Memórias Rompidas da TV Assembleia conquista premiação
O documentário participou do 33º Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo – 2016.
07/12/2016 - 18:10Wesley conta que a filha de cinco anos, Emanuely, estava “sem uma gota de lama do joelho para cima” quando lhe deu a mão. Minutos depois, ele só teve o tempo de dizer que a amava. O pai não viu mais a filha, que se misturou aos rejeitos que soterraram o distrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana (Região Central).
O relato de Wesley e os de outros moradores atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em novembro de 2015, compõem o documentário Memórias Rompidas, da TV Assembleia, premiado pelo 33º Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo – 2016.
A obra - que buscou narrar o maior desastre ambiental do País por meio dos depoimentos, das lembranças e fotografias daqueles que o vivenciaram - conquistou o 3º lugar na categoria documentário. A premiação é promovida, entre outras entidades, pela Ordem dos Advogados do Brasil – Rio Grande do Sul (OAB/RS).
Equipe - Participaram do trabalho o editor Erick Araújo, a produtora Tatiane Fontes, os cinegrafistas Alex Ramos, Antônio Pedroso e Thiago Phillip, e o assistente de câmera Wenderson Batista. Erick Araújo lembra que as entrevistas requereram tato: quase um ano depois de terem a vida devastada pela lama de rejeitos, os moradores de Bento Rodrigues se emocionaram ao falar de todas as perdas, dos familiares, das casas e ruas. O editor explica que esse era mesmo o objetivo do documentário: construir uma narrativa mais humanizada do acontecimento, já exaustivamente repercutido pela imprensa.
Para o editor, o trabalho trouxe aprendizados importantes do ponto de vista profissional e pessoal. “Era muito difícil voltar ao distrito, ver de perto apenas ruínas”, lamentou o servidor. Mas ele afirma que foi ainda mais impactante chegar em Paracatu e avistar os vestígios do que foi a cidade, uma vez que ela não foi totalmente encoberta.
O editor da TV Assembleia ressalta ainda que o documentário, também disponível em uma série de seis episódios, tem sido exibido em eventos promovidos pela ALMG ou em que a instituição é parceira. Erick contou que cerca de duas mil pessoas, participantes da Conferência Estadual de Educação, assistiram ao trabalho. Para ele, a obra tem obtido o reconhecimento do público, que também se sente tocados pelas memórias rompidas, mas não perdidas.