A cobrança judicial da dívida de R$ 280 milhões que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) tem com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) foi anunciada pelo presidente da instituição, Tarcísio Dayrell Neiva, como uma das medidas de saneamento financeiro recentemente adotadas.

A cobrança foi um dos temas discutidos nesta terça-feira (22/8/17), durante reunião da Comissão Especial criada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para avaliar a indicação de Neiva para a presidência da Fhemig.

A Comissão Especial aprovou parecer favorável à indicação, que seguirá agora para discussão e votação, em turno único, pelo Plenário da ALMG. O relator, na comissão, foi o deputado Durval Ângelo (PT). A informação de Neiva sobre a cobrança à PBH surgiu de um questionamento do relator a respeito das alternativas da Fhemig para manter seus serviços, tendo em vista a crise financeira do Estado.

De acordo com Neiva, a PBH não paga suas dívidas com a Fhemig desde 2014. Os R$ 280 milhões, segundo ele, seriam suficientes para quitar todas as dívidas da fundação e ainda sobraria dinheiro. “Para se ter uma ideia de nossas dificuldades financeiras, estamos pagando hoje as dívidas de 14 de maio. Estamos com 90 dias de atraso (em nossos pagamentos)”, afirmou.

Além da cobrança judicial à PBH, efetivada na última quarta-feira (16), o presidente da Fhemig disse que também há negociações com outras prefeituras, como Betim (Região Metropolitana de Belo Horizonte), que deve R$ 1,7 milhão. Outras medidas são providências para otimizar a utilização de unidades parcialmente ociosas, redução de custos e redistribuição de funcionários entre unidades.

Deputados pedem manutenção do Galba Ortopédico

O deputado Carlos Pimenta (PDT), que preside hoje a Comissão de Saúde da ALMG, disse que pretende visitar todas as unidades hospitalares da Fhemig. Também reforçou um apelo a Tarcísio Neiva para que evite o fechamento da unidade ortopédica do Hospital Galba Velloso, previsto para 30 de setembro.

O fechamento do Galba Ortopédico foi discutido na Assembleia no dia 10 de agosto. Na ocasião, o presidente da Fhemig disse que o Estado tenta obter mais seis meses de prazo para o encerramento das atividades, mas que isso seria inevitável porque faltam recursos para providenciar as melhorias exigidas em ação civil pública do Ministério Público Estadual.

A participação de Tarcísio Neiva na reunião sobre o Galba Ortopédico foi elogiada pelo deputado Doutor Jean Freire (PT), que também defendeu a preservação da unidade. Já o presidente da Comissão Especial, deputado Hely Tarqüínio (PV), reivindicou ao presidente da Fhemig uma fiscalização e uma gestão mais descentralizadas das diversas unidades, principalmente no sentido de cobrar que os médicos cumpram a carga horária devida.

Colônias de hansenianos preocupam parlamentares

Os deputados Durval Ângelo e Carlos Pimenta também cobraram que a Fhemig melhore o tratamento aos moradores das quatro colônias de hansenianos do Estado, inclusive facilitando a regularização fundiária das moradias. O presidente da Fhemig afirmou que a assistência aos hansenianos será uma prioridade, mas que é preciso compreender os limites impostos pelas dificuldades financeiras do Estado.

Experiência - Tarcísio Dayrell Neiva está há 90 dias na presidência da Fhemig, como designado. Sua continuidade no cargo depende da aprovação pela ALMG. Pós-graduado em administração hospitalar e gestão estratégica, ele possui MBA em gestão de planos de saúde e é mestre em administração de empresas. Já dirigiu instituições hospitalares em Belo Horizonte, Nova Lima (RMBH), Ponte Nova (Zona da Mata) e Montes Claros (Norte de Minas).

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