Comissão Extraordinária de Proteção dos Animais discutiu a educação ambiental humanitária e o bem-estar animal
Elizabeth disse que é preciso mudar a forma como a escola apresenta os animais aos alunos

Pesquisadora defende ensino do bem-estar animal

Participantes de audiência lembram importância da capacitação de professores sobre respeito aos animais.

07/06/2017 - 12:36

A introdução do ensino da ciência do bem-estar animal no sistema escolar brasileiro, com a capacitação dos educadores, foi defendida pela diretora do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (FNPDA), Elizabeth Suzanne MacGregor. Ela participou de audiência da Comissão Extraordinária de Proteção dos Animais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (7/6/17).

Elizabeth MacGregor falou sobre o programa Educação Ambiental Humanitária em Bem-Estar Animal (EAHBEA), que é um curso de formação gratuito desenvolvido pelo fórum nacional. Segundo ela, o objetivo é que o ensino sobre o bem-estar animal esteja presente no sistema escolar brasileiro, através de convênios com secretarias municipais e estaduais de educação e outras instituições.

Para a diretora, que é PhD pela Universidade de Calgary, no Canadá, é preciso mudar a forma como a escola apresenta os animais aos alunos. “Podemos parecer diferentes, mas, na capacidade de sentir, somos todos iguais. A ciência é capaz de mostrar hoje que os animais têm sentimentos e capacidade cognitiva”, afirmou.

Elizabeth MacGregor citou os conceitos trabalhados atualmente pelos pesquisadores que são a base do programa educacional. Um deles, a senciência, é compreendido como a capacidade dos animais de conhecer o que se passa ao seu redor, de ter sensações e sentimentos. Já o bem-estar animal, segundo ela, é uma evolução da ética humana em que as pessoas, após saberem que os animais são sencientes, passam a se preocupar com a sua condição física e mental.

A diretora afirmou que é possível constatar uma mudança na maneira como os animais são vistos e tratados, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. Segundo ela, já participaram da capacitação oferecida pelo fórum nacional professores de 62 municípios de 11 estados, através de convênios com as secretarias de educação.

A pesquisadora ainda traçou um panorama das ações humanas que afetam e comprometem o bem-estar animal, como o uso para pesquisas de cosméticos e para entretenimento, as instalações inadequadas dos zoológicos, o excessivo consumo de carne, a caça, entre outros. Ela avalia que é preciso motivar o debate sobre essas questões.

Rede de proteção - O FNPDA é uma rede de proteção animal com mais de 130 entidades afiliadas em 19 estados, além de contar com parcerias de ONGs internacionais. Fundada em São Paulo, atua desde 2000 na disseminação do respeito, da proteção e da defesa dos animais.

Nesta semana, o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal cumprirá agendas em Belo Horizonte, com a realização de palestras e capacitações sobre o tema.

Deputados destacam importância da conscientização

Os deputados destacaram a importância do trabalho de conscientização desenvolvido pelo FNPDA e apontaram a necessidade de que o conhecimento seja difundido.

O presidente da comissão, deputado Noraldino Júnior (PSC), defendeu que o poder público tenha uma atenção especial em relação aos animais. Ao elogiar o trabalho desenvolvido pelo fórum nacional, ele afirmou que, aos poucos, o conhecimento está sendo passado para a frente e as pessoas estão se conscientizando sobre o assunto.

O autor do requerimento para a reunião, deputado Fred Costa (PEN), lembrou que a questão envolve a sociedade como um todo e apontou que a educação e a formação são fundamentais para possibilitar uma mudança na forma como os animais são vistos.

O coordenador de Defesa dos Animais da Secretaria de Meio Ambiente de Belo Horizonte, Jean Cloude, disse que a preservação do meio ambiente e dos animais protege a própria espécie humana. Ele falou sobre alguns desafios enfrentados na Capital, como a garanatia de qualidade de vida para os gatos que vivem nos parques.

Vaquejadas – Na reunião, ainda foi debatido a questão das vaquejadas, que foram consideradas patrimônio cultural do Brasil (Lei 13.364, de 2016). A pesquisadora Samylla Mol condenou a prática e afirmou que patrimônio cultural remete a algo que gera orgulho, mas a vaquejada é motivo de vergonha devido aos maus-tratos dos animais.

Consulte o resultado da reunião.