Aumentam reclamações no Procon relativas ao endividamento

Desemprego, juros altos e falta de informação comprometem orçamento familiar.

01/06/2017 - 11:41

Crise econômica, desemprego, falta de educação financeira da população, oferta de crédito fácil, juros escorchantes aplicados pelos bancos. Ingredientes não faltam para deixar as famílias brasileiras cada vez mais endividadas e incapacitadas de manter seus orçamentos equilibrados. Dados do Procon da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) referentes ao setor financeiro indicam que a situação fica cada vez mais dramática para o consumidor.

O Procon analisou quatro situações que envolvem o endividamento em 2017 e comparou com o mesmo período do ano passado (janeiro a maio). Os dados, detalhados na tabela abaixo, mostram crescimento significativo no percentual de reclamações referentes a empréstimo pessoal, empréstimo consignado e acordos para pagamento do cartão de crédito.

Item

 

2016

2017

Reclamações

% do total

Reclamações

% do total

Empréstimo pessoal

46

1,22%

82

2,62%

Empréstimo consignado

104

2,75%

148

4,07%

Cartão de crédito (acordo)

101

2,67%

136

3,79%

Financiamento habitacional

29

0,77%

35

0,98%

Fonte: Procon Assembleia - unidade Espaço Cidadania

Os números acima mostram que, juntas, essas reclamações correspondiam a 7,41% do total de queixas registradas no Procon Assembleia entre janeiro e maio de 2016. Esse percentual subiu para 11,46% no mesmo período de 2017.

Descontrole – O superendividamento das famílias é um problema que quase sempre se transforma em uma “bola de neve” para as famílias, alerta o coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa.

Em outras palavras, quando se perde o controle sobre uma dívida, ela não para de crescer. “Isso tem um efeito devastador no equilíbrio financeiro, moral, psicológico e até na saúde do cidadão”, acrescenta Barbosa.

Diariamente os servidores do Procon recebem nos guichês pessoas angustiadas, deprimidas e até em desespero devido a dívidas acumuladas durante meses e que rapidamente se tornaram impagáveis. O órgão nem sempre consegue ajudar a resolver a situação, pois depende da disposição dos credores em negociar.

Nesse sentido, afirma Marcelo Barbosa, o melhor a ser feito é evitar o superendividamento. Para isso, explica, são necessárias ações firmes por parte dos governos, das instituições financeiras e da sociedade em geral. Coibir os juros astronômicos, analisar previamente a condição financeira de quem solicita crédito e resistir às tentações da publicidade são algumas das medidas para combater o problema.

Dicas para ajudar o consumidor a manter seu equilíbrio financeiro e evitar o superendividamento:

  • Em hipótese nenhuma gaste mais do que ganha. Essa é a dica mais importante para não cair na armadilha do endividamento.
  • Poupe todos os meses uma parte do seu salário. Esse dinheiro só deve ser usado em situação de emergência. Parece difícil, mas se você se comprometer a guardar um pouco imediatamente após receber, vai se acostumar logo. O governo já tira todo mês uma parte do seu salário, sob a forma de Imposto de Renda e/ou Previdência. E você se habituou a isso. Da mesma forma, passe a retirar sua própria fatia, com a vantagem de que ela será toda sua.
  • Controle de perto seus gastos, anotando tudo, todos os dias. No final do mês, você terá uma boa noção de para onde seu dinheiro está indo. Muita gente se surpreende ao ver que está gastando demais com supérfluos e consegue reduzir essas despesas.
  • Pague à vista. Assumir prestações é confiar demais que você não será no futuro surpreendido por uma demissão, doença na família, dor de dente, carro amassado... Se não puder pagar à vista, invista o valor da prestação todo mês até poder pagar de uma só vez. Fazendo isso, você terá a vantagem de receber juros pelo valor poupado. E com o dinheiro todo na mão, poderá inclusive negociar um bom desconto.
  • Tome cuidado para não cair em golpes. Há muitos bandidos querendo roubar seu dinheiro seja pela internet, por ligações telefônicas e até por anúncios publicitários nos meios de comunicação. Desconfie sempre.
  • Evite compras por impulso. Adquira apenas os produtos que você realmente vai usar. Antes de comprar qualquer produto, faça a você as seguintes perguntas: “Tenho dinheiro?”; “Preciso do produto?”; “Tenho que comprar agora ou posso comprar depois?”. Se você responder
  • “sim” às três perguntas, pode comprar com tranquilidade.
  • Pague suas contas em dia, evitando assim a cobrança de multas e juros.
  • Se tiver cartão de crédito, sempre pague a fatura integral. Os juros do chamado “crédito rotativo” são imorais, rondando atualmente a casa dos 420% ao ano.
  • Qualquer dinheiro extra que entrar em sua conta, como 13º salário, devolução do Imposto de Renda ou FGTS, deve ser guardado para alguma emergência. Lembre-se, evitar empréstimos bancários é a maior vitamina para a saúde financeira.

Se já estiver endividado:

  • Não permita que o somatório das suas dívidas seja superior a 30% do seu rendimento líquido.
  • Não pense duas vezes para mudar seus hábitos a fim de equilibrar suas finanças. Por exemplo, se tiver um carro, troque por um mais barato e use a diferença para quitar sua dívida. Ou até mesmo venda-o e use transporte público até poder comprar outro; reduza – ou elimine por um tempo – a ida a restaurantes e bares; busque opções de lazer gratuitas (existem muitas).
  • Tente renegociar sua dívida com o banco ou operadora de cartão de crédito, obtendo condições de pagamento mais favoráveis. Se não conseguir, faça a portabilidade para outra instituição que ofereça juros mais baixos.