Machismo nas relações de trabalho em pauta na ALMG
Ciclo de debates nesta quinta-feira (30) terá painéis sobre enfrentamento da desigualdade entre homens e mulheres.
27/03/2017 - 18:02Por melhores que sejam as leis atuais, a cultura machista ainda permeia todas as camadas da sociedade. Esta é a avaliação da coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública de Mato Grosso, Rosana Leite Antunes de Barros, que participa, nesta quinta-feira (30/3/17), do Ciclo de Debates Pela Vida das Mulheres: Educação, Enfrentamento do Machismo e Garantia de Direitos, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Rosana enfatiza a necessidade de enfrentamendo do chamado machismo institucionalizado, que permeia as relações de trabalho, por exemplo. “Infelizmente ainda vivenciamos diversas formas de violência por parte de nossos empregadores. Mesmo com legislação e campanhas educativas, as mulheres são menosprezadas continuamente no ambiente de trabalho”, argumenta.
Ela acredita que o Legislativo tem um papel-chave na discussão de temas muitas vezes invisibilizados, como o machismo. “Propondo esse debate, a ALMG ajuda a fomentar políticas públicas afirmativas, demonstra engajamento e preocupação com essa causa”, afirma.
O evento - O Ciclo de Debates Pela Vida das Mulheres: Educação, Enfrentamento do Machismo e Garantia de Direitos pretende marcar o mês de março, no qual se comemora o Dia Internacional da Mulher.
O evento é fruto de demanda da bancada de mulheres da Assembleia, composta pelas deputadas Arlete Magalhães (PV), Celise Laviola (PMDB), Geisa Teixeira (PT), Ione Pinheiro (DEM), Marília Campos (PT) e Rosângela Reis (Pros).
O evento terá início às 14 horas, no Plenário, e estão previstos três painéis, nos quais serão abordadas questões como:
- A importância das discussões relativas a gênero e do enfrentamento da cultura do machismo na educação;
- O enfrentamento do machismo institucionalizado para garantir a participação da mulher nas instâncias de poder e decisão;
- O respeito às diversidades e garantias de direitos.
Consulte a programação completa.
Deputadas falam do desafio de acabar com o machismo
Para a deputada Marília Campos, o contexto atual de intolerância está levando os coletivos de mulheres a se organizarem contra o machismo e em defesa da manutenção de direitos básicos.
“As reformas que estão em pauta hoje vão ser piores para as mulheres; tanto a da Previdência, que eleva a idade para aposentadoria, quanto a trabalhista, que precariza as condições de trabalho. É hora das mulheres lutarem por seus direitos, por mais igualdade e pelo fim da discriminação salarial”, defende.
A deputada Ione Pinheiro acredita que o ciclo de debates será uma oportunidade para se propor um novo modelo de educação e cultura que focalize, sobretudo, o fim da cultura do machismo e a misoginia.
“Eles estão entranhados em nossa sociedade de tal forma que torna-se um grande desafio extirpá-los ou mesmo minimizar seus efeitos devastadores sobre as mulheres. Homens machistas já foram meninos inocentes que assimilaram de forma equivocada o papel da mulher na sociedade. Buscar meios de conscientizar pais e mães da importância do assunto também é essencial", afirma Ione Pinheiro.
Por sua vez, a deputada Geisa Teixeira reforça a necessidade de mais mulheres ocupando os espaços de poder. “O Brasil é um país onde as práticas machistas ainda são comuns, e no meio político não é diferente. Enfrentar o machismo em todas as instâncias é uma tarefa diária em casa, no trabalho, nas ruas e nas escolas”, comenta.
Na opinião da deputada Celise Laviola, o momento é de luta por direitos e de defesa da presença feminina na política. “São apenas seis mulheres dentre os 77 deputados da ALMG. Precisamos mudar essa realidade”, defende. A deputada Arlete Magalhães acrescenta que a sociedade teria muito a ganhar com uma maior participação feminina em todas as frentes.
Já a deputada Rosângela Reis relembra o trabalho da Comissão Extraordinária das Mulheres, encerrada em dezembro do ano passado. “Queremos o fim da tripla jornada de trabalho, da desigualdade nos espaços de poder e, principalmente, discutir a violência contra as mulheres, que muitas vezes nem aparece nos dados oficiais”, afirma.
Ela também enfatiza a necessidade de que as mobilizações extrapolem o mês de março. "Temos que continuar trabalhando bravamente para que nossas causas não sejam esquecidas”, completa.