Acessibilidade ambiental é defendida em Comissão do Idoso
Especialistas falaram da importância de se prevenir acidentes e de se pensar as pessoas mais velhas como independentes.
06/04/2016 - 20:04A importância de se planejar a acessibilidade ambiental para que os idosos tenham mais qualidade de vida foi ressaltada em reunião da Comissão Extraordinária do Idoso da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta quarta-feira (6/4/16). Especialistas falaram do preconceito enfrentado pelos idosos e da necessidade de se pensar as pessoas com mais de 60 anos como atuantes e independentes dentro da sociedade.
O especialista em acessibilidade, arquiteto e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Marcelo Pinto Guimarães, frisou que a previsão é de que, em 2050, 25% da população brasileira seja idosa e que a sociedade não está preparada para essa perspectiva. “Precisamos pensar em qualidade de vida, que envolva atividades e a presença deles conosco, morando bem e em ambientes de qualidade. Isso passa por planejamento sistêmico, gestão das cidades e projeto adequado para casas e edifícios”, defendeu.
O professor sugeriu à comissão a criação de um plano estadual específico sobre acessibilidade ambiental; o intercâmbio de informações por parte do Estado na montagem dos programas municipais de acessibilidade; e a criação de insumos fiscais e apoio institucional, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), ao desenvolvimento tecnológico e comercialização de equipamentos de suporte para atividades da vida diária.
“Precisamos ter a mentalidade de um lar acessível desde o projeto, já que assim fica mais barato do que a adaptação do imóvel depois. A maior parte dos mineiros é responsável pelas obras em suas casas e o preço médio de um projeto arquitetônico está em torno de R$ 4,6 mil. Se pensar nos benefícios futuros, seria um gasto válido porque envelhecer com dignidade passa pelo planejamento dos espaços para que as pessoas vivam bem”, analisou.
O presidente da Associação de Cuidadores de Idosos de Minas Gerais, Jorge Roberto Afonso de Souza Silva, chamou a atenção para a necessidade de prevenção das quedas e o isolamento social que as pessoas mais velhas enfrentam. “A cada três idosos, um sofrerá uma queda. Precisamos mudar nossa mentalidade, não é normal o idoso cair, envelhecer não significa adoecer. Sessenta por cento das quedas acontecem nos lares, sendo a maior parte no banheiro. E 80% deles ainda são independentes para realizar as atividades corriqueiras”, ponderou.
Jorge Roberto chamou atenção ainda também para o fato de que, seja em condições precárias ou em apartamentos modernos, quando passam a precisar de cuidados, os espaços não estão preparados para os idosos. “Sinto que estamos retrocedendo porque, nos prédios antigos, apesar das escadas, os apartamentos tinham mais espaço, corredores e portas largos. Hoje, nos banheiros não cabem uma cadeira de banho, não entra uma maca de ambulância, emergências não podem acontecer ali. O ambiente precisava ser pensado de forma a facilitar mais o deslocamento e o dia a dia das pessoas mais velhas”, acrescentou.
Legislação - O presidente da comissão e um dos autores do requerimento para a reunião, deputado Isauro Calais (PMDB), questionou por que não existe nenhuma legislação que obrigue, por lei, as moradias a já serem pensadas, desde o projeto, com adaptações para idosos e pessoas com deficiência. “O envelhecimento está muito mais rápido do que as providências do poder público”, criticou. Ele também chamou a atenção para a necessidade de mobilização da sociedade em torno da prevenção de acidentes nesta faixa etária. “Todos devem fazer a sua parte para mudar a concepção sobre aqueles com mais de 60 anos, o poder público e todos os mineiros”, disse.
Também autor do requerimento, o deputado Glaycon Franco (PV) destacou o fato de que a maior parte dos municípios mineiros não tem programa de acessibilidade, nem conselho do idoso, além de faltarem políticas públicas para garantir a qualidade de vida dessas pessoas. “Todos seremos idosos um dia. Por isso, passou da hora de pensarmos em um plano estadual da acessibilidade. E essa Comissão trabalhará para isso”, concluiu.