A Comissão de Meio Ambiente pretende que o plano prometido para maio seja apresentado em nova audiência na ALMG
O prefeito de Esmeraldas cobrou melhorias no atendimento de servidores da Copasa à população local
A presidente da Copasa lembrou que 2015 foi um ano difícil, diante do baixo volume de água do Sistema Paraopeba

Presidente da Copasa anuncia melhorias na RMBH

Empresa ouve cobranças sobre abastecimento e informa que apresentará plano para Esmeraldas, em situação mais crítica.

02/03/2016 - 15:50

Vencida a crise hídrica que marcou 2015, este ano a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) está empenhada em resolver problemas locais de saneamento e abastecimento de água, mas dentro de sua disponibilidade orçamentária. Foi o que acenou a presidente da empresa, Sinara Inácio Meireles Chenna, após ouvir, nesta quarta-feira (2/3/16), relatos sobre a precariedade de abastecimento na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), com destaque para o município de Esmeraldas.

Durante audiência sobre o assunto, na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a presidente e gestores da Copasa reconheceram que a situação de Esmeraldas é das mais críticas na RMBH e confirmaram que em maio, como previsto, será apresentado um plano para a cidade. “Esmeraldas terá prioridade nas ações da empresa na Região Metropolitana”, assegurou o diretor de operação metropolitana da companhia, Rômulo Thomaz Perilli, a deputados, lideranças comunitárias e gestores municipais que cobraram melhorias anteriormente prometidas para a cidade.

Segundo frisou a deputada Marília Campos (PT), que solicitou a audiência, das 34 cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, somente nove têm garantida a coleta domiciliar de esgoto, sendo que em Esmeraldas somente 17% da população teriam rede de esgoto. “Uma situação crítica, que afeta a qualidade de vida”, criticou. Quanto ao abastecimento de água, a deputada destacou que vários bairros sofrem com a falta d'água ou com cortes constantes no fornecimento, sendo boa parte da população dependente de carros-pipa.

Reunião na comunidade – A Comissão de Meio Ambiente pretende que o plano esperado para maio seja apresentado em nova audiência na ALMG, conforme requerimento que será votado pelos deputados. Até lá, foi acatada proposta da deputada para que um grupo de trabalho, integrado por Prefeitura, Câmara e Copasa, seja formado e que se reúna em Esmeraldas antes de maio, já para dar início à discussão de propostas.

A reunião foi agenda para 15 de abril e a proposta é que sejam realizados encontros mensais. “É importante termos ações pactuadas conjuntamente na ponta”, observou a presidente da Copasa. Segundo ela, a empresa se empenhará na busca de recursos, inclusive externos se for o caso, para implementar ações necessárias.

População está cansada de esperar, diz prefeito

O prefeito de Esmeraldas, Glacialdo de Souza Ferreira, disse que existe uma expectativa grande da população de que se tenha pelo menos um atendimento mínimo da Copasa na cidade. “Este foi inclusive o único pedido levado ao governador em reunião com prefeitos na época da crise da água, quando dissemos que não se pode economizar o que não se tem. Nossos números são vergonhosos”, afirmou Glacialdo.

Para o prefeito, furar mais poços artesianos para abastecer a cidade, como pretenderia a Copasa, seria uma solução imediata. “Mas ainda é preciso fazer funcionar os poços que já estão perfurados e não funcionam”, frisou. Ele também cobrou melhorias no atendimento local prestado por servidores da Copasa quando procurados pela população. E manifestou preocupação com a Estação de Tratamento de Santa Quitéria, no centro de Esmeraldas, que, segundo relatou, já exala odor ruim mesmo com poucas ligações ainda feitas na unidade.

O vereador de Esmeraldas Ronaldo Alves de Oliveira Brandão acrescentou que há fossas vazando em escolas e bairros que periodicamente ainda ficam mais de quatro dias sem água devido à precariedade do abastecimento. "Reconhecemos as dificuldades da Copasa hoje e que há problemas anteriores. Mas são quase 20 anos de concessão e não podemos mais esperar".

Copasa antecipa medidas e informa sobre reservatórios

Segundo o diretor de operação metropolitana da Copasa, Rômulo Thomaz Perilli, o uso de caminhões-pipa pela empresa em Esmeraldas precisa ser eliminado tanto para melhorar o serviço para a população como também pelo custo alto que acarreta para a empresa. A Copasa, segundo antecipou Rômulo Perilli, já estuda a extensão do sistema integrado de abastecimeno da empresa para Esmeraldas, prolongando adutoras ao longo da BR-040. Contudo, esta seria uma ação de médio ou longo prazo, por demandar recursos vultuosos, afirmou ele. A curto prazo, seria possível a melhoria de atendimento pelos poços artesianos, afirmou.

A presidente da Copasa, por sua vez, lembrou que 2015 foi um ano difícil para a empresa, diante do baixo volume de água do Sistema Paraopeba, que abastece 50% da população da RMBH e que passou por obras em curto prazo para que fosse evitado um colapso na região.

Segundo Sinara, as obras e a colaboração da população reverteram a situação. Neste mesmo dia 2 de março do ano passado, tinha-se 33% de volume de água acumulada no reservatório do Sistema Paraopeba, volume que este ano aumentou para 49,9%, informou. “É uma situação mais confortável, mas ainda é uma situação de baixa, considerando registros históricos de 77% em 2014 e de 91% em 2013”, frisou.

A presidente da Copasa disse ainda que a campanha contra o desperdício foi necessária em 2015 e contribuiu para a redução de 15% no consumo de água na crise, mas que ao mesmo tempo reduziu receitas da empresa, levada a rever e priorizar investimentos para 2016.

Considerando que a Copasa fez o esforço necessário para minimizar os efeitos da crise hídrica, o deputado Cássio Soares (PSD), presidente da comissão, defendeu que este ano não sejam abandonadas ações de reeducação da população para o uso racional da água. Já o deputado Inácio Franco (PV), vice-presidente, observou que a falta de investimentos em abastecimento e saneamento é um problema que vem se arrastando por governos anteriores, resultando em privatizações do sistema em vários municípios. “Situação semelhante foi vivida no município de Pará de Minas”, citou.

Contagem - Durante a audiência, vereadores e moradores de Contagem (RMBH) também relataram problemas no município, entre eles o do mau cheiro que exala da Estação de Tratamento de Esgoto de Nova Contagem. Segundo a Copasa, uma alternativa de solução será implementada neste mês de março e, se funcionar, ainda em março será dado o sinal verde para duplicar a estação. A deputada Marília Campos citou ainda preocupação com a preservação da lagoa de Várzea das Flores e com intervenções que seriam necessárias para atender o bairro Tupi.

Consulte o resultado da reunião.