Demanda para realização do debate partiu da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania - Arquivo ALMG

Crescimento de crimes raciais pauta audiência pública

Reunião será nesta segunda (21), às 14 horas, e deve contar com presença de representantes do governo e das polícias.

18/08/2017 - 11:40

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai discutir o aumento dos crimes raciais e de intolerância contra a população negra, sobretudo, em Belo Horizonte e Região Metropolitana. A audiência pública será realizada nesta segunda-feira (21/8/17), às 14 horas, no Auditório.

A reunião foi solicitada pelo 1º secretário da Assembleia, deputado Rogério Corria (PT). Segundo informações do seu gabinete, a demanda para a realização do debate partiu da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac).

A subsecretária de Estado de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Cleide Hilda de Lima Souza, relatou que manifestações racistas tiveram incremento a partir de 2014, alavancadas pelo momento político atual. “São muitos os casos recentes de racismo ocorridos em praças, mercados e padarias. E é preciso também registrar a intolerância religiosa em relação a religiões de matriz africana”, contou.

Segundo Cleide Hilda, o movimento negro solicitou o debate em decorrência dessa situação. Em sua opinião, o racismo é a causa de diversos tipos de violência dirigidos aos negros.

Deputado destaca assassinato de jovens negros

De acordo com o deputado Rogério Correia, a intolerância contra a população negra é preocupante. “Basta lembrar os números da CPI do Senado sobre o assassinato de jovens, que revelaram que um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos. Por isso, precisamos debater onde a sociedade está errando. O objetivo da audiência é discutir como combater a violência racial”, enfatizou o parlamentar.

O relatório da CPI do Senado, divulgado em junho de 2016, mostra que o homicídio continua sendo a principal causa de morte de jovens negros, pobres, moradores da periferia dos grandes centros urbanos e, mais recentemente, do interior do País.

A CPI ouviu diversos envolvidos com esse universo: professores, pesquisadores, juízes, defensores públicos, secretários estaduais de Segurança e de Justiça, delegados, policiais, representantes de ONGs, vítimas de violência e familiares de vítimas.

Mapa da Violência - Essa comissão apontou a gravidade do chamado “extermínio da juventude pobre e negra”. Essa constatação foi endossada pelo Mapa da Violência, estudo que focaliza a evolução dos homicídios por armas de fogo no Brasil.

O Mapa da Violência de 2016, lançado em fevereiro deste ano, revelou que o Brasil está entre os dez países que mais matam jovens no mundo. Foram assassinados mais de 25 mil jovens entre 15 e 29 anos por armas de fogo em 2014. Os dados confirmaram ainda que a população negra brasileira é extremamente vulnerável: morrem 2,6 vezes mais negros do que brancos no País.

Convidados - Para a audiência pública, foram chamados secretários de Estado das áreas de direitos humanos e segurança pública, representantes das Polícias Militar e Civil e do Ministério Público, entre outros.

Consulte a lista completa de convidados para a reunião.