação de dez mamógrafos móveis para as regiões onde existiam vazios assistenciais, foi ampliada a faixa etária de rastreio, que passou a ser de 40 a 69 anos, e não a partir de 50 anos, conforme preconiza o Ministério da Saúde.

“Lamentavelmente, nada mais funciona. Os recursos orçamentários compatíveis com a magnitude de um programa como esse sequer foram alocados, apesar de os atos normativos continuarem em vigência”, afirma o deputado. Nesse sentido, segundo ele, a audiência será fundamental para que, ao debater a luta contra a doença no âmbito das políticas públicas, tanto pacientes quanto médicos e prestadores de serviço possam expor suas dificuldades.

Convidados contarão sua experiência com a doença

Para a audiência foram convidados, além do secretário de Estado da Saúde, o deputado licenciado Sávio Souza Cruz, representantes de entidades especializadas e ativistas da causa. Neste último caso estão, por exemplo, a presidente do Grupo Pérolas de Minas - Grupo de Apoio a Mulheres com Câncer de Mama, Maria Luiza de Oliveira; e a jornalista Daniella Zupo, que escreveu um livro contando sua luta para superar a doença: “Amanhã Hoje é Ontem”.

O Edjao terá estandes, das 9 às 17 horas, para prevenção e apoio a pacientes em tratamento oncológico e oficina de autoexame de mamas e axilas por meio do protótipo Mamamiga Tech, um simulador virtual da Associação de Prevenção ao Câncer da Mulher (Asprecam). Nos estandes, será distribuído material informativo e brindes. No do projeto “A Vida é Bela”, por exemplo, fisioterapeutas darão dicas de prevenção e também serão distribuídos kits de beleza (batom, bijuterias e esmaltes) para pacientes oncológicos.

A partir das 14 horas, uma roda de conversa com a psicóloga Adriane do Carmo Pedrosa, do Instituto Mário Penna, focará o lado psicológico no enfrentamento do câncer de mama. Duas pacientes da instituição devem participar das discussões. O Mário Penna, que mantém hospital de mesmo nome, é referência no Estado no tratamento de câncer, sobretudo para a população carente.

Um grupo de pacientes da instituição desfilou no último dia 3, também durante audiência da Comissão de Saúde que discutiu a importância da conscientização para a prevenção do câncer de mama. Atividade que se repetirá ao longo do mês em vários locais, o objetivo do desfile das mulheres em tratamento de câncer é mostrar que a autoestima é indispensável para vencer a doença. Essa primeira audiência atendeu a requerimento do deputado Arlen Santiago (PTB), que também é médico.

Outubro Rosa – A campanha começou na década de 1990, nos Estados Unidos. No Brasil, o movimento ganhou força a partir de 2008, por iniciativa da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama).

Na ALMG, a preocupação com o câncer de mama não é novidade. Várias proposições sobre o tema já foram apresentadas. A legislação existente sobre o assunto será lembrada ao longo da quarta-feira (18) em sinalização especial que será instalada no Edjao.

Consulte a lista completa de convidados para a reunião.