A audiência pública foi acompanhada por diversos servidores da área da saúde
Jorge Nahas (à direita) disse que está sendo concluído um estudo sobre o quadro funcional

Manutenção do número de leitos é meta da Fhemig

Afirmação é do presidente da fundação, que reconheceu problemas na rede. Sindicatos e servidores criticam situação.

05/07/2016 - 13:35 - Atualizado em 05/07/2016 - 14:42

O presidente da Fundação Hospitalar do Estado (Fhemig), Jorge Nahas, afirmou, aos deputados da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e a servidores e sindicalistas, que o principal esforço da rede, hoje, é para que não haja redução no número de leitos e serviços de atenção ambulatorial no Estado.

A declaração foi dada em audiência pública realizada nesta terça-feira (5/7/16), a pedido dos deputados Doutor Jean Freire (PT), Wander Borges (PSB) e Glaycon Franco (PV) e do deputado licenciado Ricardo Faria (PCdoB).

O gestor da Fhemig reconheceu que a rede enfrenta dificuldades. Segundo Jorge Nahas, são providas 80 mil internações por ano e a estrutura física é antiga e com capacidade limitada de recuperação. “São 12 mil funcionários, 20 unidades assistenciais e, naturalmente, os problemas existem. O esforço maior, hoje, é evitar a redução do número de leitos e atenções ambulatoriais”, afirmou.

Jorge Nahas ressaltou que o País vive grave crise financeira e econômica, o que deve ser levado em consideração diante do baixo investimento. Defendeu que os recursos são escassos e, portanto, devem ser manejados com cuidado. “Os pacientes são a prioridade. Nos vemos diante de problemas de toda ordem, mas participamos de mesas de negociação com os servidores e queremos que as questões sejam resolvidas”, ressaltou.

Em relação às demandas dos trabalhadores, o presidente da Fhemig alegou que aumento de quadro funcional e de salário, assim como alterações em jornada, dependem de autorização de outras secretarias de Estado. Apesar disso, anunciou que está sendo concluído um dimensionamento do número de funcionários necessários para que se promova o melhor gastos do recursos públicos.

“Não há ilusão de que tudo será resolvido de imediato, uma vez que a demanda do segmento da saúde é dinâmica. Tão pouco temos a intenção de reduzir efetivo, mas é preciso atuar com responsabilidade. Queremos uma rede tão ou mais eficiente que a do atendimento privado”, concluiu.

O presidente da comissão, deputado Arlen Santiago (PTB), reforçou que os problemas na Fhemig são graves. Ele destacou que a gestão é complexa e as dificuldades têm sido comprovadas por meio das várias visitas realizadas pela comissão a hospitais e colônias de hansenianos da rede. “Há deficiências importantes de estrutura e de pessoal. Defendo que o secretário de Fazenda seja criminalizado pela falta de repasses de recursos para o setor da saúde”, salientou.

O vice-presidente da comissão, deputado Carlos Pimenta (PDT), reiterou que os recursos são poucos e as demandas e reivindicações são muitas em Minas. Na opinião dele, a gestão dos hospitais está cada vez mais difícil, sobretudo porque o Estado estaria deixando de repassar mais de R$ 300 milhões para a saúde. “A execução orçamentária é de menos de 8%, o que deixa a administração hospitalar ainda mais complicada”, lamentou.

Sindicatos denunciam falta de diálogo e perseguições

O representante do Conselho Estadual de Saúde, Renato Barros, afirmou que tem recebido denúncias de diversas irregularidades na rede, tais como falta de gás de cozinha, leite para pacientes infantis, medicamentos e vale-transporte para os funcionários. Ele alertou para a previsão de perda de receita para o próximo ano e informou que vai participar de uma caravana em defesa do setor em Brasília.

A diretora do Sind-Saúde, Maria Lúcia Marcelo, lamentou o fato de a saúde em Minas Gerais estar vivendo seu pior momento em 30 anos. De acordo com ela, falta diálogo com os trabalhadores, uma vez que as mesas de negociação não encaminham as demandas da categoria. “Não há cuidado com aqueles que cuidam dos pacientes. O orçamento das unidades é muito baixo, o quadro funcional é limitado e há fechamento de leitos”, afirmou.

Denunciou, ainda, supostas perseguições a dirigentes sindicais pela presidência da Fhemig e que os trabalhadores estariam insatisfeitos com a gestão da rede. “Queremos redução de jornada sem redução salarial. Falta insumos básicos, como gás de cozinha, medicamentos e leite”, reforçou.

O diretor administrativo da Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais (Asthemg), Carlos Augusto Martins, ponderou que o objetivo da entidade é defender os direitos dos trabalhadores, mas, também, a qualidade do serviço prestado aos usuários.

“As denúncias vêm sendo feitas há muito tempo e a gestão da Fhemig não dá retorno. Foi cortada, para se ter uma ideia da gravidade da situação, a alimentação de plantonistas e acompanhantes nos hospitais do Estado”, relatou o diretor. 

Segurança – Já a diretora do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado (Sindipol/MG), Margareth Branco, denunciou problemas de segurança dentro dos hospitais da rede. Ela citou episódios como o de uma criança com paralisia cerebral que foi estuprada, o de um rapaz que sofreu assédio sexual e o de uma adolescente que ateou fogo ao próprio corpo dentro da rede Fhemig; e cobrou providência do presidente Jorge Nahas, tendo em vista que os casos ainda não foram solucionados.

Finalmente, a integrante do Conselho de Mães, Avós e Mulheres da Fhemig, Mônica Abreu, também criticou a gestão da atual da rede e acusou a fundação de colocar os usuários contra os trabalhadores nos casos de violência contra pacientes.

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