Representante da SES informou que as ações iniciais adotadas pela pasta reduziram a letalidade da doença em Minas Gerais de mais de 70% para 36%
Rodrigo Said explicou que o combate à febre amarela se tornou prioridade do governo

Febre amarela está sob controle, mas chikungunya preocupa

Secretaria de Estado de Saúde explica aos deputados as medidas que foram tomadas para controlar a epidemia em Minas.

20/04/2017 - 13:50 - Atualizado em 20/04/2017 - 14:29

A epidemia de febre amarela vivida no início deste ano já está sob controle, mas as secretarias estadual e municipais de Saúde ainda estão vigilantes. Esse foi o panorama apresentado pelos representantes desses órgãos que participaram de audiência realizada pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quinta-feira (20/4/17).

Durante a reunião, o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Rodrigo Fabiano Said, apresentou os dados, a evolução e as medidas tomadas para controlar a epidemia.

De acordo com Said, desde dezembro de 2016, foram feitas 1.130 notificações de febre amarela, com 423 confirmações, a última delas em 14 de março. Outros 154 dos casos notificados ainda estão sob investigação. No total, teriam sido 151 óbitos e mais de 90% deles em áreas rurais. Segundo ele, o pico do problema foi entre a segunda e terceira semanas de janeiro.

A partir de então, a SES teria iniciado as ações para barrar a epidemia e tratar os casos suspeitos. No dia 9 de janeiro, foi lançado alerta para todo o Estado e iniciou-se a produção diária de boletins para garantia de transparência.

Said explicou, ainda, que foram elaboradas notas técnicas de ação, inclusive com diretriz clínica para tratamento. “É a única diretriz clínica do mundo para febre amarela, com orientações de manejo, exames, condutas e internações”, afirmou o subsecretário.

O representante da SES destacou, ainda, que a atuação para combater o problema se tornou prioridade do governo, com participação direta do governador Fernando Pimentel e com colaboração de várias secretarias, que emprestaram veículos, helicópteros e recursos humanos. 

Além do suporte oferecido às unidades de saúde em municípios mineiros, a secretaria selecionou cinco hospitais como referência e adotou a imunização como uma de suas principais estratégias, com a distribuição de cerca de 8 milhões de doses de vacina no Estado. 

De acordo com Said, essas ações iniciais reduziram a letalidade da doença em Minas Gerais de mais de 70% para 36% - número considerado abaixo da média nos casos da doença.

Falha na vigilância de saúde

Representantes das Superintendências Regionais de Saúde de Belo Horizonte, Diamantina (Região Central do Estado), Governador Valadares (Vale do Rio Doce), Pedra Azul (Vale do Jequitinhonha) e Teófilo Otoni (Vale do Mucuri) confirmaram a informação de Rodrigo Said de que a situação está controlada.

Contudo, Adivete Santos Figueiredo, coordenadora de epidemologia da Superintendência Regional de Saúde de Teófilo Otoni, região que foi a mais afetada pela epidemia, destacou que é preciso mais cuidado com a vigilância de saúde.

A coordenadora destacou que, em setembro do último ano, houve a notificação de um macaco morto em uma pequena cidade da região. “Deslocamos uma equipe, recolhemos as carcaças, trouxemos para Belo Horizonte e fizemos as análises. Fizemos bloqueio vacinal no município e o resultado é que a epidemia veio meses depois, mas nesse município específico não foi registrado nenhum caso”, disse.

Adivete Figueiredo explicou que, quando a notícia da febre amarela se espalhou em janeiro, soube-se que mortes de macacos tinham sido observadas em toda a região, mas sem notificação. “A vigilância falhou”, criticou.

O deputado Antônio Jorge (PPS) também destacou a falha na vigilância, que, para ele, poderia ter evitado muitas mortes. Ele lembrou que a troca dos governos municipais no início do ano pode ter enfraquecido esse cuidado.

Chikungunya é preocupação em alguns municípios

A superintendente Regional de Saúde de Governador Valadares, Elice Eliane Ribeiro, confirmou o controle da febre amarela, mas relatou problemas sérios na região com a chikungunya.

Ela informou que foi necessário estender o tempo de atendimento das unidades de saúde e abrir um novo centro de atendimento, com funcionamento de 15 horas diárias. “Tivemos que contratar vários médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além de outros especialistas, como fisioterapeutas, porque a reabilitação é complicada. Algumas pessoas chegam a não conseguir andar”, relatou.

Elice reivindicou apoio financeiro do governo estadual para continuar com essas ações e para ampliar e melhorar os atendimentos. Em resposta, o representante da SES, Rodrigo Said, falou que o governo estadual já fez repasses financeiros e deslocou recursos humanos para ajudar a resolver o problema.

A superintendente reconheceu que a ajuda existiu, mas, de acordo com ela, não foi suficiente, uma vez que mais de 60% dos casos de chikungunya registrados em Minas Gerais estão no município de Governador Valadares, conforme acrescentou Elice.

O deputado Bonifácio Mourão (PSDB) concordou que, se o município está com mais casos da doença, é preciso revisar o repasse de recursos. O deputado Carlos Pimenta (PDT), por sua vez, disse que vários municípios têm sofrido com falta de recursos para saúde e cobrou da comissão um posicionamento frente ao cortes de verbas para a área, como anunciado pelo governo federal.

Autor do requerimento que deu origem à reunião, o deputado Doutor Jean Freire (PT) acredita ser preciso tratar os problemas da saúde de forma apartidária e enfrentar de frente as questões que se apresentam.

Consulte o resultado da reunião.