Representante da SES informou que o Estado reconhece a necessidade de implantação do Samu na região Leste mineira, que abriga quase 900 mil habitantes
Deputados sugeriram uma visita ao Ministério da Saúde para tratar do assunto

Crise financeira explica atraso do Samu na região Leste

Em audiência, Secretaria de Saúde foi cobrada para que implantação do serviço seja tratada como prioridade.

27/04/2017 - 14:02 - Atualizado em 27/04/2017 - 14:20

Representantes da Secretaria de Estado de Saúde (SES) afirmaram que o impasse na implantação do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) na região Leste mineira é causado pela situação de calamidade financeira pela qual passa o Executivo estadual.

A explicação foi dada em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada a pedido da deputada Rosângela Reis (Pros), nesta quinta-feira (27/4/17).

De acordo com a diretora de Políticas de Gestão Hospitalar da SES, Juliana Colen, a intenção do governador é implantar o Samu em todo o Estado para garantir um atendimento de qualidade para todos os cidadãos. Em sua fala, ela explicou que o trabalho vem sendo feito de forma paulatina, mas que o cronograma está inviabilizado em razão da situação de calamidade financeira.

“A próxima região a ser contemplada será a Oeste. Para o Leste, a ideia é ter o apoio dos dois consórcios intermunicipais criados ali, sem que haja privilégio para nenhum local específico. O financiamento é tripartite e conta, ainda, com a participação do Ministério da Saúde”, lembrou.

A também representante da SES, Kelly Fortini, salientou que o Estado reconhece a necessidade de implantação do Samu na região Leste o mais rápido possível, tendo em vista que o território abriga quase 900 mil habitantes. “O trabalho será feito com o máximo de agilidade, mas a meta é que seja concluído até o final do atual governo”, ponderou.

O diretor do Samu de Ipatinga (Vale do Aço), Tiago Tessaro, fez uma apresentação do Consórcio Intermunicipal de Saúde dos Vales (Cisvales), que será o responsável pela gestão do Samu na região. Em sua participação, ele relatou que a entidade abrange três microrregiões, que somam 35 municípios.

“É necessária agilidade na implantação (do Samu), tendo em vista a extensão do território. A população é superior a 830 mil habitantes. Nosso consórcio trará benefícios, tais como resposta mais rápida no atendimento, melhor estrutura e economia para o poder público”, defendeu.

Ministério da Saúde – O superintendente regional de Saúde em Coronel Fabriciano (Vale do Aço), Wagner Barbalho, afirmou que o objetivo é buscar apoio nos municípios, uma vez que já haveria um compromisso do Estado para a implantação do Samu por meio do Cisvales, mas que o Ministério da Saúde também deve se empenhar.

“Por ser tripartite, é necessário obter, agora, o compromisso também do ministro. A região está unida e a luta deve ser suprapartidária”, colocou Wagner.

A secretária municipal de Saúde de Ipatinga, Katia Barbalho, lamentou o que chamou de “decadência do atendimento de urgência e emergência em Minas”. Por isso, cobrou mais investimentos do Estado para o setor e pediu explicações quanto ao critério de implantação do Samu nas macrorregiões.

Parlamentares pedem prioridade para a saúde

O deputado Antônio Jorge (PPS) reconheceu que a gestão da saúde é cada vez mais difícil, tendo em vista a situação financeira do Estado, mas defendeu que é preciso eleger prioridades de governo, em especial para o atendimento de urgência e emergência. Para isso, na sua opinião, é preciso uma política de estado, e não de governo.

“Precisamos de mais investimentos na atenção primária, que desafogaria a rede de atendimento”, pediu. O parlamentar disse, ainda, que a discussão deve ser sistêmica e não apenas sobre o Samu. “Os consórcios públicos são o caminho para um melhor serviço de urgência e emergência. Sugiro que a comissão e as autoridades regionais vão ao Ministério da Saúde e ao secretário de Estado para cobrar essa prioridade”, completou.

A opinião foi corroborada pelo deputado Geraldo Pimenta (PCdoB), que defendeu o financiamento da saúde como caminho para a superação dos impactos da crise financeira.

A deputada Rosângela Reis (Pros) relatou que o Samu em Ipatinga funciona há 14 anos e que há confiança da população com o serviço. Destacou, entretanto, que existem cidades menores que não dispõem do atendimento, o que torna a proposta de regionalização atrativa.

“Temos que lutar pela extensão do serviço para, pelo menos, os 35 municípios que compõem o Cisvales. A implantação estava prevista para o meio deste ano, mas ainda não há ação de governo para o cumprimento do prazo. Precisamos de muito pouco dinheiro para fazer acontecer”, lamentou.

Providências – O deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB) salientou que é preciso garantir o atendimento de urgência e emergência na região Leste, uma vez que apenas Ipatinga e Governador Valadares (Vale do Rio Doce) contam com esse tipo de serviço. Para ele, o objetivo é sensibilizar o Estado para que o serviço chegue a outras cidades. 

Ao final, os parlamentares apresentaram diversos requerimentos, como um de visita ao ministro da Saúde para solicitar prioridade no atendimento à região Leste de Minas.

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