O Legislativo mineiro apoia a campanha Brasil Verde desde 2016
Monumento em homenagem aos doadores de órgãos foi instalado nos jardins do Pátio das Bandeiras

Parlamento reforça campanha de estímulo à doação de órgãos

Palácio da Inconfidência será iluminado com a cor verde para simbolizar a esperança trazida pelo gesto.

20/09/2017 - 15:25

Para simbolizar a esperança de uma nova vida por meio da doação de órgãos, o Palácio da Inconfidência, sede da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), será iluminado com a cor verde a partir desta sexta-feira (22/9/17), em apoio à campanha Brasil Verde, que estimula esse gesto simples, mas que traduz um grande espírito de solidariedade.

A iluminação será visível até sexta (29) na parede de mármore localizada no Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira (Hall das Bandeiras). Na quarta-feira (27), é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos.

A doação de órgãos e tecidos, embora seja um tema erroneamente associado à morte, tem tudo a ver com a vida. A importância desse ato levou a ALMG a inaugurar, em junho de 2014, o Monumento em Homenagem aos Doadores Mineiros de Órgãos e Tecidos, localizado nos jardins do Pátio das Bandeiras. Uma escultura em bronze mostra uma mulher e um homem observando os nomes de 707 doadores mineiros, dispostos em 48 placas de aço.

Na Assembleia, também foram aprovadas diversas leis que tratam do assunto. É o caso da Lei 15.438, de 2005, que dispõe sobre o favorecimento, pelo Estado, da doação de sangue de cordão umbilical e placentário.

Lei 11.553, de 1994, dispõe sobre a ação do Estado com vistas ao favorecimento da realização de transplantes e 10.860, de 1992, institui a obrigatoriedade de notificação, em caráter de urgência, dos casos de morte encefálica.

Autorização - O passo principal para se tornar um doador ainda é conversar com a família e deixar bem claro o desejo. Os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte. É na simplicidade desse gesto que reside o principal gargalo que impede o aumento do número de doações, resultando em milhares de mortes na fila de espera por um transplante.

De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), de cada oito potenciais doadores no País, apenas um é notificado. São apenas 14,6 por um milhão, enquanto na Espanha, uma das referências mundiais quando o assunto é transplante, são perto de 40 por milhão.

Segundo informações da Associação Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), entidade que nasceu no Rio Grande do Sul após a morte de mais uma pessoa na fila de espera por um coração, diversos fatores contribuem para esse número, mas o principal é justamente a negação familiar.

Assim como a adesão da Assembleia ao Setembro Verde, o principal objetivo da entidade é cerrar fileiras para desfazer os mitos em torno do assunto e reverter um quadro de queda no número de doações. Daí a importância de campanhas de conscientização.

O MG Transplantes, órgão da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) que cuida do assunto, tem uma linha exclusiva de orientação à população: 0800-283-7183.

Minas despenca no ranking da solidariedade

Em Minas Gerais, as doações estão em queda há três anos. De acordo com a ABTO, de 2014 para 2016 houve queda de 11,4% no total de doações de órgãos efetivas no Estado, passando de 245 para 217.

Tanto no Brasil quanto em Minas, a recusa dos familiares foi a principal causa da não concretização. No País, esse índice foi de 43%, bem próximo ao percentual mineiro, de 45%. A recusa familiar em autorizar o procedimento cresce desde 2009 no Estado. Naquele ano, houve 74 recusas. No ano passado, foram 139.

Segundo o MG Transplantes, as 217 doações efetivas contabilizadas no ano passado foram resultado de 571 notificações, o que coloca o segundo estado mais populoso na sexta posição do ranking nacional. Quando considerado o número de notificações por milhão de habitantes, Minas ocupa a 19ª posição, com 27,4. Em doações efetivas, o Estado sobe para o 11º lugar, com 10,4 por milhão.

Tipos de doadores - O principal desafio é desfazer o mito de que os órgãos vitais podem ser retirados com a pessoa ainda viva. É preciso entender que existem dois tipos de doadores de órgãos, o que pode gerar alguma confusão no imaginário das pessoas: o doador cadáver e o doador vivo.

Neste último caso, trata-se de qualquer pessoa saudável que concorde com a doação, sem comprometimento de sua saúde e aptidões vitais. Por lei, podem ser cônjuges e parentes até o quarto grau. Para aqueles que não são parentes do paciente, é preciso autorização judicial, justamente para coibir que se obtenha lucro com esse gesto de solidariedade.

Os doadores vivos podem doar um dos rins, a medula óssea, uma parte do fígado, uma parte do pulmão e uma parte do pâncreas.

Embora pareça óbvio, sempre é bom ressaltar que, no caso do doador cadáver, a doação só pode ocorrer após a constatação de morte encefálica, que é a interrupção irreversível das funções cerebrais.

Nesse caso, o doador é capaz de salvar mais de 20 pessoas, podendo doar córneas, coração, fígado, pulmão, rins, pâncreas, ossos, vasos sanguíneos, pele, tendões e cartilagem. Os transplantes ocorrem por meio de uma cirurgia tradicional e ao fim do procedimento o corpo é reconstituído, podendo ser velado normalmente.