A AME existe desde 1969 e atende cerca de 70 crianças e adolescentes com necessidades especiais
O deputado Duarte Bechir quer realizar audiência pública na ALMG para buscar soluções

Assistência ao Menor Especializada corre o risco de fechar

Extinção de convênio com a Prefeitura de Belo Horizonte gerou crise financeira que ameaça funcionamento da instituição.

28/08/2017 - 12:00 - Atualizado em 28/08/2017 - 14:55

Os deputados da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) constataram, em visita à Assistência ao Menor Especializada (AME), que a instituição, que atende crianças e adolescentes com necessidades especiais, pode encerrar seus trabalhos, caso não se recupere financeiramente.

A atividade, realizada nesta segunda-feira (28/8/17), aconteceu a pedido do presidente da comissão, deputado Duarte Bechir (PSD). A AME existe desde 1969 e atende cerca de 70 crianças da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Desde o fim de convênio mantido com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), em 2015, a instituição sofre para arcar com suas despesas, em especial a folha de pagamento.

De acordo com a diretora, Ivone de Araújo, a AME é filantrópica e vive, atualmente, apenas de doações de empresas, da comunidade e de eventos sociais. Ela explica que o ideal seria uma arrecadação mensal fixa, suficiente para arcar com os gastos com pessoal, que são de aproximadamente R$ 10 mil.

"Há profissionais que não recebem salários há três anos. Nossa dívida com eles é de quase R$ 170 mil. Se a situação continuar assim, corremos o risco de fechar as portas", alertou Ivone. "Temos, hoje, dez colaboradores, sendo que apenas três são cedidos pelo Estado. É preciso retomar os convênios e ampliar essa participação do poder público", completou.

A gestora da AME relatou, ainda, que as famílias, em geral carentes, ajudam como podem, mas com valores insuficientes para que as contas sejam todas pagas. Os alimentos, segundo ele, são doados por órgãos da prefeitura.

A secretária da AME, Marilda Castorino, reforçou que a situação financeira da instituição é péssima. De acordo com ela, o fim do convênio é a principal causa e as crianças e adolescentes podem ficar sem o atendimento em breve. "Vivemos da boa vontade das pessoas, mas não tem sido suficiente. O risco de fechamento é real", salientou.

A psicóloga Raquel Barbosa disse que está há três anos sem receber salário, mas que trabalha por amor. Ela explicou que as crianças se sentem em casa na AME e que o resultado do trabalho é gratificante. "Desde que estou aqui, é a maior crise financeira pela qual passamos. Contamos com a atuação do poder público para mantermos nossa missão", concluiu.

Providências - O deputado Duarte Bechir lamentou a situação da AME e disse que pretende realizar uma audiência pública na ALMG, no final de setembro, para buscar alternativas e solicitar ao Estado e ao município que abram novos convênios e cedam mais profissionais para a instituição.

Na opinião dele, ninguém quer que a entidade pare de funcionar. "Além dos problemas financeiros, há, também, questões burocráticas a serem resolvidas. Eles não têm sequer o Habite-se, que regularizaria a documentação e favoreceria a percepção de mais subvenções", disse.

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