Comissão de Desenvolvimento Econômico encaminhou as reivindicações dos taxistas ao Ministério Público do Trabalho
Adriana expliocou que o MPT só pode tomar alguma medida se comprovada irregularidade

Ministério Público do Trabalho vai investigar o Uber

Procuradora-chefe quer analisar relações de trabalho entre motoristas e aplicativo de transporte de passageiros.

16/12/2016 - 18:32

A criação de um grupo de trabalho que vai se dedicar a pesquisas sobre aplicativos para transporte de passageiros como o Uber foi anunciada pela procuradora-chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Minas Gerais, Adriana Augusta de Moura Souza, nesta sexta-feira (16/12/16). A iniciativa foi divulgada em visita da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e de representantes de taxistas à instituição.

A procuradora informou que o grupo, constituído por procuradores, irá estudar e investigar as relações de trabalho entre essas empresas e motoristas. Ela solicitou que associações da categoria presentes no encontro repassem, nos próximos dez dias, informações que já coletaram sobre o assunto para essa equipe regional, que irá subsidiar trabalhos que vêm sendo desenvolvidos por outro grupo que atua em nível nacional.

“Como se trata de empresas internacionais, é preciso um estudo mais amplo. Queremos saber se atuam contra nossas normas ou não”, explicou. Segundo a procuradora-chefe, o Ministério Público do Trabalho só pode tomar alguma medida caso sejam comprovadas irregularidades. ”Não podemos deixar que as relações de trabalho sejam precarizadas”, afirmou.

Ela informou, ainda, que o grupo regional deve concluir suas atividades em 60 dias após o início dos trabalhos.

Precarização - Para o superintendente regional do Ministério do Trabalho, João Carlos Gontijo de Amorim, há uma nítida precarização das relações de trabalho com a atividade desses aplicativos para transporte de passageiros. Ele criticou também a taxa de 25% do valor das corridas que fica para a empresa, no caso do Uber.

De acordo com o deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB), que preside a comissão da ALMG e solicitou a visita, essa taxa faz com que o Uber seja o grande beneficiado com o transporte, e não os motoristas. “Há uma concorrência desleal em relação aos taxistas”, acrescentou o parlamentar, que disse ainda não ser contra o serviço, desde que ele seja regulamentado.

Taxistas pedem iniciativas urgentes

Os representantes dos taxistas demonstraram preocupação com a possível inviabilidade do serviço que prestam, caso esse tipo de transporte continue a operar. Eles demandaram medidas urgentes. O integrante da Coopertaxi, Clauber Borges, relatou que o faturamento da cooperativa caiu 40% depois das atividades do Uber.

“Como pode uma empresa internacional chegar no País e ocupar, de qualquer forma, esse espaço?”, questionou. Em sua opinião, os taxistas enfrentam diversas exigências, enquanto o mesmo não ocorre com os motoristas da empresa.

Já o integrante do Uai Táxi, Flávio Simões, relatou que representantes de taxistas, do Uber e do poder público promoveram discussões que culminaram na Lei 10.900, de 2016, sancionada pelo prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. “Os representantes do aplicativo concordaram com tudo, mas depois não se consideraram atingidos pela medida”, criticou. Para ele, o Uber se sente acima da lei.

A norma municipal proíbe o funcionamento do Uber como ele é feito atualmente e prevê que os operadores de aplicativos devem trabalhar com motoristas e veículos detentores de permissão de serviço de transporte individual licenciado. Depois que a lei foi sancionada, decisão judicial autorizou a continuidade do serviço.

Segundo o integrante do Grupo Táxi Legal, André Maggi, esse tipo de aplicativo preenche requisitos que configuram vínculo empregatício do motorista com a empresa.

Reforçou as palavras de André a advogada do grupo, Janaina de Sousa e Silva. Ela destacou também que no CNPJ do Uber consta empresa de tecnologia. “Como uma empresa desse tipo pode prestar serviço de transporte? É uma forma de burlar as leis”, comentou.