Participantes da reunião defenderam, também, um debate sobre a situação do Ipsemg, que estaria em crise financeiras e de gestão

Servidores da Fhemig voltam a pedir melhorias ao governo

Audiência é quinto encontro na ALMG para tratar dos problemas que atingem a rede de saúde pública do Estado.

02/03/2016 - 14:35

Servidores públicos, sindicalistas e ativistas de diretos humanos renovaram, em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), as cobranças ao Governo do Estado por soluções aos problemas de gestão e financeiros que afetam o atendimento e funcionamento da Fundação Hospitalar do Estado (Fhemig). A reunião, realizada nesta quarta-feira (2/3/16) e solicitada pelo presidente da comissão, deputado Arlen Santiago (PTB), é a quinta para tratar das dificuldades enfrentadas por funcionários e pacientes da rede.

A professora e ativista de direitos humanos, Mônica Fernandes de Abreu, criticou as ações do governo, que considerou contra a dignidade dos servidores e pacientes da Fhemig. Em sua fala, lembrou as várias audiências, reuniões e denúncias feitas contra a direção da fundação, mas que ainda não teriam sido apuradas ou solucionadas. “O governo está confundindo a humildade das pessoas com ignorância e vem agindo no sentido de enganar a população”, disse. Mônica citou, ainda, situações que demonstram as dificuldades enfrentadas em colônias de hansenianos no Estado.

A representante da entidade Mães da Fhemig, Marília Coutinho, também cobrou do governo que tome providências para solucionar os problemas da rede. O grupo, que reúne mães de crianças atendidas na rede, lamenta o descumprimento do Estado para com os direitos fundamentais dos servidores, trabalhadores e a população em geral. “As pessoas não acreditam mais na política e estão desesperançosas”, salientou Marília.

A vice-presidente da Federação das Mulheres Mineiras, Dina Elisa Correia Santos, disse estar indignada pelo fato de haver casos de “monstruosidades” cometidas contra crianças, em especial àquelas em situação de vulnerabilidade e com deficiência, sem que nada seja feito. Para ela, o mais grave é o fato de não ter sido mostrado interesse do governo em apurar os crimes cometidos na Fhemig.

O presidente da Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais (Asthemg), Carlos Augusto Martins Passos, alegou que o Estado estaria querendo ganhar tempo para não atender as demandas dos servidores. De acordo com ele, há indiferença com o que tem sido solicitado para a Fhemig e as denúncias não são mais analisadas. “Sugiro à ALMG que peça a interdição dos hospitais da rede e a criminalização dos diretores dos estabelecimentos”, aconselhou o presidente da Asthemg.

Ipsemg – Sindicalistas presentes na reunião defenderam, também, um debate mais aprofundado sobre a situação do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), que estaria em crise financeiras e de gestão.

O diretor do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público (Sindipublicos), Geraldo Antônio da Conceição, constatou que a situação da saúde no País é grave. Ele criticou ainda a atuação da atual gestão em Minas Gerais, especificamente nas áreas de segurança e saúde pública, e denunciou a retração do atendimento do Ipsemg em diversas cidades do Estado, assim como a falta de transparência na gestão do instituto.

Neste sentido, o representante do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol), Cláudio de Souza Pereira, reforçou que o governo precisa atendar com urgência às demandas dos servidores do Ipsemg, que estariam em situação dramática.

Parlamentares pedem providências e cobram apoio

O deputado Arlen Santiago explicou que a insistência no tema pela Comissão de Saúde se dá pelo longo sofrimento de quem trabalha e depende da rede. Para ele, o governo tem ouvido as demandas, mas não faz nada para melhorar a situação. “Obras estão paralisadas, os investimentos e melhorias suspensos e as colônias de hansenianos abandonadas pelo Estado”, lamentou. O parlamentar cobrou, ainda, apoio dos deputados da base de governo na aprovação de pedidos de providência apresentados pela comissão.

O deputado Carlos Pimenta (PDT) fez coro às palavras do colega e disse que a comissão tem tido dificuldades para aprovar requerimentos devido a questões políticas. O parlamentar citou, também, o crescimento dos casos de dengue, zika e microcefalia, e afirmou que o Estado não teria agido como deveria. “A saúde pública de Minas Gerais entrou em colapso e não conta com o apoio da União. A rede Fhemig é importante, mas tem sido duramente prejudicada pelo descaso do governo”, salientou.

Encaminhamentos – Os deputados apresentaram diversos requerimentos, mas que não foram aprovados por falta de quórum. Entre as solicitações, estão o direcionamento das gratificações dos secretários da Cemig para as colônias de hansenianos; o convite para que parlamentares que fizeram audiência pública em Três Corações (Sul de Minas), em 2014, esclareçam se pediram para que os serviços de água e luz passassem a ser cobrados pelos moradores da colônia da cidade; e a realização de uma audiência pública para debater assistência à saúde do Ipsemg e as dificuldades de gestão do instituto.

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