Após os 60 anos, proporção é de 80 homens para 100 mulheres
Dado foi mostrado em reunião nesta quarta (18) da Comissão do Idoso, que debateu a feminização da população idosa.
18/05/2016 - 20:13Até os 59 anos de idade, a proporção de homens em relação a mulheres é bastante equilibrada: são 99,2 do sexo masculino para cada 100 do sexo feminino. Esse número cai drasticamente após os 60 anos, com apenas 80,2 homens para cada 100 mulheres. Os dados referentes a população mundial são da Organização das Nações Unidas (ONU) e foram apresentados nesta quarta-feira (18/5/16) pelo presidente da Comissão Extraordinária do Idoso, deputado Isauro Calais (PMDB).
O parlamentar participou de audiência pública dessa comissão da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) solicitada por ele, pelo deputado Glaycon Franco (PV) e pela deputada Geisa Teixeira (PT). A reunião teve como objetivo debater a feminização da população idosa no Brasil, fenômeno demonstrado pelo redução do percentual de homens em relação a mulheres, à medida que a idade das pessoas avança.
Segundo Isauro Calais, a situação no Brasil em relação à feminização dos idosos é ainda mais grave, em função das mortes de homens causadas pela violência física. Ele avalia que, já na juventude, as mortes acometem mais a população masculina, devido ao envolvimento com a violência e com drogas, e ainda, devido as mortes no trânsito. Isso leva às mulheres a formarem atualmente 52% da população brasileira, sendo que a desproporção se acentua após os 60 anos, quando elas passam a 56%, e aos 70 anos, 60%.
“Um amigo meu de 70 anos descobriu que estava com câncer de próstata e se suicidou. Porque nunca tinha feito um exame preventivo de próstata”, relatou Isauro Calais, alertando para outra causa da redução de homens na idade avançada: a falta de cuidados com a saúde. Nesse sentido, o parlamentar defendeu o desenvolvimento de novas políticas públicas para atacar esses problemas e reverter o quadro atual.
Ao se aposentar, homem sofre perda maior que a mulher
A analista de Políticas Públicas da Coordenadoria Municipal de Direitos da Pessoa Idosa da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Sandra de Mendonça Mallet, afirmou que, em média, as mulheres vivem sete anos a mais que os homens. Para ela, isso se deve aos papéis sociais diferentes dos dois sexos. De acordo com Sandra, a mulher, quando se aposenta, adapta as funções que já exercia em sua dupla ou tripla jornada, passando a utilizá-las em outros espaços. “A mulher é tradicionalmente a cuidadora do lar. Já o homem, quando se aposenta, sofre uma perda muito maior”, completou.
Em relação à violência, a mulher é mais vítima dentro de casa. No caso do homem, a violência é maior fora de casa, afirma Sandra. Isso fica evidente, segundo ela, pela proporção feminina de 70% quando o assunto é violência doméstica. Nesse sentido, defendeu que seja repactuado entre os órgãos que lidam com esse problema o papel de cada um. “A violência doméstica não pode ser uma 'batata quente' que os órgãos fiquem empurrando um para o outro”, disse. Ela acrescentou que a PBH acaba assumindo, muitas vezes, o papel de resolver conflitos envolvendo a violência doméstica, o que seria a função da Delegacia da Mulher.
Especificamente sobre a violência contra idosos, Sandra realçou que é necessário trabalhar em dois eixos estruturantes: de prevenção, empoderando a pessoa idosa; e de combate ao mau tratamento dado a esse público. Para ele, todo esse trabalho tem que ser feito em rede pelos vários órgãos que atuam nessa área, além da Prefeitura, como o Ministério Público, a Justiça, as Polícias.
Empoderamento - Já Maria Fontana Maia, coordenadora Municipal de Direitos da Pessoa Idosa da PBH, falou sobre as políticas locais de empoderamento e promoção do envelhecimento saudável e digno. “Se valorizarmos a autonomia e a capacidade de cada idoso, será uma pessoa a menos para ser cuidada no futuro”, reforçou ela, lembrando que Belo Horizonte tem hoje 308 mil idosos.
Entre os projetos municipais para atender a essa premissa, Maria Fontana destacou o Maior Cuidado, que prevê a contratação de cuidador pela PBH para atuar na casa do idoso. Citou também o kit banheiro seguro, em que é feita a instalação gratuita de equipamentos no banheiro das casas de idosos carentes, incluindo barras de segurança, mudança de piso e maçanetas, elevação de vaso sanitário, entre outros.
A coordenadora abordou ainda o atendimento ofertado pela PBH nas Instituições de Longa Permanência do Idoso (ILPI). Conforme relatou, hoje são atendidos 562 idosos independentes, 1.190 semidependentes e 1.786 dependentes. Ela acrescentou que as 22 ILPIs da Prefeitura estão sendo reformadas. Maria Fontana divulgou ainda o Centro de Referência da Pessoa Idosa, um espaço com 18 mil metros que atende 60 pessoas diariamente em 30 atividades diferentes, como aulas de violão, teatro, entre outras.
A deputada Geisa Teixeira (PT) se ateve à violência contra a mulher idosa. Na opinião dela, fica evidente a falta de proteção a esse público. “A primeira parcela de violência contra a idosa, muitas vezes, é praticada pelos próprios filhos, pelo companheiro, pelo cuidador. Temos que adotar políticas públicas para essa parcela da população”, defendeu.
Já o deputado Cristiano Silveira (PT), mostrou-se preocupado com a redução gradual da população jovem no Brasil. “Seremos um país com custo assistencial muito alto e quem vai pagar essa conta?”, questionou. Ele destacou que em 2.040, haverá no País 6,2 milhões de mulheres a mais que homens, numa proporção de 100 daquelas para cada 79 destes.
Requerimentos - Ao final da reunião, foram aprovados dois requerimentos de autoria do deputado Isauro Calais em relação ao tema tratado. Ele solicitou providências às Secretarias de Estado de Saúde e de Planejamento e Gestão, no sentido de criarem um programa estadual de cuidadores de idosos, para apoiar os municípios. O outro requerimento é um pedido à Secretaria de Estado de Trabalho para que crie programas de cuidado ao idoso dependente.