Sindicatos e movimentos sociais se unem contra privatizações
Representantes de entidades anunciam quatro atos públicos para defender o serviço público e as instituições estatais.
28/08/2017 - 16:58Representantes de sindicatos de trabalhadores e de movimentos sociais anunciaram nesta segunda-feira (28/8/17) a realização de quatro atos públicos ao longo do mês de setembro para se posicionarem contra as privatizações anunciadas pelo governo federal e a favor do serviço público e dos servidores. A agenda foi apresentada em entrevista concedida por representantes de doze instituições, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
De acordo com a presidente regional da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG) e do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), Beatriz Cerqueira, os protestos terão início dia 7 de setembro, durante o ato já tradicional conhecido como “Grito dos Excluídos”. A manifestação será às 9h30, na Praça da Rodoviária, em Belo Horizonte.
No dia 12, às 15h30, está prevista uma audiência pública na ALMG em defesa das universidades públicas. Dia 14, segundo Beatriz, será o Dia Estadual de Luta e Nacional de Mobilização contra as privatizações de 58 estatais já anunciadas. O ato começará às 17 horas, na Praça Afonso Arinos, na Capital Mineira, e outras manifestações estão anunciadas em diversas cidades brasileiras.
Para o dia 20 está prevista a deflagração da greve dos Correios e outras categorias também estão analisando participar da paralisação. “A ideia é ampliar a campanha a favor do serviço público”, explicou a sindicalista.
Além da CUT e dos professores estaduais, aderiram aos protestos representantes das seguintes categorias: professores de universidades públicas, servidores dos Correios, petroleiros, eletricitários, bancários, servidores da Prefeitura de BH, médicos, auditores fiscais, Levante Popular da Juventude, Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e dos Atingidos por Barragens (MAB)
Ela disse que o movimento quer explicar para a população as consequências das privatizações na vida de cada um, como contraponto às propagandas do governo que tentam mostrar que é vantagem entregar as empresas ao capital financeiro. “O governo quer transformar serviços e direitos em mercadoria”, analisou.
Lideranças fazem alerta sobre prejuízos para a população
Cada liderança apresentou o que já está sendo feito nos setores para, segundo eles, desmontar o serviço público e preparar as empresas para a privatização. Todos defenderam, também, a união das entidades e da população para evitar as privatizações.
A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes), Cristina del Papa, advertiu para o risco do fechamento das instituições de ensino superior ainda este ano. Segundo ela, o governo federal não está liberando recursos e sugerindo que as entidades de ensino recorram ao mercado financeiro. “A proposta é a privatização do sistema federal de ensino” - denuncia
Segundo Cristina del Papa, os recursos destinados à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) caíram de R$ 178 milhões, em 2014, para R$ 130 este ano. Os cortes nos investimentos em pesquisa estão na ordem de 50% e os 45 hospitais universitários mineiros já estão sendo privatizados.
Também o setor bancário, como o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal (CEF), estão passando por reestruturação com fechamento de agências e de programas sociais, conforme disse o diretor de Comunicação social da Federação de Trabalhadores, Helberth Ávila. Ele afirmou que o progama Minha Casa, Minha Vida foi desvirtuado com a elevação do teto para os mutuários e está sendo direcionado mais para a classe média.
Beatriz Cerqueira lembrou que 60% dos investimentos em agricultura familiar são custeados pelo BB e o mesmo percentual destinado para habitação vêm da CEF. “A função social (dos bancos públicos) não vai permanecer” - lamentou Ávila.
O presidente do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro-MG), Jefferson Leandro Teixeira da Silva, afirmou que a venda da Eletrobrás e o leilão das usinas da Cemig podem elevar as tarifas de energia elétrica em até 300%. “Podem até vender as usinas, mas não vamos entregar” - avisou.