Além de destacar os entraves, participantes também valorizaram história do Cefart em 30 anos de formação de grandes nomes da cultura mineira
A falta de professores foi uma das questões levantadas na reunião, que contou com a presença de diversos estudantes

Estudantes denunciam problemas no Cefart

Dificuldades em escola da Fundação Clóvis Salgado foram debatidas em audiência da Comissão de Participação Popular.

29/06/2017 - 23:00 - Atualizado em 30/06/2017 - 17:27

O processo de sucateamento do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart) da Fundação Clóvis Salgado (FCS) foi denunciado por diversos alunos em audiência pública da Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na noite desta quinta-feira (29/6/17).

Representando esses estudantes, o também aluno do Cefart Tomás Soares relatou tentativas por parte da FCS de minimizar e maquiar os problemas pelos quais o centro estaria passando.

Além disso, criticou o edital de vagas aberto para dois professores designados. Segundo ele, as descrições das aptidões para as vagas seriam “excessivamente abrangentes e genéricas” e a pontuação entre a avaliação curricular e a entrevista seria bastante desigual.

“As matérias jornalísticas sobre o assunto não relatam a falta de professores para alunos do 1° ano nem que eles estão sem aulas dois dias da semana. Isso sem contar as demissões sem nenhuma explicação nem dignidade. E a designação vale só até o fim do ano. Em 2018, não acredito num quadro completo de professores”, protestou.

História - O ex-presidente da FCS, Chico Pelúcio, pediu que o Cefart seja repensado de forma responsável, "por seu valor e importância em 30 anos de formação dos principais nomes da cultura mineira".

“O Cefart está num estado lamentável, mas a fundação não pode ser desconsiderada, pois é referência em Minas, no Brasil e no mundo. E não é só produção artística: existe a responsabilidade de educar e democratizar o acesso à cultura”, ponderou.

Um dos fundadores da Escola de Teatro do Cefart, Walmir José Ferreira de Carvalho, explicou que o plano de cargos e salários da instituição prevê o professor artista, mas a abertura dessas vagas depende de vontade política. “Isso não causaria nenhum ônus para o Estado”, afirmou.

Administradores reclamam de burocracia 

O chefe de gabinete do presidente da FCS, Gilvan Rodrigues dos Santos, relatou as dificuldades de atender as demandas da instituição seguindo a Lei Federal 8.666, de 1993, conhecida como a Lei de Licitações. “Lutamos para que concursos público ocorram e os efetivos tomem posse, acho que isso é totalmente plausível. Estamos dispostos a ouvir e trabalhar na convergência”, disse.

O diretor do Cefart, Vilmar Pereira de Sousa, reforçou a dificuldade de atender os desejos dos alunos e cumprir a legislação. “A experiência de muitos na área cultural não pode ser encaixada em gavetinhas acadêmicas. A proposta de planos de cargos e salários para os professores será avaliada pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) nesta segunda-feira (3/7). Precisamos criar mecanismos legais para abrigar esses professores; a carreira tem de ser especial porque não é uma escola igual às outras”, defendeu

A diretora de Planejamento, Gestão e Finanças da FCS, Kátia Marília Silveira Carneiro, relatou conquistas recentes do Cefart, como a previsão de cessão do prédio do extinto Departamento Estadual de Telecomunicações (Detel) para o funcionamento de parte da instituição e recursos garantidos do Tesouro do Estado no valor de R$ 3 milhões, a serem executados até 2019.

“Quanto a recursos humanos, o conselho do corpo docente previu dez designações e fomos pegos desprevenidos no início do ano letivo por três pedidos de aposentadoria e duas exonerações. Estamos correndo atrás do prejuízo. Dois serão repostos pelo edital aberto e outros três até o fim de julho, completando os cinco cargos”, explicou.

Calamidade financeira do Estado impacta FCS

O assessor de Relações Sindicais da Subsecretaria de Estado de Gestão de Pessoas, Carlos Calazans, afirmou que o governo não vai abandonar a FCS. "O recurso destinado atualmente é pouco, mas é melhor do que o direcionado em anos anteriores e bom, dentro do cenário de calamidade financeira que vivemos”, ponderou.

Quanto à substituição dos professores, de acordo com Calazans, isso será feito dentro da educação básica, para que a lei de licitações seja cumprida. “Estamos concluindo o diálogo com a Seplag. Intermediei com todos os setores da educação essa construção do plano de carreiras de professores de diversas áreas. Mas temos que ter em vista o momento que o País vive”, ponderou.

Talentos - A autora do requerimento para a realização da reunião, deputada Marília Campos (PT), ressaltou a importância do Cefart como uma escola que potencializa os talentos da cultura mineira. “Temos que fortalecer o Cefart, não apenas pensando no centro em si, mas na cultura mineira como um todo”, frisou.

Consulte o resultado da reunião.