Audiência pública da Comissão de Segurança Pública reuniu centenas de pessoas na Câmara Municipal de Machado
Deputados cobraram uma solução para a criminalidade na região

Criminalidade preocupa população de Machado

Autoridades defendem construção de centro de internação de menores e presídio, para minimizar a violência.

01/06/2017 - 19:45

A construção de um centro de internação de menores e de um presídio, a criação da guarda municipal e a melhoria de equipamentos e do efetivo das Polícias Militar e Civil. Essas foram as principais demandas apresentadas pela população e por autoridades que participaram de reunião da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em Machado (Sul de Minas) nesta quinta-feira (1º/6/17).

Solicitada pelo deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), a audiência pública da Comissão de Segurança Pública reuniu centenas de pessoas na Câmara Municipal de Machado. O objetivo era debater o aumento da criminalidade na região.

O vereador Evandro Caixeta disse que já foi adquirido pela prefeitura um terreno para a construção do presídio. O parlamentar acrescentou que já existe uma unidade com capacidade para 56 presos que recebe atualmente 120, "em um local insalubre, mal cheiroso e bem no Centro de Machado", segundo ele.

Já vereadores de municípios vizinhos cobraram a implantação de um centro de internação de menores infratores no Sul de Minas. Celso Prado, de Varginha, disse essa é a única região do Estado que ainda não conta com essa estrutura.

O presidente da Câmara Municipal de Machado, Erivelto Angelo dos Santos, informou que já está em construção o anteprojeto de lei para criação da guarda municipal. "Faltam alguns ajustes, mas esse é um compromisso nosso", garantiu.

Polícia Civil alega falta de estrutura e PM rebate aumento da criminalidade

O delegado regional da Polícia Civil, Tiago Gomes Ribeiro, destacou que os servidores da instituição trabalham dia e noite, mas infelizmente, pela falta de efetivo, estrutura e equipamentos, não conseguem estancar a criminalidade.

Ele disse que a última resolução sobre o efetivo da Polícia Civil, de 2009, prevê que Machado deve ter dois delegados, nove investigadores e dois escrivães. O número de delegados e escrivães é atendido e investigadores são oito, mas a resolução está defasada, de acordo com Ribeiro.

O delegado declarou ainda que a maioria dos crimes que ocorrem em Machado é de autoria de menores. “A Polícia Militar faz a apreensão do menor, encaminha, mas como não há o centro socioeducativo no Sul de Minas, a medida socioeducativa não é efetivada”, lamentou.

PM - O tenente-coronel Alrecy Argemiro Ferreira, comandante do 64º Batalhão da Polícia Militar, contestou a informação de que a criminalidade esteja aumentando em Machado.

Ele apresentou dados que comparam os meses de janeiro a maio de 2016 ao mesmo período de 2017. Foram 114 crimes violentos no ano passado, contra 86 em 2017 - redução de 25%. O número de homicídios foi o mesmo nos dois períodos: três mortes. E a quantidade de menores apreendidos caiu de 80 para 60 no período.

Em relação ao efetivo da corporação em Machado, o comandante também ponderou que, entre as cidades da região, Machado foi a que mais recebeu policiais, num total de sete, enquanto Poços de Caldas recebeu apenas três.

O tenente-coronel completou que neste ano haverá três escolas de formação no Sul de Minas, o que propiciará a entrada de 180 novos soldados na região e certamente Machado receberá alguns deles.

Município deve atuar na prevenção social

O presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT), discordou da necessidade de criar uma guarda municipal em Machado. Ele lembrou que a diretriz nacional é pela criação dessa estrutura em municípios com mais de 150 mil habitantes.

“Os municípios menores têm vocação para atuar na prevenção social por meio de políticas públicas, como a escola de tempo integral, além de ações no esporte, lazer e cultura”, defendeu.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva leu manchetes de jornais locais que demonstram o aumento da violência na região. “Temos que buscar uma solução. É impossível uma cidade como esta conviver com tanta criminalidade!”, reagiu.

O deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB) lamentou que, devido à falência do atual modelo de governo, todos viraram reféns dos criminosos. “A JBS roubou o Brasil e ainda levou R$ 20 bilhões do BNDES. Se esse dinheiro estivesse nas mãos dos prefeitos, muito poderia ser feito em prol da segurança”, afirmou.

Já o deputado Ivair Nogueira (PMDB) fez uma provocação. “Se os recursos para a construção do presídio ou do centro de menores forem liberados, a população vai concordar?”, questionou. Segundo ele, há algum tempo foi obtida verba para construção do presídio local, mas os moradores não aceitaram.

Governo do Estado propõe ação integrada

O assessor de Integração Operacional da Secretaria de Estado de Segurança Pública, Azenclever Gatte Filho, relatou que, na última semana, uma equipe do governo esteve em Machado para discutir ações conjuntas na área. De acordo com ele, foram apresentadas ao prefeito, vereadores e outras autoridades várias ações para reduzir a criminalidade.

Entre elas estão: a criação do gabinete de gestão integrada das ações dos órgãos de segurança no município; o fortalecimento dos Conselhos de Segurança Pública e Anti-drogas; e o aumento das operações repressivas em áreas de maior violência.

Consulte o resultado da reunião.