Participantes da audiência sugeriram uma articulação política com os deputados que compõem o Congresso Nacional para alterar o conteúdo da MP 789
Deputados federais mineiros concordaram com os ajustes propostos na reunião

Autoridades defendem ajuste em royalties da mineração

Municípios mineradores temem perder recursos com aprovação de novas regras para recolhimento da Cfem.

21/08/2017 - 14:00 - Atualizado em 21/08/2017 - 14:40

As mudanças na base de cálculo da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) propostas pela Medida Provisória (MP) 789, em tramitação no Congresso Nacional, motivam críticas dos prefeitos dos municípios mineradores. O tema foi discutido em audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta segunda-feira (21/8/17).

A consultora tributária da Associação do Municípios Mineradores (Amig), Roseane Seabra, explicou que a MP é importante e necessária, mas precisa de ajustes. Ela defendeu que a forma de recolhimento da Cfem deve evitar controvérsias jurídicas e disse que a nova base de cálculo proposta será prejudicial para os municípios.

Seabra explicou que, hoje, a Cfem é calculada sobre 2% do faturamento líquido das empresas mineradoras. A medida propõe um escalonamento da alíquota que varia de 2% a 4%, conforme o produto e sua cotação. O que as prefeituras defendem é que a base seja de 4% sobre o faturamento bruto das empresas, sem escalonamento.

“Precisamos de autonomia de fiscalização da Cfem e de uma tributação mais justa. Para se ter uma ideia, se somente a Vale arcasse com a Cfem de todas as mineradoras, isso representaria apenas 1,7% do seu faturamento nos últimos 12 anos”, disse a consultora.

O superintendente de Relações Institucionais da Amig, Waldir Salvador, reforçou que o recolhimento da Cfem deve ser feito sobre a receita bruta, sem a possibilidade de deduções. "Não temos nada contra a mineração, uma vez que dependemos economicamente da atividade. O que acontece é que as empresas recolhem um valor baixíssimo pela exploração, que hoje é o menor do mundo", lamentou.

Receitas - Os prefeitos de Itabira (Região Central do Estado), Ronaldo Magalhães, e de Nova Lima (Região Metropolitana de Belo Horizonte), Vítor Penido, que também é presidente da Amig, lembraram que os municípios vêm perdendo receitas ao longo do ano em termos de Cfem e ICMS.

Para os dois prefeitos, a alíquota ideal é de 4% da receita bruta, e os recursos devem ser aplicados em programas de fomento e infraestrutura do segmento nas cidades mineradoras. "A luta é antiga. Portanto, faço um apelo à bancada mineira no Congresso Nacional para que ajuste a MP 789", destacou Penido.

Deputados federais garantem articulação no Congresso

A solicitação da Amig e dos prefeitos contou com o apoio unânime dos deputados federais que participaram da audiência. Todos eles defenderam que o mais importante no momento é promover uma articulação política com a bancada mineira e os demais parlamentares que compõem o Congresso Nacional como forma de pressão para que a MP seja aprimorada e votada.

O deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PR-MG) e a deputada Luzia Ferreira (PPS-MG) concordaram que o pleito é justo para Minas Gerais e para os municípios mineradores.

O deputado federal Diego Andrade (PSD-MG) salientou que o maior desafio é fazer o cidadão entender que o que está sendo decidido representará mais recursos para saúde, educação e segurança pública. Ele disse que fez uma solicitação pessoal ao presidente Michel Temer para que a MP seja votada o quanto antes com a alíquota de 4%.

O deputado federal Saraiva Felipe (PMDB-MG) alertou, também, para a criação da Agência Nacional de Mineração. Ele concordou que as contrapartidas das mineradoras são poucas, o que torna necessário o ajuste na alíquota da Cfem. Propôs que a bancada mineira lidere o aperfeiçoamento do texto, por meio de uma articulação mais intensa.

O deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB-MG) reforçou que o que se pede é justiça para os municípios. Ele disse que Minas Gerais deixará de ser, em breve, o maior produtor de minério do País, sendo superado pelo Pará. Dessa forma, conforme justificou, a publicação da MP, com os ajustes que devem ser feitos, é urgente.

Gestores reforçam cobrança à bancada mineira em Brasília

Os diversos prefeitos que participaram da reunião cobraram dos deputados mineiros no Congresso Nacional que compreendam não somente a importância do pleito, mas a urgência da articulação.

De acordo com eles, a MP 789 foi apresentada pelo presidente da República e deverá ser ajustada ao longo de sua tramitação para promover o que consideram justo com os municípios que têm a mineração como principal atividade econômica.

Ao final, o presidente da comissão e autor do requerimento que motivou a audiência pública, deputado João Vitor Xavier (PSDB), concluiu que, a despeito dos avanços da MP, a base de cálculo proposta preocupa o segmento por ameaçar uma queda na arrecadação dos municípios.

“Para o governo federal recuperar um pouco da sua dívida histórica com Minas Gerais, essa é a oportunidade. Ouro e diamantes foram explorados e nada ficou para o Estado. O minério está indo no mesmo caminho. Não podemos permitir que mineradoras internacionais enriqueçam e nossas cidades empobreçam. Temos que pressionar nossa bancada federal”, finalizou João Vitor Xavier.

Consulte o resultado da reunião.